Isto não parece tarefa fácil. Os valores marxistas levam a generalidade das pessoas a sentir-se exploradas pelos mais ricos, e parece natural que muitos aceitem estes valores, mesmo que eu discorde deles. Mas fazer as pessoas sentir-se exploradas pelos mais pobres? Por quem menos tem? Isso parece ainda mais estranho, ainda mais difícil.
Uma boa maneira de destruir a empatia e o sentimento de solidariedade que existe entre as pessoas, é acentuar as suas diferenças. Há quem diga que Reagan usou o «racismo apito para cães»: um discurso que não pode ser objectivamente identificado como racista, mas que nas pessoas mais racistas provoca um acentuar do ódio racial, e que as leva a sentir que o autor do discurso partilha a sua visão racista, mas não o pode afirmar publicamente. Eu não sei se Reagan fez isso ou não, precisaria de conhecer melhor os seus discursos para julgar por mim.
Existe outra maneira de o fazer: criar uma realidade paralela, através da propaganda, de repetição de exemplos enganadores, da omissão de factos, uma realidade onde os pobres vivem à tripa forra, com enorme abundância e poder. Reagan repetiu várias vezes a história de uma mulher que viveria da segurança social, teria oito nomes, acesso a comida gratuita e saúde gratuita, e um rendimento de 150 000$. E se Louçã não consegue com o exemplo de Vale e Azevedo inflamar o ódio contra os ricos, Reagan certamente conseguiu, com esta alegação de fraude, e outras do tipo, destruir em grande medida o sentimento de solidariedade entre a classe média e a classe baixa, que tantos dividendos deu à classe média.
As consequências: desde então, quer a economia dos EUA esteja saudável ou não, os rendimentos da classe média não sobem. Não tinham parado de subir nas décadas anteriores.
Entre as minhas leituras em Portugal, o melhor exemplo disto são os textos de Helena Matos no Blasfémias. Devo dizer que foi este que inspirou o presente texto.
Nele os mais pobres, os mais desprotegidos, com menos acesso à justiça, com menos noção dos seus direitos, são afinal o contrário: «gritam muito e invocam discriminações e traumas vários que lhes garantem a compreensão de muitas assistentes sociais e animadores culturais». Em Portugal, é-nos dito, os problemas não se colocam se vivemos nas "franjas". Que sorte têm os pobres!
Não. A falta de solidariedade entre a classe média e quem menos tem não é apenas indecente. É contrária aos interesses da classe média. Se queremos viver numa sociedade com qualidade de vida, onde exista coesão em vez de medo, onde exista solidariedade em vez de racismo, onde exista menos criminalidade e mais decência, mais equidade e prosperidade entre todos, temos de rejeitar estas visões alienantes da realidade.
Não são os mais pobres aqueles que mais têm e podem: é o contrário.
2 comentários :
juro seu joão vasco que nã sô o hardy ,sou muito incompetente em termos informáticos
e não só...
é engraçado o seu link
http://blasfemias.net/
Então adeus seu João Vasco
dissabte 31 de juliol de 2010
Se não houvesse pessoas sensatas que se conseguem aperceber da sua estupidez, esta seria muito mais letal, otários, entorpecidos, alarves, obtusos, mandriões, embasbacados e insensatos povoam o mundo, serão 7 mil milhões em 2012
O homem estúpido não procura perceber as causas dos fenómenos, já os conhece, um homem pontualmente sensato pode num ápice tornar-se estúpido e vice-versa, geralmente são os que acumulam mais conhecimento.
Toda a actividade humana depende da capacidade de expressão e ninguém pode dar o que não possui, a estupidez é essencialmente medo dos outros, medo de nos expormos às críticas inclusive às que fazemos a nós próprios.
estupidez induzida pela riqueza, pela pobreza, pela escravidão, pela semântica, pela superstição e moda
Há quem nasça estúpido, quem se torne estúpido e quem deixe a estupidez apoderar-se
de si, a maior parte não é hereditária,nem contágio de outros.
É obra pessoal, conquistada e construida sem muito esforço.
Certos maníacos da perfeição, que não reconhecem suas falhas.
Nada se lucra a argumentar com eles, se a sua felicidade reside na ignorância proporcionada pelos seus conhecimentos, para quê destruir a sua crença, o seu orgulho, a sua vaidade, a credulidade e o medo em que se manifestam as várias formas da estupidez.
Mesmo as azêmolas, os lerdos e broncos produzem palavras de rara beleza
Não sabemos o que é a estupidez, mas tal como a fé reconhecemo-la quando se manifesta, nós em geral, procuramos ter sempre boa opinião´da nossa estupidez, mascaramos a verdade e exageramos os erros dos outros.
Para odiar nada é necessário é inato, basta pressentir ameaça e rosnamos e em cada
rosnido nascem e crescem fanatismos e intolerâncias.
A burocracia alimenta-se dela, a religião e a política afagam-na.
Toda a histeria da pseudo-ciência criou multidões de crentes, pois a estupidez infelizmente não incomoda.
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