segunda-feira, 12 de abril de 2010

Homenagear Spínola?


A Câmara Municipal de Lisboa deu o nome de Avenida Marechal António de Spínola à via rápida que prolonga a Avenida Estados Unidos da América. A ideia fora de João Soares, Santana Lopes ratificou-a e António Costa concretizou. O socialista presidente da Câmara da capital promete agora erigir uma estátua ao homem do monóculo.

Sim, eu sei. Foi Presidente da República depois do 25 de Abril, na sequência do seu papel relevante nas movimentações que levaram ao triunfo do MFA, e de uma actividade oposicionista que data, pelo menos, de 1973. Mas.

Enquanto Presidente da República, não tentou garantir uma transição pacífica nem serenar os ânimos. Pelo contrário, desestabilizou o processo, quer a 28 de Setembro de 1974, quer a 11 de Março de 1975. E não hesitou em colaborar com uma organização terrorista de extrema-direita, que cometeu crimes de sangue em território português. Como em 1970 não hesitara em fazer uma incursão militar em território estrangeiro. São métodos e práticas que dificilmente se podem considerar inspiradores para os presidentes de uma República democrática. Se estivemos próximos de uma guerra civil, a ele o devemos. Se a evitámos, devemo-lo a Costa Gomes e Melo Antunes. Acho eu.

O actual presidente, pelo contrário, acha que Spínola «lutou por um Portugal verdadeiramente democrático e pela construção de um Estado de Direito assente no respeito pela dignidade da pessoa humana». Mas o projecto político de Spínola, em bom rigor, não era a democracia europeia e pluralista que hoje temos. Pretendia uma federação com as colónias, o que seria impossível e não teria permitido a adesão à União Europeia. E tentou evitar que os partidos comunistas fossem legalizados. E já nem falo de ter estado junto do Exército nazi na frente leste, lá por 1941. Ou de ter sido voluntário para Angola, em 1961. As pessoas mudam, e terá sido para melhor. Mas. Homenageá-lo?

61 comentários :

Anónimo disse...

E não o preocupa termos ruas em Portugal que se chamam "Lenine" ou "Che GUevara"?

Como comunismo e nazismo são a mesma porcaria, com os mesmos métodos, veja lá isso..

dorean paxorales disse...

há um ponto que referes que é absolutamente indiscutível: a urss estava pouco interessada em fazer o jogo de kissinger (a teoria da vacina) e sem costa gomes a revolução armada dificilmente teria sido impedida.

Ricardo Alves disse...

Jairo
em primeiro lugar não conheço nenhuma rua (nem viela) com o nome «lenine» em Portugal. Numa busca rápida no google, encontrei uma «Rua Che Guevara» na Amadora, e é tudo.

Mas aqui não é a simples questão do nome da rua.

Ponto um: esta homenagem contou com o Presidente da República.

Ponto dois: promete-se uma estátua.

Ponto três: as declarações produzidas são, no mínimo, polémicas.

Ricardo Alves disse...

Dorean,
um dos meus pontos é precisamente que se evitámos uma guerra civil, a Costa Gomes o devemos. Spínola, pelo contrário, tudo fez para a fomentar.

Hugo Brás Da Costa disse...

Para o Ricardo: http://maps.google.com/maps?f=q&source=s_q&hl=en&q=R.+Vladimir+Ilitch+Lenine+1,+Salva%C3%A7%C3%A3o,+2625+Vila+Franca+de+Xira,+Lisbon,+Portugal&sll=29.53523,-43.066406&sspn=92.733434,158.027344&ie=UTF8&cd=2&geocode=FUH3UAIdS1t1_w&split=0&hq=&hnear=R.+Vladimir+Ilitch+Lenine+1,+Vila+Franca+de+Xira,+Portugal&ll=38.860609,-9.086133&spn=1.422187,2.469177&t=h&z=9

NG disse...

Ricardo,

"Pretendia uma federação com as colónias, o que seria impossível"

Acho que terá que se esforçar um pouco mais para provar que outros desenvolvimentos no relacionamento com as ex-colónias não teriam evitado muitas mortes, sofrimento e miséria em África e não teriam impedido a evolução da economia portuguesa para a situação de pré-bancarrota em que se encontra e a irrelevância política em que se tornou.

Anónimo disse...

Exacto, Yazata, Bairro das Bragadas, Póvoa de Santa Iria. Rua Lenine e Rua Che Guevara. Agora é só esperar que o Ricardo faça um post a criticar essa vergonha.


Sobre homaagens, quem dá Vivas ao tirano Afonso Costa e à criminosa I República, não tem moral alguma para criticar qualquer homenagem.

Anónimo disse...

O Nuno Gaspar tem razão. Os socialistas e comunas entregaram povos africanos portugueses há quinhentos anos ( não há quinhentos dias), nas mãos dos americanos, soviéticos e cubanos.

Expulsaram cidadãos das suas propriedades e negócios; entregando-os a regimes comunistas e deixando os que lá ficaram à mercê de guerras civis.

