quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O clericalismo sobrevive, subsidiado por todos nós, na Madeira

A pérola que hoje fez a volta ao mundo da blogo-esfera lusitana veio directamente da Madeira.
  • «A legalização dos homossexuais é contra toda a lei, quer a lei moral natural, quer positiva. É contra o verdadeiro bem e destrói directamente a pessoa humana como tal. (...) Em primeiro lugar, a homossexualidade destrói toda a lei natural e positiva, toda a Moral, toda a Ética positiva humana, porque estabelece como critério da acção humana e sua conduta moral, não o dever, mas o próprio gosto e prazer: é estabelecer como legítimo que posso matar, roubar, etc., desde que me apeteça. Consequentemente, seria também legítimo usar o sexo conforme me apetecer, como se fosse um bem absoluto em si mesmo e cada qual um senhor absoluto das coisas. (...) O sexo, portanto, assim como qualquer ser criado, não é um bem em si mesmo, mas um meio, um útil para conquistarmos, atingirmos e servirmos a Deus, a Existência e a Vida, com a sua mais profunda característica, a geração, a procriação, ou seja, o amor e entrega de si mesmo aos outros. Ser, pois, homossexual é mais uma das muitas maneiras práticas de ser ateu, de negar o verdadeiro e único Bem absoluto, Deus, e legalizar a homossexualidade é legalizar o ateísmo e o laicismo ateu e maçónico e combater oficialmente a Religião. (...) A legalização da homossexualidade é, além disso, contra a Constituição portuguesa. (...) Depois a Constituição portuguesa é a lei máxima que obriga todos os portugueses. Ora, a homossexualidade destrói toda a lei, porque estabelece como critério da acção humana, não a lei, mas o prazer e gosto de cada um. (...) Por fim, a homossexualidade é condenada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, feita pela ONU. (...) A homossexualidade é condenada directa e explicitamente por Deus como uma aberração monstruosa, um dos pecados que “bradam aos Céus”, através de factos históricos da História do Povo Judeu no A.T. e através da Igreja Católica onde Deus continua a falar-nos e convencer-nos com verdadeiros milagres a comprovar a Sua Palavra: ver Sodoma e Gomorra, no livro do Génesis, c. 19. Ver também S. Paulo na carta aos Romanos, c. 1 de 18 a 32.» (Orlando M. Freitas Morna é padre e escreve no Jornal da Madeira, pasquim ultraclerical e de extrema-direita que sobrevive graças ao dinheiro dos contribuintes e às habilidades de Jardim.)

3 comentários :

André Carapinha disse...

Ricardo, acho que esse artigo ainda tem pérolas melhores que as que destacaste:

Adoro esta logo ao princípio: «faz-se propaganda nas farmácias, e não só, que devemos usar o preservativo porque é “o prazer de sentir”. Ora, “o prazer de sentir” é o prazer próprio dos animais, porque não têm entendimento, mas só instinto. Ao contrário, o prazer próprio e digno do homem é o prazer de cumprir o seu dever, a lei, aquilo que é justo e a que tem direito.»

E todo o ponto 3 é um mimo, do qual destaco:

«Dizem os defensores da homossexualidade: mas o homossexual não pode ser condenado, porque a homossexualidade já vem com ele desde o nascimento, é um tendência da sua natureza, à qual ele não pode resistir.
Resposta: Se fosse uma tendência da natureza humana, então todos os homens teriam esta tendência, pois o que é da natureza existe em todos os indivíduos dessa natureza, o que é impossível, porque toda a natureza viva tende para reproduzir-se, para a procriação. Em segundo lugar, se isso fosse verdade, Deus não teria castigado todos em Sodoma e Gomorra, pois matou todos e todos portanto eram culpados e o seu homossexualismo era culpado e não da natureza. Se pois não é uma tendência da própria natureza, segue-se que o homossexualismo vem duma má educação e convivência doentia continuada das mesmas pessoas.
Se isso fosse verdade, o hermafrodita seria necessariamente homossexual, o que não é verdade.
Também o que vem destruir essa opinião é o facto de haver pessoas que tanto “gostam” de homens como, ao mesmo tempo “gostam de mulheres”. Também se poderia dizer que, se fosse o homossexualismo devido à constituição física biológica de cada um, então nas farmácias poderíamos encontrar medicamentos para fazer homossexuais e lésbicas, o que não é verdade.»

Claro que depois do ataque de riso que provoca um artigo escrito por alguém que nem sequer sabe utilizar a lógica, ou escrever num português decente, uma pessoa lembra-se do contexto, a Madeira, e aflige-se.

Miguel Carvalho disse...

Muito bom Ricardo!

Isto nem me causa riso, só dó..

Ricardo Alves disse...

André Carapinha,
confesso que tive alguma dificuldade em escolher as «melhores» partes deste artigo. Eram tantas, que a dificuldade esteve na escolha... ;)