quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Uma República de cidadãos

Raramente se mencionam as dificuldades que a República de 1910-26 enfrentou, a nível interno e externo. E também raramente se destaca como o projecto dos republicanos de 1910 era uma República centrada no exercício da cidadania.
  • «(...) seria injusto não reconhecer a difícil conjuntura que marcou os breves 16 anos da República e que condicionou a acção dos Governos republicanos: a pesada herança da Monarquia, tanto no plano económico e social como no plano cultural, a violenta e persistente reacção monárquica, a Grande Guerra e as suas consequências internas, desde as dificuldades de abastecimento e o agravamento do custo de vida até ao crescente protagonismo político dos militares, as epidemias de 1918-1919 e o seu efeito depressivo na sociedade portuguesa, a posição conservadora das elites económicas, bem como a agitação social. Neste contexto, seria injusto não reconhecer aspectos positivos da obra realizada, em diversos domínios, tanto pelo poder central como pelos poderes locais. Poderia destacar-se o esforço de desenvolvimento e descentralização da instrução primária, diversas medidas de fomento económico ou alguma legislação, avançada para a época, como com as leis da família ou várias leis laborais. E, sobretudo, para muitos republicanos, o exercício da cidadania aparecia como elemento-base da vida política e social.» (Gaspar Martins Pereira, Público, 30/8/2010)

2 comentários :

Micael Sousa disse...

Lamentavelmente a sociedade portuguesa de então não estava preparada para o exercício da cidadania. Será que actualmente já está?

Ricardo Alves disse...

Está mais. A alfabetização avançou, em particular depois de 1974. Fomos o último país da Europa a aprender a ler, mas estamos a chegar lá.

Não se pode é dizer que haja uma grande cultura de participação cívica, por exemplo...