13 anos de acção militar para combater guerrilha terrorista (é preciso referir a chacina macabra de brancos e pretos pelos assassinos da UPA?); são diabolizados sem qualquer rigor histórico e noção da realidade.
Mas 30 anos de Guerra Civil em alguns desses territórios( portugueses durante 500 anos e abandonados do dia para a noite), já não choca os esquerdistas.

Anónimo disse...

Este blog está a revelar a sua veia fundamentalista, extremista e intolerante. Qual é a organização de extrema-direita a que se refere? E ocultou a parte das FP 25 de Abril, essa estrutura da extrema esquerda que fez derramar sangue e roubou, porquê?

Reparo que segue este velho lema comunista: "Repita uma mentira muitas vezes até que esta se torne uma verdade".

Anónimo disse...

Olha, bem visto.

Um rua com o nome Otelo Saraiva de Carvalho ou um indulto presidencial a esse senhor não seriam mais graves do que homenagear Spínola?

Nem por acaso, Spníola também diabolizado num livro qualquer..um tal de "Alvorada em Abril"...

Ricardo Alves disse...

Obrigado, Yazata. Há portanto uma rua Vladimir Ilitch Lenine em Póvoa de Santa Iria, Vila Franca de Xira.

Maquiavel disse...

Este fascista pouco disfarçado só em Portugal seria homenageado, se ele fosse assim täo polido faria como o grande Salgueiro Maia (que deveria ser General), que cumpriu a sua missäo e voltou ao quartel. Este näo fez nada, apoderou-se do Poder quando Salgueiro Maia lhe entregou a papinha feita e nem para ele olhou. Um nojo.

Se a este pulha tecem estas loas, o que teräo de dizer do Marechal Costa Gomes? Naturalmente faräo dele um santo, visto ter impedido uma guerra civil!

Espero que um dia essa Avenida seja a Av. Tenente-Coronel Salgueiro Maia, a quem realmente devemos a liberdade!!!

Ricardo Alves disse...

Jairo,

parece-me que não entendeu à primeira, por isso vou explicar outra vez.

1) Não tenho conhecimento de que o Presidente da República tenha emprestado a sua dignidade à inauguração da «Rua Che Guevara» na Reboleira, ou da «Rua Lenine» na Póvoa de Santa Iria. Cavaco foi à inauguração da Avenida António Spínola em Lisboa.

2) Não tenho conhecimento de que estejam prometidas estátuas de Lenine ou de Che Guevara em Vila Franca de Xira ou na Póvoa de Santa Iria. Está prometida uma estátua a Spínola em Lisboa.

3) Cavaco Silva afirmou que António de Spínola «lutou por um Portugal verdadeiramente democrático e pela construção de um Estado de Direito assente no respeito pela dignidade da pessoa humana».

Ricardo Alves disse...

Nuno Gaspar,

em 1974, as únicas opções em cima da mesa eram a continuação da guerra ou a independência das colónias. Não havia terceira via. Foi isso mesmo que vários líderes da Europa democrática disseram, em 1974 e 1975, a quem quer que tivesse o poder em Portugal. A ONU dizia a mesma coisa. Já não havia outra saída. Podemos fazer muita retro-futurologia («what if?»), mas a verdade é essa. Leia aqui:

http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/spinola-foi-sempre-muito-perseguido-pelo-seu-passado_1431491

«E destacava-se ainda a pressão internacional, que era muito forte: a ONU e a OUA [Organização de Unidade Africana] incitavam os movimentos a não aceitarem o cessar-fogo sem garantias de independência; e Soares, no MNE, ouvia dos chefes de governos dos principais países da Europa Ocidental que Portugal precisava de descolonizar rapidamente, que o mundo estava à espera dessa acção.»

Ricardo Alves disse...

Anónimo das 1:45,

referia-me ao MDLP/ELP. (Não era extrema-direita?)

E não percebo o que vêm as FPs-25A fazer aqui: Cavaco não disse que Otelo se batia pela democracia tal como a temos hoje. Mas disse isso de Spínola.

NG disse...

"Podemos fazer muita retro-futurologia"

É o que você faz ao dizer que não havia alternativa, Ricardo. O que se passou a seguir e a situação em que estamos nós sabemos. Você não está em boas condições para dizer que quem propôs na altura um caminho diferente estava errado.

Ricardo Alves disse...

Nuno,
mas foi o que toda a gente disse na altura. Dos EUA à URSS, da França à Alemanha, da Argélia ao Congo, da OUA à ONU. A verdade é que a credibilidade do novo regime dependia de se reconhecer o direito das colónias à independência. Todos os agentes externos defendiam que saíssemos de África. Não o fazer seria continuar a política do «orgulhosamente sós».

NG disse...

E sobre a pressão internacional da altura e dos movimentos independentistas a História encarregou-se de expõr a nú os seus verdadeiros interesses.

Ricardo Alves disse...

