quarta-feira, 27 de junho de 2007

Revista de blogues (27/6/2007)

  1. «Desde o início Portugal entrou na União Europeia (anteriormente designada de Comunidade Económica Europeia) porque sim, porque senão não eramos como os outros, não eramos bons. Depois tornámo-nos subsidiodependentes, tanto a nível estatal como a nível empresarial e até sindical. Hoje continuamos a ter um bloco central (Cavaco Silva + José Sócrates + coros do PS e PSD) a dizer que sim, que deve ser tudo decidido em Bruxelas, sendo que não se referenda nada. E um Sérgio Sousa Pinto (delfim do PS e possível candidato a sucessor) a afirmar que a despenalização do aborto é uma questão menor e que as questões maiores não devem ser referendadas. Antes de mais nada, é óbvio que a questão da despenalização do aborto não é uma questão menor. Depois, quanto maiores são as questões mais pertinência há na sua discussão.» («A frase», no Insustentável Leveza.)
  2. «Normalmente, o propósito de algo concebido com inteligência é aparente no próprio design. Uma espada, um automóvel, uma muralha de pedra, uma fábrica de rolhas de cortiça. Mas nos seres vivos não. Peixes com pulmões, moscas, pinguins, trezentas mil espécies de escaravelho. Uma diversidade enorme sem que se vislumbre um propósito, nem na vida como um todo nem em cada espécie. Não se pode garantir a ausência de propósito, mas esta complexidade caótica não sugere uma criação inteligente. Pelo contrário.» («Miscelânea criacionista: a complexidade», no Que Treta!)

4 comentários :

Filipe Brás Almeida disse...

Eu gosto imenso deste blog e louvo a atitude crítica com que abordam diversos temas, no entanto devo discordar fortemente com o sentimento anti-europeísta aqui empregado.

Tenho que a União Europeia foi a melhor coisa que se fez na Europa provavelmente desde que o Montesquieu foi concebido. Quem dos nossos antepassados diria ou quereria que um dia os povos Europeus se uniriam para porem fim a um milénio de tribalismo, guerra e chacina. Tudo em nome de que? Fé? Nação? Tribo?

A União Europeia é o culminar da vitória da humanidade sobre o feudalismo Europeu. Aplicar um referendo para mais um tratado europeu, faz-me tanto sentido como referendar hoje a república vs monarquia.

Ricardo Alves disse...

Filipe Brás Almeida,
as motivações dos fundadores da União Europeia foram efectivamente essas que mencionas (vontade de evitar uma nova guerra europeia generalizada). Mas não acho que tenham posto fim a um milénio de «tribalismo, guerra e chacina». Por exemplo, a União Europeia não contribuiu para evitar as guerras jugoslavas dos anos 90; até haverá quem diga que contribuiu para as precipitar, com o reconhecimento apressado que fez das independências da Eslovénia e da Croácia.

Pode ser-se europeísta e ser contra o actual rumo da UE, que muitos consideram demasiadamente rápido e anti-democrático. Pessoalmente, tenho resistências inultrapassáveis à predominância do Conselho Europeu sobre o Parlamento Europeu, à ponderação populacional dos Estados no Conselho Europeu, e ao predomínio dos avanços «mercantis» sobre os desenvolvimentos políticos. Se tem que existir uma União Europeia, poderia ser muito diferente para melhor. E bastante mais cautelosa.

sabine disse...

Caro Filipe Bras: sou mais euroceptica que as pessoas que escrevem neste blogue, parece-me. Para eles assinarem por baixo algo que eu escreva é porque algo de grave se passa!

Filipe Brás Almeida disse...

Por teres alargado a tua opinião dessa forma, agora cabe-me dizer que concordo consigo. Não há dúvidas de que há uma reconciliação a fazer entre a União e a população. Um défice democrático por saldar. Mas creio que tudo se fará a seu tempo.

Os eventos do Kosovo foram perturbantes e reforçaram ainda mais a minha convicção de que a Europa tem de se unir politicamente e economicamente, em prol dos seus valores comuns, mas não só. Tem de estar também preparada para defender por si próprio esses valores. O facto da defesa do continente europeu estar actualmente a cargo de cerca de 200 mil soldados Americanos destacados, mesmo no contexto da NATO, é um dado que devia envergonhar qualquer cidadão Europeu.