quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Revista de blogues (22/12/2010)

  • «Num registo meio pedagógico meio trocista, dizia há dias um colega que «iluminismo não é palavrão». Não posso estar mais de acordo com o aviso. A afirmação cega e desgovernada do relativismo radical, associada à ideia completamente estúpida segundo a qual a tradição cultural do ocidente é estruturalmente pobre, impura e nociva, tem levado muita gente honesta mas mal informada a ignorar o papel historicamente emancipatório da filosofia das Luzes, desconsiderando os seus princípios determinantes. Noutra direcção, vozes chegadas dos sectores mais reaccionários do pensamento contemporâneo chegam, como o fez o papa João Paulo II, a julgá-lo responsável pela edificação das «ideologias do mal», do nazismo e do comunismo em particular, que atravessaram o século XX. Pior, olham-no como instrumento fundador de um conceito de liberdade, tolerância e democracia que pretendem pôr em causa. Já Tzvetan Todorov vê futuro nos três princípios que, em L’Esprit des Lumières, de 2006, considera condensarem o valor funcional da corrente: 1) a valorização da autonomia do indivíduo face à intervenção dos poderes políticos e religiosos; 2) a deslocação do humano para um lugar central na interpretação do mundo; 3) a aceitação da dimensão universal de valores e sociabilidades que concorrem com a diferença cultural.» (Rui Bebiano)

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