Pois, Nuno. Mas já tínhamos perdido a guerra na Guiné, e em Moçambique estávamos numa situação difícil. A verdade é que não havia outra saída, pesem os interesses e os oportunismos de uns ou de todos.

NG disse...

Guiné. Um bom exemplo. Alguém ganhou a guerra? Seria possível estar em situação pior do que aquela em que se encontra?
Moçambique. Você tem poucos amigos moçambicanos ou fala pouco com eles. E de certeza que nunca visitou.

Ricardo Alves disse...

O PAIGC ganhou a guerra na Guiné. Nós perdemos. Não sei se estariam melhor se tivéssemos ganho, mas tenho a certeza de que estariam pior se a guerra tivesse continuado.

O Nuno acha realmente que se não tivéssemos descolonizado a Guiné, hoje teríamos lá uma economia florescente, moderna, e uma população com 95% de alfabetizados e 20% de engenheiros e gestores de empresas?

P.S. Tente não fazer presunções sobre quem eu conheço ou não.

NG disse...

Acho que provavelmente não teríamos tanta gente com medo de lá viver e investir. E muito provavelmente a Guiné estaria mais próxima de um estado com instiuições do que da anarquia somaliana para que caminha.

PS. Tente falar do que sabe e evite clichés da propaganda inevitabilista.

Anónimo disse...

Angola é um país independente e governado pelo seu povo
Ainda não perceberam que aquilo não era nosso !?
Cotas...

Anónimo disse...

Com Soares Portugal não descolonizou, fugiu a sete pés de lá. Nem em Portugal conseguimos proporcionar ordem, paz e estabilidade, quanto mais na descolonização das provincias ultramarinas.

Quantos soldados - que foram para a guerra obrigados pelo estado novo - não foram fazer patrulha para as ruas de Angola (no pós 25 de Abril) sem uma única munição e eram atacados por multidões com barras de ferro e armas automáticas, incitados pelos caciques marxistas do MPLA? Quantos cidadãos naturais de Angola não foram mortos e as suas esposas e filhas violadas, pelo simples facto de serem funcionários públicos ao serviço do Governo Português?

A tudo isto devemos dar graças a Mário Soares, que devidamente aconselhado pelo comunista Cunhal, fez o jogo dos Soviéticos e entregou o poder de bandeja ao MPLA, esquecendo-se que a UNITA também lutou pela independência.

Anónimo disse...

"Ainda não perceberam que aquilo não era nosso !?"

Era território português há quinhentos anos. Se não era nosso, os jovens EUA são de quem? Têm de ser devolvidos aos índios...
Cabo Verde até era um terrítório deserto quando lá chegámos.

Se uma presença de quinhentos anos não é legítima, e obriga a que pretos e brancos que queriam continuar portugueses sejam expulsos e roubados, e que a população que lá fica seja entregue aos bichos( comunistas); o seu conceito de legitimidade é muito estranho.

E evite fazer suposições sobre a idade dos outros. Ainda me faltam alguns anos para chegar aos trinta, quanto mais ser chamado "cota". Não se preocupe, porque para além de mim, há muito mais jovens que não engolem o revisionismo histórico pós-25 de Abril. ;)

Ricardo Alves, imagina que havia uma rua Adolf Hitler em Portugal. Precisaria que o presidente da república fizesse elogios, estive presente na inauguração ou fizessem uma estátua ao assassino para condenar e denunciar essa aberração?
Imagino que não. Lembra-se da reinauguração de um largo com o nome de Oliveira Salazar, quanto choque isso causou a uma certa esquerda; sem ter lá ido nenhum presidente da república e quando está em causa um nome de um estadista patriota( com todos os defeitos que tinha) e que não tem qualquer comparação com Hitler, Che Guverara ou Lenine...

Ricardo Alves disse...

Nuno Gaspar,
está a cair na retro-futurologia. Não descolonizar a Guiné não era uma escolha. Em 1974 estávamos militarmente derrotados na Guiné. E havia dezenas de Estados (inclusivé europeus) a reconhecer a independência do Estado proclamado por Amílcar Cabral no mato.

Quanto aos seus conselhos: eu falo do que sei.

Ricardo Alves disse...

Anónimo das 10:05PM,
por tudo isso dê graças a Salazar e Caetano. Tiveram trinta anos para descolonizar, ou pelo menos partilhar o poder com as populações locais. Não o fizeram. (Aliás, e pensando bem, nem sequer com a população da metrópole partilharam o poder...)

Unknown disse...

Caro Jairo,

Eu sou Moçambicano e conheço muitos moçambicanos, e são muito raros os casos de quem lembra o tempo colonial com saudade.

A questão de ao fim de quanto tempo um povo pode reclamar a terra como "sua" é legítima, mas aqui não é disso que se trata. O governo de Moçambique era feito com ordens a 9000km de distância, a classe dominante e privilegiada vinha de Portugal ou de outra colónia por isso estamos a falar duma classe dominante que em geral nem tinha nascido lá e duma classe dominada nativa.

