Joaquim: Olá, Matias!
M: Não esperava ver-te aqui, num restaurante.
J: Que tem isso de estranho?
M: Não sei, deixa estar...
J: Diz lá! Agora fiquei curioso.
M: É que... Pensava que tu acreditavas que existe muita pobreza no mundo.
J: Sim... Existe, vários milhões...
M: E que existe muita fome, falta de cuidados básicos, etc. A pobreza é tanta que com meia dúzia de tostões se podem salvar vidas.
J: Sim, acredito nisso.
M: Não achas um bocado incoerente e hipócria estar a comer num restaurante?
J: Como assim?
M: Tu é que acreditas que o mundo é dessa forma... Não sou eu. Vou comer neste restaurante, mas eu acho que a pobreza não existe.
J: Hã????
M: Já to tinha dito. Tínhamos discutido, e tu deste-me imensos argumentos para me mostrar que existia pobreza, estatísticas, notícias, etc...
J: Nada disso te convenceu?
M: Não, a tua atitude sempre falou mais alto. Dizes que há tanta pobreza, mas depois vais comer ao restaurante como se nada fosse. Fazes uma vida normal, vais ao cinema, compras prendas pelo Natal, etc...
Mas se fosses coerente, saberias que a cada tostão que gastas em luxos e prazeres, poderias ter dado esse dinheiro, e estarias a salvar vidas. Em vez disso optas por ter sangue nas mãos como um assassino.
J: Mas tu também tens uma vida normal, com pequenos luxos e gastos desnecessários.
M: Sim, mas eu não acredito que existam pobres. Por isso, eu não estou a matar ninguém. Tu é que és incoerente. Acreditas na pobreza, e ainda assim ages como se nada fosse.
J: Calma, eu de vez em quando faço voluntariado aqui e ali. E às vezes também faço algumas poupanças para dar a associações na luta contra a pobreza.
M: Poupa-me! Quanto dinheiro (e tempo!) gastas com luxos, contigo, e com o teu bem estar, a comparar com esse?
Se calhar em vez de matares - por omissão - várias dezenas de pessoas, matas várias dezenas menos uma. A incoerência mantém-se. És um hipócrita. És incoerente.
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