sexta-feira, 2 de abril de 2010
Arte e religião
Talvez a consequência mais repugnante da religião seja o espartilho que impõe às artes. Quem tem as respostas todas na ponta da língua não precisa de ser desassossegado com perguntas metafísicas. College Station tem mais de 200 templos, nem uma única galeria, nem um museu, e dois ou três bares com música ao vivo (pífios) para 48 mil alunos. Nuca abordei este assunto com nenhum dos residentes, mas acho que se apanhassem aqui um poeta lhe davam um tratamento de alcatrão e penas.
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4 comentários :
"Talvez a consequência mais repugnante da religião seja o espartilho que impõe às artes."
Você é mesmo professor numa universidade, Filipe?
Ohohoh! Está a pensar nos católicos e no Renascimento? Todos agnósticos! :o) A primeira coisa que fizeram foi tirar Deus do centro do mundo e meter o Homem. E pense no Império Bizantino: 1000 anos a desenharem a mesma coisa. Pense nos movimentos iconoclastas (bizantino, muçulmano, da Reforma). Pense na arte dos calvinistas e dos judeus ortodoxos. Imagine-se a viver com os shakers! Pense na arte islâmica: 1500 anos a desenharem o mesmo arco. Acha que o movimento da arte moderna era possível numa europa que não fosse laica?
Mesmo as criações dos artistas religiosos (como o Arvo Part ou o Olivier Messain) são um producto das dúvidas e das tensões deles, e não das certezas.
Venha aqui ver o que estes bijagós pensam do sentido, do significado e do papel da arte, e depois diga-me o que pensa.
Penso que a incerteza e a arte são territórios nobres da religião. Penso que onde estas não existem não existe religião. O que você critica são espantalhos.
Pois. Quarenta milhões deles, organizados e armados até aos dentes.
Ontem não comprei um bolo a um evangélico (para angariar fundos) e ele já me queria mandar para o Inferno, com os meus filhos. :o)
Eu disse-lhe que ele era um anormal: estúpido, ignorante e mau. Quando lhe virei as costas ele ainda estava a gritar: "Se calhar também acreditas que nós descendemos dos chimpanzés!"
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