Não havia nenhuma intenção de desenvolvimento, seja de escolas, hospitais, electricidade, água, em regiões onde não houvesse colonos. Esse desenvolvimento é quase todo posterior à independência. A legitimidade dos movimentos de independência é inquestionável.

Vamos tentar manter a discussão com um certo nível, por isso é aconselhável mais cuidado com os nomes que usamos. É natural que uma pessoa que tenha 20 terrenos e 10 casas se sinta roubada se esses 19 terrenos e 9 casas forem nacionalizados, mas pergunto eu qual a legitimidade para haver gente com tantas posses...

E o seu argumento também falha quando diz que os territórios foram ocupados pelos portugueses durante 500 anos. Não é verdade. O que houve até ao final do séc. XIX foi uma ocupação muito estreita da faixa costeira (onde se estabeleceram as feitorias). A ocupação para o interior só se fez na altura da conferência de Berlim, quando se reclamou o célebre mapa cor-de-rosa. Aliás, há imensas zonas em Moçambique onde houve contacto com o Livingston antes de haver com os portugeses.

Não vou aqui opinar sobre o spínola para não exaltar mais os ânimos, só achei que como moçambicano devia esclarecer opiniões alheias sobre Moçambique. Cumprimentos

P.S. Só uma nota sobre Angola. É absurdo reclamar poder para a Unita depois de tudo o que se passou. O MPLA foi o único que aguentou a independência (com auxílio heróico que não vou mencionar), a Unita vendeu-se aos americanos/sul africanos do apartheid

Unknown disse...

Ricardo Alves, se me permite fazer um comentário, Amílcar Cabral já não estava vivo aquando da declaração de independência do PAIGC. Foi assassinado numa operação onde o general spínola esteve bastante envolvido...

Ricardo Alves disse...

Senhor «Jairo Entrecosto»,
o argumento da ocupação do território não é tão simples assim. Sem o consentimento das populações, nenhum governo é reconhecido como legítimo. Só para o baralhar completamente...

1) Uma boa parte da população basca (talvez mesmo uns 40%) não considera legítima a «ocupação» do seu território pelo Estado espanhol, ocupação que dura, pode-se argumentar, há uns 1000 anos.

2) Praticamente metade da população da Irlanda do Norte/Ulster considera a «ocupação» britânica ilegítima. «Ocupação» que dura há mais de 500 anos. E que permitiu construir cidades inteiras de raiz. E colocar lá «colonos» que são metade da população.

3) Os mouros estiveram mais de 500 anos no Algarve, e ninguém considera que o Algarve só passou a ser legitimamente português em 1749. E os mouros organizaram o território, desenvolveram a agricultura, viveram poetas árabes em Beja e Silves que ainda hoje são apreciados, etc.

4) Na Andaluzia, os mouros tiveram tutela política durante uns 780 anos, e ainda sobreviveram, enquanto minoria oprimida, mais uns 120. Depois foram massacrados e expulsos com a roupa do corpo.

5) Na Grécia, há aldeias que foram sucessivamente de população latina, eslava e grega no mesmo século (o 20). Não sei quem o Jairo considera que tem a «legitimidade».

6) Há ilhas no Egeu que foram turcas durante séculos. Hoje são gregas.

7) Há povoações na costa da actual Turquia que tiveram população grega, continuamente, durante 2500 anos. E onde hoje não vive uma única pessoa que fale grego. E lá estiveram filósofos, artistas, etc, que ainda hoje são considerados parte da cultura grega.

8) Os «pieds-noirs» da Argélia viveram lá mais de 100 anos. Foram expulsos.

9) Há uma parte da Polónia (e da Rússia) que foi de população alemã durante um milénio. Hoje já não o é.

Poderia continuar. Os Balcãs, aqui na Europa, estão cheios de histórias destas. O Cosovo, por exemplo, que foi de maioria sérvia durante séculos, e que na segunda metade do século 20 se tornou de maioria albanesa. Hoje os sérvios são menos de 10%. Na Krajina croata, os sérvios viveram lá, nas suas aldeias que ocupavam o território de forma homogénea, durante mais de 500 anos. Foram expulsos há menos de 20 anos.

E Olivença, também. É uma questão de séculos para decidir a quem pertence?

Ricardo Alves disse...

Tem toda a razão, Ricardo. Amílcar Cabral já fora assassinado por alguém (presumivelmente) às ordens de Spínola aquando da declaração de independência.

Obrigado.

Ricardo Alves disse...

Outro assunto, Jairo: é absurdo pretender que territórios tão vastos como Angola e Moçambique eram «portugueses há 500 anos». Como diz o outro Ricardo, a ocupação do interior desses territórios começou no final do século 19 (quando muito). Antes disso, havia operações militares para manter os nativos «em respeito» e para saquear.

