sábado, 31 de março de 2012
Notícias da asfixia democrática
sexta-feira, 30 de março de 2012
Desconversão: o fim
Uma excelente série de vídeos no youtube partilha a experiência de desconversão do seu autor. A série de vídeos começa por uma introdução, pela explicação de como era a vida de cristão no início, para então explicar detalhadamente porque é que é tão difícil abandonar a crença em Deus apesar de tantos indícios fortes («evidences», daí o pseudónimo do autor) que apontam para a sua existência. A série não termina com a desconversão do autor: a partir daí continua a seguir diferentes descobertas e elaborações até uma sistematização final e epistemologicamente coerente de como apreender a realidade.
Nota-se um enorme esforço na elaboração dos vídeos, que estão muito bem conseguidos, e conseguem transmitir ideias bem articuladas e razoáveis de forma profunda, mas fácil.
Muito apropriadamente, parece-me que o melhor vídeo da série é precisamente aquele que relata o momento da desconversão. Este vídeo é melhor compreendido se for visto depois de todos os que o precedem na lista, mas também pode ser visto isoladamente, e continua a ser muito bom. Aconselho-o vivamente a crentes e descrentes, e a qualquer pessoa interessada por estes assuntos:
Texto também publicado no Diário Ateísta.
quinta-feira, 29 de março de 2012
Orwell em Cuba
Mais um exemplo da «austeridade»
São tantos...
Revista de blogues (29/3/2012)
- «(...) O relatório do PE de 2007, elaborado pelo relator Claudio Fava, enfrentou uma grande oposição no parlamento, o que resultou, praticamente, em nenhuma responsabilização no seio dos países da UE. O quinto aniversário e o novo relatório assinalam um marco importante para o projeto que consiste em desvendar a verdade sobre a cumplicidade europeia. Pede-se aos governos, que alegadamente colaboraram com a CIA em transferências ilegais, desaparecimentos e tortura, uma investigação independente, imparcial e efetiva às violações dos direitos humanos. Desde o relatório Fava, o governo Lituano admitiu manter prisões secretas da CIA no seu território, um edifício em Bucareste foi identificado como sendo, alegadamente, um centro de detenção da CIA e foi feita uma investigação levada a cabo pelas autoridades polacas a outros locais secretos, mas teve entraves sucessivos, apesar de dados divulgados em 2009 apontarem para a cumplicidade polaca. A Dinamarca e a Finlândia têm sido relacionadas com a Lituânia nas recentes divulgações sobre voos de rendição, mas a Finlândia recusou prosseguir as investigações e o atual relatório da Dinamarca é demasiado restritivo para cumprir os padrões dos direitos humanos. Um inquérito britânico foi abruptamente suspenso em 2011, enquanto se aguarda uma investigação criminal à cumplicidade britânica no programa de rendições da CIA na Líbia. (...)» (Amnistia Internacional)
quarta-feira, 28 de março de 2012
E no entanto a direita move-se
Primeiro foi este cartaz dos meninos. Depois, a utilização de músicas do Zeca no congresso dos papás.
Há que dizer com toda a frontalidade, como diria o saudoso artista Bastos: a direita pôs as mangas de fora. É uma direita muito diferente da de há trinta e sete anos atrás, saudosa do passado e que queria manter as coisas como estavam. Esta direita quer alterar, mudar. E não tem por isso vergonha de ir buscar símbolos e slogans de mudança, historicamente associados à esquerda. Esta direita pouco ou nada tem de conservadora. Perante ela, a esquerda não tem de ter receio de ser chamada "conservadora". Não por não querer mudar a situação, mas por mudá-la num sentido oposto ao da direita. A direita está em movimento, e como a analogia cinemática do meu texto anterior explica, antes de se iniciar um movimento no sentido oposto há que parar.
Isto não significa - que fique bem claro - que a esquerda deva cristalizar ou ser avessa à mudança. De maneira nenhuma. Agora não deve ter vergonha de dizer que o progresso se faz também por conservação do que é bom.
