sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O mito da escola privada com contrato de associação no meio de um deserto de escolas públicas

  • «Só 18 escolas privadas, das 94 com contrato de associação com o Estado, ficam a mais de 15 quilómetros de uma pública com o mesmo grau de ensino. O levantamento feito pelo DN, recorrendo às listas de escolas públicas e privadas fornecidas pelo Ministério da Educação e à aplicação Google Maps para medir distâncias, mostram também que cerca de 20 estabelecimentos privados ficam até a menos de um quilómetro dos seus equivalentes no público. Ou seja, estas instituições - que protestam contra os cortes do financiamento público alegando a falta de alternativas estatais nas suas regiões - ficam afinal perto de muitas escolas públicas.» (Diário de Notícias)
Nas situações em que não existe escola pública na sede de concelho, como parece ser o caso em Lamego, Fátima e Arruda dos Vinhos, o Estado deve criar uma escola. O ensino não é obrigatório para fomentar negócios privados, mas sim para garantir um serviço público que forme cidadãos e futuros profissionais. No ensino obrigatório, o dever do Estado é garantir a rede de escolas públicas. Quem quer escolas «alternativas» com missa ou equitação, que as pague. Os contratos de associação deveriam ser encarados pelo ME como um remédio transitório. E não serem o regabofe permanente em que se transformaram.
Adenda: segundo um secretário de Estado, os alunos da escola pública «custam» 3750 euros cada; os das escolas com contrato de associação, 4400. Como se não bastasse, ficam-nos mais caras...

    11 comentários :

    Anónimo disse...

    Acho mal a equiparação da missa com a equitação...

    A equitação é muito útil. É boa para a coordenação motora, tem uma componente de formação do carácter muito positiva e ensinam o respeito e cooperação com os animais.

    Os cavalos ensinam-nos mais do que um secundário inteiro de EMRC.

    A GNR tinha bons instrutores na Ajuda.

    Ricardo Alves disse...

    Francisco,
    embora possas ter razão quanto à utilidade da equitação, não deixa de ser uma actividade extra-lectiva dispendiosa e que não é essencial...

    joão josé cardoso disse...

    Nem sigo a ligação: Lamego, cidade, não tem uma escola secundária pública: tem duas.

    Ricardo Alves disse...

    João José Cardoso,
    o Diário de Notícias diz o seguinte:

    «É em Lamego, Viseu, que fica a privada mais isolada do País - a escola básica e secundária mais perto fica a... 25 quilómetros».

    Anónimo disse...

    Parte do meu comentário é brincadeira, mas de facto no caso da equitação acho que é quase tão essencial como a Educação Musical e de longe mais útil que outras actividades extra-curriculares perfeitamente acessórias.

    O essencial é o que se aprende e o acessório é o modo como se aprende caso seja desnecessariamente dispendioso. Por isso o Estado paga aulas de ginástica mas nunca irá pagar aulas de ténis por muito boas que sejam para a saúde.

    O Regimento de Cavalaria da GNR já é suportado pelo Estado. Eu tive aulas na Ajuda e posso dizer que aquilo não era propriamente um luxo... Era mesmo bastante acessível e os oficiais bons instrutores.

    Mas isto só para dizer que acho que é possível que as escolas públicas da zona da Ajuda usufruam dessa actividade sem custos exorbitantes.

    joão josé cardoso disse...

    Ricardo, agora com mais tempo fui ver, e era a Escola que eu pensava, na zona urbana de Lamego mas mais afastada das zonas residenciais que todas as outras.
    O trabalho do DN foi criticado pela jornalista do Público, Barbara Won, e com razão,aqui:
    http://educaremportugues.blogspot.com/2011/01/que-distancia-fica-publica-da-escola.html

    Tonibler disse...

    Um contrato de trabalho entre o estado e um professor não é um negócio privado porquê?

    Se os contratos de associação custam menos ao contribuinte que os contratos de trabalho, com resultados muito melhores pelos mesmos critérios, que justificação existe para favorecer os negócios privados por contrato de trabalho, que geram mais lucros aos privados, que os contratos de associação que geram mais proveitos ao público?

    É por estas que se vê bem quem é que são os "necessitados" do vosso estado social...não deixem que os pobres vos estraguem a renda!

    Ricardo Alves disse...

    «Tonibler»,
    a sua insinuação que pessoas indeterminadas (deste blogue?) recebem uma «renda» do Estado Social é indecorosa, para mais quando feita a coberto da cobardia do anonimato. Se quer fazer acusações graves, largar insultos e palavrões, como é seu apanágio, seja homenzinho e tire a máscara.

    Disse.

    Ricardo Alves disse...

    João José Cardoso,
    a BW poderá ter razão no caso particular de Lamego, mas o Público em geral e ela em particular têm feito uma cobertura ideologicamente orientada de todos os conflitos que opõem escola pública e escola privada. Que existem escolas com contrato de associação em zonas com escolas públicas parece indesmentível. Até que ponto são efectivamente necessárias, depende de uma análise fina em que temos que ver que turmas abrem, de que anos e com quantos alunos. Mas há realmente algo que cheira a esturro quando se vê o número de turmas a diminuir e o financiamento a aumentar...

    Unknown disse...

    A educação deverá dar a mesma oportunidade a todos os portugueses, se há cavalos e golfe (como já foi referido existir em algumas)comparticipados pelo Estado numas escolas deverá haver cavalos em todas, se não dá para umas tb não deverá dar para outras. Pelos vistos a Educação não é excepção, em todas as áreas há portugueses filhos de uma nação e ouros filhos da outra.

    Unknown disse...

    Este assunto das Escolas Financiadas, tem de ser visto a sério, e claro, concelho onde não exista escola ofcial, o Estado deverá comparticipar e/ou pagar a totalidade do ensino, naqueles onde existem escolas oficiais e com capacidade, os contratos com as escolas particulares não devem de ser revistos, deverão sim, ser anulados.
    Uma escola Privada, deverá ser para quem opte por pagar do seu bolso a sua educação académica nesta modalidade, os valores que o Estado está adar a estas escolas privadas, que invista em melhorias nas escolas públicas.