Se tivéssemos organizado o território, construindo cidades, espalhando lavradores, montando indústrias, mantendo a ordem, eventualmente criando elites nativas, a história poderia ser outra. Mas a verdade é que não o fizemos (portugueses) em lado nenhum, com a excepção de alguns territórios exíguos (Goa ou Cabo Verde), e do Brasil. E mesmo no Brasil correram connosco, veja lá.

(Sendo o seu argumento do «era nosso há X anos» tão importante, veja lá se quer reclamar a re-colonização do Brasil. Afinal, foi «nosso» durante 300 dos últimos 500 anos. E transferimos mais população para lá do que para qualquer outro sítio. Mas despache-se, que com mais 100 anos os brasileiros ficam com 50% do tempo de «ocupação»...)

Unknown disse...

É verdade que se fizeram muitos esforços para abafar o caso, mas ninguém tem dúvidas sobre o envolvimento do general spínola.

Eu não sei muito sobre a história de Portugal, pelo menos não muito mais do que se aprende na escola, mas escolher para primeiro presidente após a Revolução alguém ligado ao assassinato de um dos líderes do movimento de independência parece-me no mínimo "esquisito". O simples envolvimento dele ao serviço do Estado Novo na guerra do ultramar deveria descartá-lo de cargos políticos, isto nem falando de julgá-lo por crimes de guerra.

Confesso que foi algo que sempre me intrigou, mas com certeza alguém saberá melhor que eu como decorreu todo este processo.

Unknown disse...

Concordo consigo, Ricardo Alves. A questão da ocupação da terra não se reduz a um concurso "king of the hill" - quem fica lá em cima mais tempo, mas à sua distribuição. Os movimentos de independência não foram motivados por racismo ("fora com os brancos") ou por ganância pessoal. Foram gerados por um sentimento de injustiça social e por um sentimento de que era possível construir um país melhor e mais justo para todos.

Ricardo Alves disse...

Ricardo, realmente não está provado que Spínola (ou a PIDE) tenha dado a ordem para matar Cabral. O que se sabe é que fora homens do PAIGC os autores materiais. O que pode não ser tudo sobre essa história.

Quanto à escolha de Spínola para presidente, após o 25/4: a verdade é que se demarcara publicamente do regime desde o ano anterior. O que dera algum impulso ao MFA. Mesmo assim, consta que a primeira escolha para Presidente seria Costa Gomes. Que terá recusado.

Ricardo Alves disse...

Ricardo,
eu até evito, algumas vezes, usar o termo «colónia» para países como Angola ou Moçambique. Porque «colónia» é um termo que, desde os Romanos, não significa simplesmente ocupar militarmente um território. Também implica transferir população, fundar cidades, criar instituições, administrar a justiça, abrir estradas, etc. Nesse sentido, é absurdo pretender que a Guiné-Bissau, por exemplo, foi uma «colónia». Era um território em que havia um posto avançado para trocas. Mesmo Angola e Moçambique, até ao início do século 20, eram territórios nominalmente portugueses em que a maioria da população talvez soubesse apenas, quando muito, que havia uns brancos na costa com os quais se podia comerciar ou andar à bordoada, conforme as ocasiões e os pretextos.

Quanto ao racismo dos «movimentos de libertação», essencialmente de acordo. Com a ressalva de que a UPA era, sem dúvida, um movimento racista. E que massacrou civis brancos e bailundos.

Unknown disse...

É verdade. O termo colónia é o mais vulgarmente usado neste contexto, mesmo defraudando as tradições romanas!

Quanto ao racismo, não quero ser mal interpretado. A cartada racista estava presente e era a bandeira de alguns homens, e isso é condenável. Mas não eram movimentos "raciais", pois havia muita gente branca e de ascendência portuguesa do lado da Frelimo e imagino que houvesse também exemplos do contrário.

NG disse...

"Não havia nenhuma intenção de desenvolvimento, seja de escolas, hospitais, electricidade, água, em regiões onde não houvesse colonos. Esse desenvolvimento é quase todo posterior à independência"

Dê lá exemplos das universidades, dos hospitais, das estradas, das barragens, dos aeroportos, das cidades, dos portos, dos caminhos de ferro, da infraestrutura que foi construída depois da independência!

NG disse...

"Se tivéssemos organizado o território, construindo cidades, espalhando lavradores, montando indústrias, mantendo a ordem, eventualmente criando elites nativas, a história poderia ser outra"

Aos anos 70, Angola e Moçambique eram incontestavelmente mais desenvolvidos que a metrópole e o melhor de Portugal residia lá. Tanto que foram os retornados que seguraram a economia,a administração e até academia quando regressaram.

Unknown disse...

Com certeza que lhe dou:

- Escolas e hospitais, são demasiados exemplos para dar aqui

- Universidades - não sei ao certo os números, mas digo com toda a certeza que hoje a UEM (antiga Universidade de LM) tem 100 vezes mais estudantes que em 1974. Já abriram novos polos noutros sítios do país. E isto para não falar de Universidades privadas que surgiram, um exemplo disto é o ISUTC (Instituto Superior de Transportes e Comunicações)

- Aeroportos - para quem não está informado, está neste momento a ser construído um novo aeroporto em Maputo...