Física básica
A CGTP quer que o país ande "para a frente", mas numa direção bem diferente da que o governo quer (ou se calhar na mesma direção, mas num sentido oposto). Nesta última hipótese (ou seja, admitindo que o país está a andar para trás), antes de o pôr a andar para a frente é preciso pará-lo. Isto é física do 10º ano. Acho lamentável que quem acuse os sindicalistas de "falta de lógica" não saiba física tão básica.
Revista de blogues (28/3/2012)
- «(...) Das declarações percebe-se uma coisa: a PSP só queria dar porrada nos manifestantes e lamenta ter dado porrada também em jornalistas. Como, nas próximas manifestações, a PSP também só vai querer dar porrada nos manifestantes mas não em jornalistas, estes devem pôr-se atrás da linha da polícia, devidamente identificados, de preferência com coletes fluorescentes e sem tirarem fotografias de polícias de frente. Se não seguirem estas regras, a PSP não garante nada. Se os jornalistas estiverem ao pé dos manifestantes, habilitam-se.
(...)
É tão inaceitável que um fotógrafo seja agredido pela polícia quanto é inaceitável que um manifestante comum seja agredido. Haveria uma agravante na agressão se ela tivesse tido lugar por se tratar de um jornalista - pois a polícia estaria a cometer o duplo crime de agressão e atentado à liberdade de imprensa. Neste caso porém, segundo a própria polícia, os jornalistas só foram agredidos porque pareciam cidadãos comuns.
É o SIS quem arma os cassetetes da PSP
Há muito que defendo que a única boa solução para a democracia é extinguir o SIS e o SIED. E já é tarde.
Olha, olha...
- «(...) na greve de 24 de Novembro detivemos um homem que estava a dar pontapés nas grades frente à Assembleia da República, mas quando já estava algemado disse que pertencia às brigadas de investigação criminal da PSP» (via Arrastão).
terça-feira, 27 de março de 2012
Considerações gerais sobre greves gerais
A greve deve ser um último recurso, e não é assim que tem sido usada. É um meio de luta que tem muitos defeitos, nomeadamente não ser na prática acessível aos trabalhadores precários e desprotegidos, uma realidade que, infelizmente, nos dias de hoje, é a de grande parte. São estes, creio, os dois principais problemas da Fernanda com a greve, e concordo com eles em grande parte. Concordo que por vezes se convocam greves sem se proporem grandes alternativas. Concordo que os sindicatos se cristalizam sobre os trabalhadores sindicalizados – afinal, são deles que eles vivem: são eles que lhes pagam as quotas. E acrescento a sensação mais frustrante de fazer greve, que só quem faz greve e sente o dia de salário a menos (é isso fazer greve: não receber salário por um dia) pode sentir: perguntar para que serve a greve? Que resultados concretos podem daí sair? Se a greve não for bem justificada, se todos os trabalhadores não forem bem mobilizados, a greve não serve para nada. Creio que terá sido o caso da greve da semana passada.
Dito isto, não consigo subscrever o texto da Fernanda nesta altura. Quanto à oportunidade da greve: têm sido feitas muitas, e com poucos resultados, pelo que esta não é nada oportuna. Mas seguiu-se a um acordo de concertação social que constitui o maior ataque aos trabalhadores de que há memória nas últimas décadas, acordo esse que foi pusilanimemente assinado por uma das centrais sindicais. Seria sempre, por isso, uma greve parcial. Mas que poderia a CGTP fazer para protestar contra este acordo?
Quanto à (suposta) inadequação da greve ao mundo laboral atual, pergunto uma vez mais: e alternativas? Como podem os trabalhadores protestar contra decisões que lhes dizem respeito? Com manifestações? Isso leva-os a algum lado?
Parece-me que, para os trabalhadores, a greve continua a ser o pior dos protestos com exceção de todos os outros. Deve ser usada com parcimónia, mas não lhe encontro substituto. E gostava de encontrar. Penso, mas não consigo. Se a Fernanda – que agora até já cita Lenine! – encontrar um, que avise a malta.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Regulamentar ou desregulamentar, eis a falsa questão
Na minha opinião, é um absurdo dizer que desregulamentar é, em si, um bem. É fácil perceber como certas regulamentações são essenciais para proteger o património comum: obrigando as indústrias a considerar os impactos ambientais da sua actividade, e a tomarem providencias para os minimizarem; obrigando indústrias mais perigosas a tomar medidas de segurança que protejam os seus trabalhadores; garantindo que existem condições sanitárias mínimas em relação à comida que compramos, que não corremos um grave risco de saúde, etc.
