sexta-feira, 8 de junho de 2007

Revista de blogues (8/6/2007)

  1. «Mas a melhor cena foi quando ali perto de Heiligendam antes de mais uma cena de porrada entre os globalizados antiglobalização e a polícia, um dos manifestantes sacou de um trompete e tocou impecavelmente e com muito soul e feeling a…. Internacional. O tipo tocava bem embora eu tenha pensado na altura que foi um pouco de mau gosto tocar a internacional num local que pertenceu à antiga Alemanha de Leste. (...) Tenho a dizer-vos que já estou um pouco farto de tudo isto. Ontem aliás fui à praia para passar tempo, praia que é aqui mesmo em frente do centro de imprensa. Quando voltei duas horas depois estava toda a malta na galhofa em frente a um écran gigante a ver o George e o Vlad (é assim que os amigos tratam o Putin) a dizerem que se amam. (...) Vocês devem ter notado que eu disse que a malta estava em frente a um écran. Isto em grande parte funciona assim. A malta no centro de imprensa vê as notícias no écran da televisão (como vocês) e depois escreve as notícias sobre as coisas que vocês já viram em directo. (...) Ah! Já me esquecia que ontem fui a uma conferência de imprensa de activistas de causas africanas. Fiquei a saber que o aquecimento global é que causa cheias em Moçambique. Segundo um dos gajos que falou na conferência de imprensa (um nigeriano com uma impecável pronuncia britânica) os países da brancalhada deveriam pagar aos países africanos pelo aquecimento global. “E isso para além do dinheiro já prometido,” disse ele. Ninguém se riu o que eu achei estranho. A brancalhada continuou toda a escrever nos cadernos de notas, todos muito sérios. Eu estava à espera que o nigeriano dissesse:"estava só a gozar", mas não. Aparentemente estava a falar a sério. Quando eu lhe disse que cheias em Moçambique acontecem desde o tempo do antes da Outra Senhora, ele disse me que agora ocorrem com mais frequência e afectam mais pessoas. Ninguém se riu, vejam lá! (...) Até breve Do local da conferência dos oito governadores» («Da conferência dos Oito Governadores», no 2+2=5.)
  2. «Primeiro, o Ludwig defende que merece consideração ética todo aquele que sente, tendo como premissa um sistema nervoso baseado no córtex cerebral dos vertebrados. Ora, esse princípio parece-me tão válido como qualquer outro. Porque não basear-nos num princípio que exclui, por exemplo, as espécies não sociais, uma vez que as consequências da morte de um indivíduo se repercutiriam menos na vida dos outros da mesma espécie? Nesse caso, a formiga teria direito a muito mais consideração ética que um urso polar, por exemplo. Este princípio do sentir torna-se claramente mais duvidoso quando o Ludwig responde que o doente comatoso irreversível não merece qualquer consideração ética! Quero acreditar que o Ludwig após uma mais ponderada análise irá mudar de opinião. A humanidade é composta por um elevado número de factores, não apenas pela eficiência do seu sistema nervoso. (...) Em segundo lugar, o Ludwig defende que o erro é usar a tal regra de ouro de não fazer aos outros o que não queremos que nos façam e que, em vez dessa regra, o correcto é não lhes fazer aquilo que eles não gostam. Estou completamente de acordo até aqui. O problema é quando o Ludwig se acha no direito de saber o que os outros gostam ou deixam de gostar.» («Ética com estética», no Penso, logo sou ateu.)

1 comentário :

João Vasco disse...

Por acaso não concordo com nenhuma das objecções do Helder ao ponto de vista do Ludwig.

Esclareço porquê no debate que se segue a esse texto.