- Barragens - há um grande investimento em barragens, Mpanda Nkua e a central norte em Cahora Bassa são alguns dos próximos projectos. E isto permite também falar da rede eléctrica. Eu não tenho dados comigo, mas se quiser eu posso tentar contactar alguém da EDM (Electricidade de Moçambique) para lhe mostrar um mapa do que era a rede eléctrica em 1974, o que é agora, e o que será daqui a 10 anos.

- Caminhos de ferro e portos - há (por exemplo) um grande projecto de carvão em Moatize que vai envolver melhoramentos no porto de Nacala e uma nova linha de caminho de ferro.

Mais alguma questão?

Unknown disse...

"Aos anos 70, Angola e Moçambique eram incontestavelmente mais desenvolvidos que a metrópole e o melhor de Portugal residia lá. Tanto que foram os retornados que seguraram a economia,a administração e até academia quando regressaram."

"Incontestavelmente" é um termo muito forte, parece-me. E gostava de saber com base em que factos é que isto é dito? Que eu saiba, há é relatos dos retornados que foram mal recebidos e tiveram dificuldades em estabelecer-se na "metrópole"

Ricardo Alves disse...

Nuno,
esta afirmação foi muito arriscada:
«Aos anos 70, Angola e Moçambique eram incontestavelmente mais desenvolvidos que a metrópole e o melhor de Portugal residia lá».

Quer falar da taxa de mortalidade infantil, da percentagem de alfabetização, ou da cobertura de rede eléctrica ou telefónica, para não ir mais longe?

NG disse...

Ó Ricardo,

Em quase 40 anos de independência é só isto que lhe ocorre? Compare lá com os 40 anos anteriores!

Ricardo Alves disse...

Nuno,
afirmou que «aos anos 70, Angola e Moçambique eram incontestavelmente mais desenvolvidos que a metrópole». É capaz de fundamentar essa afirmação? De que tipo de desenvolvimento está a falar?

Unknown disse...

Ocorre-me muito mais, são exemplos de perder a conta. Há aeroportos em todas as capitais de distrito, seguramente não havia antes da independência.

Sobre a electricidade/barragens, aconselho-o a ir ao site da EDM www.edm.co.mz/rede/cobertura.php.

Escolas e hospitais afirmo que há à vontade agora 50 vezes mais que havia antes da independência.

Falando em grandes projectos, foi inaugurada há uns meses a Ponte de Caia sobre o rio Zambeze. E para quem também não sabe estas coisas, a Mozal é uma das maiores produtoras mundiais de alumínio.

Diga-me Nuno o que há para lembrar que seja anterior à independência, para além de Cahora Bassa e mais uns exemplos pontuais. E Cahora Bassa foi comprada pelo estado Moçambicano, por isso é um investimento nacional

Unknown disse...

E quando fala em 40 anos de independência (na verdade são 35) é preciso não esquecer que houve uma guerra que durou muitos anos e devastou o país. Por isso foi preciso recuperar dessa destruição, para além de compensar o que não tinha sido feito

NG disse...

Ricardo Alves,
Não é preciso procurar estatísticas para dizer que todos os números que representam desenvolvimento evoluíam muito mais rapidamente nas colónias do que na metrópole.
Agora, se quer comparar a rede eléctrica ou a rede telefónica na selva...

NG disse...

"De que tipo de desenvolvimento está a falar?"

Falo do que quiser. Por exemplo, das prateleiras da biblioteca da minha faculdade. Dessa altura têm muito mais publicação de investigação de Angola e Moçambique do que de Portugal Continental.

Unknown disse...

Sem números ou factos podemos afirmar o que quisermos...

"Agora, se quer comparar a rede eléctrica ou a rede telefónica na selva...". Gostava que esclarecesse o que quer dizer com isto. Haver agora uma rede eléctrica e uma rede telefónica em zonas onde antes não havia não é sinal de desenvolvimento?

NG disse...

"Diga-me Nuno o que há para lembrar que seja anterior à independência,"

Há de tudo. Você tem, por exemplo, nas cidades, um urbanismo e uma arquitectura que nem Portugal Continental teve.

Unknown disse...

E depois era eu que dava poucos exemplos... É verdade, há bastantes edifícios do tempo colonial que ainda existem. Também sei reconhecer que Maputo teve um bom desenho urbanístico. Mas é até aqui que concordo. Voltando aos números, este urbanismo que refere era para servir uma população de 100 mil pessoas (cerca disso). Ora a população já vai quase em 20 milhões e 40% reside nas principais cidades. Só em Maputo vive 1,5 milhões naquilo a que chamamos a "cidade de cimento", acho difícil caberem todos em edifícios anteriores a 1975.

NG disse...

