Mas o problema, em meu entender, é que a maioria dos católicos que conheço nunca abriu a Bíblia, acredita que os evangelhos são uma antologia de bons conselhos, indiscutível e universalmente bons, e que a relação destes católicos com a igreja consiste em frequentarem as cerimónias dos casamentos e baptisados dos amigos e, mais importante, as missas dos enterros, que os confortam com a ideia de que as coisas que acontecem têm sentido e razão de ser e que os mortos vão para um mundo melhor onde nos poderemos todos encontrar daqui a muito tempo (o filme de Ricky Gervais, "The Invention of Lying" ilustra esta parte eloquentemente).
Estes católicos acham que os padres são seres humanos e por isso não são perfeitos, mas que a Igreja é uma organização fundamentalmente boa e moral, que promove os ideais humanistas do Renascimento e faz o que pode para melhorar a sociedade todos os dias.
Nunca pensaram na Igreja Católica como uma organização internacional com milhões de Euros de encargos mensais, que precisa de muito poder e muito dinheiro para sobreviver no mundo extremamente complexo da política e da finança internacionais.
Se virmos a questão dos crucifixos por este prisma, é tão imoral ter crucifixos nas escolas como cartazes da Procter & Gamble, ou da Apple. Independentemente da qualidade dos sabões da P&G, ou da qualidade dos computadores e dos i-phones da Apple.
Acresce que, analisada objectivamente, a qualidade do serviço da Igreja, nos últimos 1500 anos, é má: pogroms, autos de fé, excomunhões, abusos de poder, guerras, invasões, crusadas, um index para livros científicos, negociatas com a Máfia, padres camorristas, pedófilos, drogrados, ladrões, assassinos, colaboracionistas, tarados sexuais, o rol das desgraças é interminável.
Neste contexto, por muito que pareça a todos os agnósticos que em Portugal se consideram "católicos não praticantes" que esta questão é irrelevante, o que está em causa é a defesa da democracia, do estado de direito e da transparência das relações entre o Estado e a ICAAR.
12 comentários :
Caro Filipe
A violência da sua linguagem adequa-se ao estilo dos profetas do Antigo Testamento. Só falta lançar os cristãos na fogueira. Há aí um espírito inquisitorial assustador. Eu que sou cristão católico até fico aliviado por o Filipe ser ateu.
Não vejo onde está a violência verbal. Só se for no último parágrafo, mas tudo o que lá está tem exemplos bem conhecidos.
Não acha estranho o Filipe falar em 1500 e não em 2000 anos? Será que o único período bom da Igreja foi quando os cristãos eram comida de leão no coliseu de Roma?
:o) Eu não falo nos primeiros 500 anos porque acho que a ICCAR não tem nada a ver com as brutalidades horríveis desses séculos, as invenções dos sítios bíblicos, as guerras entre facções, a repressão brutal da espiritualidade, da liberdade de culto e até da filosofia em todo o império romano...
A igreja cristã só existe desde o concílio de Niceia. Antes, havia um movimento religioso, mas não estruturado, e portanto sem uma teologia uniformizada nem uma estrutura de poder.
Já passou em Portugal o filme do Ricky Gervais "The Invention of Lying"?
Ah, não? Nunca leu as cartas de Paulo, Ricardo?
Li sim, António. Em qual delas é que aparece um Papa estabelecido em Roma e infalível?
Em nenhuma. E o que tem isso a ver com os primeiros 500 anos?
Eu espero que a Igreja Católica não se reclame herdeira do espírito dos primeiros 500 anos e das depurações das "heresias", que fazem do Zé Estaline um menino de coro.
Filipe
Seu Zé Estaline é inultrapassável. Ninguém rejeita o mau da Igreja Católica. Pelo menos eu não o faço. Não me sinto responsável por nada do que aconteceu porque até lido muito mal com o conceito de pecado original mas considero que o passado serve-nos sempre de lição para não o repetirmos no futuro quando ele nos envergonha.
No seu caso, como não o conheço, ainda não sei qual é a sua posição política e ideológica para ver que esqueletos tem dentro do armário. Espero conhecê-los pouco a pouco dando que montei a tenda aqui nesta caixa de comentários e salvo qualquer pedido explítico para me ir embora vou ficar aqui pelo menos 3 anos (não é uma ameaça... :-)).
Antonio:
Depois de ter chamado religioso a Jonh Lennon, so faltava chamar comunista o Filipe Castro, eh!eh!eh!
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