segunda-feira, 11 de junho de 2007

Pensamento e Acção - III

Já várias vezes ouvi e li o argumento do Matias.

Desde a escola secundária oiço críticas aos comunistas que não abdicam do carro e do telemóvel, ou que, sendo latifundiários, não abdicam das propriedades.

Também é frequente que algumas pessoas respondam às preocupações ecológicas de outros com críticas ao estilo de vida destes, que parece nunca ser suficientemente primitivo para que possam fazer notar alguns factos a respeito do funcionamento da ecologia terrestre.

Outras vezes, são os anarquistas os alvos das críticas, por compactuarem com o capitalismo que dizem desprezar, ou por compactuarem com uma sociedade e um estado que afirmam opressores.

Mas as críticas do Matias são facilmente utilizadas contra qualquer tipo de pessoas que advoguem opiniões mais extremas. E raramente são refutadas. Mas creio que são críticas que não colhem.


Quantos é que, caso acreditassem que o comunismo é a melhor solução, renunciariam à propriedade nesta sociedade? Quantos é que, se fossem ricos e comunistas, abdicariam da sua riqueza? Poucos.
Criticável seria reformular as suas crenças em função das respectivas conveniências pessoais. Antes um comunista rico que - por não estar disposto ao enorme altruismo de abdicar da sua fortuna - se mantém comunista rico, do que aquele que, na mesma indisposição, prefere reformular as opiniões em função daquilo que lhe dá jeito.
No caso daquele que se manteve comunista rico, fará sentido criticar a sua omissão? Uma omissão que poucos deixariam de cometer?

Se achamos que o comunismo é errado, expliquemos porquê. Usemos argumentos, dados, factos, lutemos para que a razão triunfe, sempre dispostos a rever aquilo em que acreditamos se bons argumentos se impuserem.
Deixemos de lado a avaliação moral e as motivações de quem apresenta uma determinada visão, e não exijamos maior altruismo do que aquele que consideraríamos razoável para qualquer um de nós - por mais extrema que a opinião possa parecer.

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