Não è só Maputo. Em Nampula ou no Niassa desenharam-se cidades com mais qualidade urbanística do que na Europa. Evidentemente não estou a falar do número de habitantes mas sim de densidade habitacional equilibrada, avenidas largas e arborizadas, espaços verdes, acessibilidades, edifícios administrativos com alta qualidade arquitetónica, espaço para lazer e desportos, e tudo o que torna o espaço urbano um lugar agradável para viver. Observe, por exemplo, uma pequena cidade como Lichinga e saberá do que falo.

Unknown disse...

Falo de Maputo por ser o exemplo que conheço melhor. Não estou aqui a dizer que a herança colonial é nula e que a independência nasceu num deserto. O desenho urbano foi bem planeado como diz. Mas o meu argumento é que não era uma urbanização desenhada para alojar mais do que a reduzida população colona, e que por isso teve de haver muita coisa melhorada após a independência.

Infelizmente não sei muito de arquitectura ou de urbanização, de forma que não posso comparar com as urbanizações europeias.

NG disse...

Eu também não estou a dizer que depois da independência nada se fez, nem que antes não houvesse situações de discriminação intoleráveis. Acho é que não é totalmente descabido prestar homenagem a um homem que ousou propôr outro percurso político.

Unknown disse...

Pois, mas entretanto penso que se fugiu um pouco do tema central da discussão.

O que eu quis rebater foi a ideia de que as ex-colónias, e em particular Moçambique, estariam piores agora do que antes da independência. Só falo do caso que melhor conheço, e isso não é verdade. Há uma herança colonial, parte dela destruída pela guerra, mas há muito que foi feito desde a independência. Sou o primeiro a concordar que o desenvolvimento é mais lento do se quer, mas acho que ninguém se arrepende da independência.

Sobre o general Spínola confesso que para acrescentar algo de novo à discussão teria de me informar melhor

Anónimo disse...

Ricardo Alves e Ricardo, nunca disse que a presença histórica é garantia ou legitima infinitamente o domínio territorial.
A ver se nos entendemos: territórios dominados por portugueses há quinhentos anos não se largam de um dia para o outro, expulsando a população branca ( racismo)e a população preta que convivia pacificamente com brancos; entregando o resto da população aos BICHOS COMUNISTAS.

Obviamente que não era possível ainda hoje termos colónias em África. NUNCA DISSE O CONTRÁRIO.

Outra coisa, é fingir que a guerrilha terrorista não tinha de ser combatida ( até para evitar que esses grupos levassem a uma guerra civil, o que evitámos durante 13 anos), que a população branca não tinha o direito de continuar lá ( como continuou no Brasil) ou que não é um crime entregar cidadãos portugueses a comunistas soviéticos e cubanos, do dia para a noite.

Repare-se naquele caso dos militares pretos que lutaram por Portugal. Lembro-me de um contar a sua história no Prós e Contras e ser confrontado com a pergunta mais imbecil de todas "Então não pensou em fugir e lutar contra os portugueses?". Ora, como é preto, tinha de ter lutado contra os brancos, é assim que pensam as pessoas actualmente. A resposta dele foi óbvia: fugir para onde, se era português e um cidadão que não tinha feito mal a ninguém? Havia um estado, uma ordem, uma lei. O domínio era português, a lei e a cidadania também. Ele cumpriu o seu dever. No final, vamo-nos embora à pressa e agora os comunistas que tratem de vocês. Foi isso que dissémos a essa gente.

Compreenda, quando falo em quinhentos anos de presença em África é para relembrar que não estamos a falar de uma invasão que tenhamos feito a uns territórios estranhos a Portugal,combatida por heróicos e desinteressados movimentos de "libertação". Esses foram movimentos queriam apenas o Poder.

O nosso dever, já que o Estado Novo não fez muito daquilo que referiu (aí dou-lhe uma certa razão, embora o Gaspar também esteja certo em dizer que os 30 anos seguintes não foram melhores), era continuar a combater a guerrilha terrorista, democratizar esses territórios e criar condições para que surgissem elites intelectuais, políticas e económicas de pretos, brancos, mestiços e às bolinhas amarelas.
Iria ser díficil, mas o caminho da independÊncia tinha de ser esse. Era um dever a cumprir.

Agora, como fizémos foi muito mais fácil: vir embora do dia para a noite e deixar a Guerra, Tiranos e a Fome a tratar das populações.

Isto foi sempre o pão nosso de cada dia da esquerda, idealista, romântica.A realidade nunca importa para o ideal do revolucionário. Quando ele chega a um gabinete, decide como é que vai ser e a realidade do dia-a-dia, de milhares de pessoas, terá de lhe dar razão. Os "não alinhados", os povos do terceiro mundo, tinham direito à autodeterminação, um ideal nobre, justo. Concordo.
Então tudo o que é branco vai-se já embora,dá-se um poder a um preto qualquer ( mesmo que seja um tirano, tem é de ser preto) e está feita justiça.

É assim que pensa o idealista.
Por isso é que ainda hoje temos de levar com a vaidade de Mário Soares, sempre que abre a boca para falar da bela porcaria de descolonização que fez.

