É positivo que José Sócrates pré-anuncie um «entendimento» com o PSD para o pós-eleições. Todos os líderes partidários deveriam anunciar com quem estão dispostos a coligar-se, em que condições, e para fazer o quê. Assim saberíamos com o que contar, e para que serviria o nosso voto.
Faz falta uma cultura política de negociação em Portugal. Temos vivido no contrário: na obsessão cesarista com os governos de um só partido, de preferência com maioria absoluta. Sócrates sabe que não terá maioria absoluta, e desta vez anuncia que deseja liderar um governo de bloco central. Seja. Do outro lado, o PSD não entende. E faz mal.
2 comentários :
O Ricardo Alves tem muita razão mas, para que surja a tal cultura política de negociação, seria benéfico que
(1) Houvesse mais partidos com assento parlamentar.
(2) Não houvesse partidos com assento parlamentar que à partida se auto-excluem da negociação, por terem posições antissistema, nomeadamente o PCP e o BE.
Para que o ponto (1) fosse satisfeito seria benéfico que houvesse mais facilidade na criação e manutenção de partidos, coisa a que sistematicamente os atuais partidos se têm oposto, mantendo regras muito estritas que dificultam imensamente a criação e financiamento de partidos.
(1) De acordo, e de acordo quanto às «facilidades».
(2) São anti-sistema porque nunca fizeram parte do sistema. Se nele fossem convidados a participar, teriam de mudar. É um «presente envenenado» que espantosamente nunca foi oferecido.
Enviar um comentário