O DIAP informou ontem que foram acusados três arguidos do recente caso das «secretinhas». Acusados dos crimes de «acesso ilegítimo agravado, abuso de poder, violação do segredo de Estado e corrupção passiva e ativa para ato ilícito». Note-se: um deles é o pomposo ex-director do não menos pomposo «Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa». Director.
Vou repetir a minha repetição: há anos que aviso. O problema não é de esquerda nem de direita. É de República. A pretexto do 11 de Setembro, as democracias deixaram crescer um monstro destinado teoricamente a vigiar islamistas mas que rapidamente se dedicou a vigiar tudo e todos. Em Portugal, o ovo saiu da serpente com Barroso, cresceu com Sócrates e tem engordado com Coelho. Os governos permitiram que uma quadrilha de criminosos entrasse no Estado, criasse uma cultura de abuso de poder e troca de favores, e que cometesse actos à margem da lei ou abertamente criminosos, com a «desculpa» de que o mundo estava em perigo por causa do sr. Laden (já morreu, sabiam?). Até lhes deram força quando a quadrilha reivindicou a alteração da Constituição para poder fazer escutas sem mandado legal. A pretexto dos islamistas, iam poder escutar Conselhos de Administração. E vender a informação por bom preço. Talvez, quem sabe, ainda tenham escutado partidos, sindicatos e associações.
Infelizmente, tarda-se em tirar conclusões. O Parlamento ainda há meses achou normal que um fiscalizador das «secretas» prometesse não fiscalizar: elegeu-o. E, como se sabe, nos últimos meses os relatórios alarmistas produzidos pelos lunáticos do Forte da Ameixoeira têm piorado gravemente a relação entre a polícia e os cidadãos, ajudando a uma escalada que pode acabar com mortos nas ruas. O SIS e o SIED são causa de insegurança. A única boa solução é extinguir estes serviços do Estado (que não são, insista-se, serviços públicos).
E um dia talvez ainda se descubra que em 2006 um certo Sofiane Laib foi torturado em calabouços lá para Plovdiv pelos esbirros do SIS, levado de Portugal. Por «funcionários públicos» portugueses.
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