Unknown disse...

Jairo Entrecosto, gostava que fosse mais moderado com os nomes que escolhe. Se para si são "bichos comunistas" os que tomaram o poder eu também teria uma série de nomes engraçados para os que lá estavam antes.

É incorrecto o nome "guerrilha terrorista", aquilo era a "guerrilha de libertação". Quanto aos negros que serviram no exército português, o serviço militar não era voluntário, por isso não me parece grande exemplo. É mais elucidativo o caso de inúmeros "brancos" que estiveram do lado da Frelimo. Muitos deles ainda hoje são quadros no partido.

Ninguém foi expulso do país, e ninguém foi "entregue a cubanos e soviéticos". Isso é uma afirmação delirante. Houve uma série de nacionalizações inevitáveis e gente que não estava disposta a ser governada por "pretos" fez muito bem em ir-se embora. Mas nunca houve uma mobilização racista de "expulsar os brancos". Pelo contŕario, houve foi apoiantes do estado novo que andaram a perseguir os brancos que estavam do lado da Frelimo.

Estou de acordo consigo quando diz que se poderia ter feito um processo de descolonização muito melhor. (Mais uma vez, não é verdade que não se tenha feito melhor nos 30 anos seguintes). Os movimentos de libertação são legítimos exactamente porque não há por parte do estado novo nenhuma intenção de conceder a independência. Nem intenções melhorar as condições de vida da população não colona.

É óbvio que teria sido muito melhor se tivesse havido um processo de transição em que os quadros portugueses treinassem moçambicanos para os substituir, etc, mas não houve. E não é justo culpar os revolucionários de Abril por isso.

Acho imensa piada à ideia de que os povos devem ser governados por "elites intelectuais", mas não vou entrar por aí. Mais uma vez não se expulsou branco nenhum (eu sou branco, por exemplo). Não sei de que tirano está a falar, há eleições de 4 em 4 anos. Fome continua a haver, é verdade, mas com certeza muito menos que antes de 1975 e agora pelo menos há intenção de combatê-la.

João Vasco disse...

Ricardo Alves:

Quando era novo, principalmente entre os meus colegas nos Salesianos tomei contacto com esse mito de que as ex-"colónias" estariam muito melhor se nunca se tivesse dado a independência. Antes havia desenvolvimento, etc... equanto que agora, como nos resto de África, era só guerra, fome e miséria.

Foi por isso com grande surpesa minha que li uma reportagem no Expresso na qual se mostrava o crescimento do PIB ao longo dos anos antes e depois da nossa ocupação.
Mesmo com a guerra, mesmo com todos os problemas, Angola e Moçambique passaram a crescer cerca de 3 ou 4 vezes mais rápido. E isto foi antes do fim da guerra civíl de Angola!! Hoje o crescimento é dezenas de vezes superior ao que foi na altura.

Mas isto só se referia ao crescimento económico. E nunca mais tive grandes informações a este respeito. Mas já que falas em esperança média de vida, taxa de alfabetização, etc... seria mesmo um interessante um texto neste blogue em que mostrasses estes dados todos. É que o "mito urbano" que o Nuno aqui divulga é realmente bastante comum. Seria interessante e informativo expôr os dados que denunciam a sua falsidade.

João Vasco disse...

Ricardo:

Obrigado pelo seu contributo para esta conversa. Há mitos que é importante desfazer.

Anónimo disse...

Para terminar, vinha mesmo a calhar uma anedota de comunistas do tempo da URSS:

Uma velhota entra numa loja para comprar carne. Percorre com o olhar as prateleiras semivazias onde só restam alguma carne de cavalo e carne de cão. Escolhe a que parece estar ao alcance do seu bolso e dirige-se ao empregado.

- Ó filhote, embrulha-me 1 quilo daquela carne de cão por favor.

O empregado corta um pedaço minúsculo de carne, pega numa enorme tábua e coloca tudo na balança.

- Ó filhote, para que é que eu quero a tábua ?

- Tem que ser assim, isto é carne de terceira categoria, vai juntamente com a casota.

Dylan disse...

Enquanto que em Espanha Baltasar Garzón investiga minuciosamente os crimes efectuados durante o franquismo pondo em polvorosa grupos de extrema-direita e saudosistas do caudilho, em Portugal homenageia-se antigos Presidentes da República atribuindo-lhes nomes de ruas. Como isso desse o direito de apagar o passado pouco ortodoxo de António Spínola: a simpatia pelo Estado Novo, da ditadura militar, da reverência a Franco ao piscar de olho ao regime nazi, do comprometimento com Salazar, dos grilhões colonialistas e, o mais grave de tudo, a sua associação na tentativa do golpe contra-revolucionário de Março de 1975. Não deveríamos antes dar valor a quem não teve nada a haver com esse passado tenebroso e a quem possibilitou estarmos a ler este texto de uma forma livre?

http://dylans.blogs.sapo.pt/