Em todos estes casos, estas regulamentações permitem que os empresários e investidores mais diligentes na protecção destes valores (ambiente, segurança da mão de obra, condições sanitárias, etc.) não acabem destruídos pela concorrência, e por isso eles agradecerão tais leis.
No entanto, se a ganância for mais forte que os padrões mínimos de decência, os empresários e investidores exercerão um esforço significativo no sentido de maximizar os seus lucros através da abolição destas leis, ou da subversão do sistema de fiscalização.
Um exemplo notável é o famoso derrame da BP, um dos maiores desastres ambientais de sempre. Esta empresa gastava nas medidas de prevenção adequadas consideravelmente menos que os seus concorrentes, e fazia tudo o que podia para evitar as despesas associadas à segurança, enquanto lutava contra todas as formas de regulamentação.
Talvez menos conhecidos são os vários exemplos associados aos irmãos Koch: as avultosas contribuições de campanha numa luta sem pudor nem moral para conseguirem alterar as leis em seu benefício. Ou a forma como tantas vezes as instituições responsáveis pela fiscalização são dirigidas por alguém com laços muito fortes às indústrias que pretende fiscalizar, o que acaba por resultar numa desregulamentação que favorece essas indústrias, à custa do interesse comum.
Mas existem situações, pelo contrário, onde a forma de favorecer grandes interesses económicos é precisamente através da criação de regulamentação desnecessária. Tal regulamentação prejudica os pequenos produtores, coloca barreiras à entrada no mercado e constitui um entrave à concorrência, favorecendo a exploração «rentista» do mercado. Por outro lado, torna a lei menos simples clara e acessível, e contribui para a lentidão do sistema de Justiça (no caso de Portugal trata-se de um dos maiores entraves ao seu desenvolvimento económico). Como se não bastasse, pode ser facilitadora da arbitrariedade dos fiscalizadores, e da pequena corrupção.
Parece-me portanto evidente que pouco importa se uma alteração legislativa vai no sentido de aumentar a regulamentação ou diminuí-la. O que importa saber é se essa alteração serve o bem comum, ou interesses privados inconfessáveis.
Revista de blogues (26/3/2012)
- «Começámos a subir a Rua do Carmo, depois a Rua Garret onde começámos a ver o movimento anormal de carrinhas de Polícia de Intervenção e corremos até ao sítio para onde se dirigiam. Perdi-me da Patrícia e fui direito ao rapaz que aparece em todos vídeos a tirar o sangue da testa e atirar para cima da Polícia e apenas tirei uma fotografia (a penúltima aqui). Não tive tempo para me aperceber do que realmente estava a acontecer ali. Quando me virei para trás tirei esta última que aqui está e vi que estavam a começar a avançar e que iriam varrer tudo o que estava à frente. Por mais absurdo que possa ser o comunicado da PSP que refere que nós jornalistas devemos estar atrás da linha policial (provavelmente para apanhar a cara de quem leva e não a de quem bate, como diz o Francisco Paraíso hoje no CM), foi exactamente isso que eu tentei fazer porque me vi numa situação em que iria ser apanhado no meio da confusão sem sítio para escapar. Andei na direcção deles a dizer que era jornalista em voz alta e fiz sinal para que me deixassem passar para trás da linha que estavam a fazer e foi aí que me bateram pela primeira vez na cabeça e caí ao chão. O resto das imagens mostram como foi, sendo o resultado dois cortes na cabeça, 6 pontos, ombro, costas e joelhos amassados mas acima de tudo uma sensação de medo e impotência perante tudo o que estava a acontecer. A cara do polícia que me bateu era de raiva, até a língua estava a morder. Repeti não sei quantas vezes que era jornalista em pânico e nem assim ele parou, ainda deu com mais força. Nunca pensei que aquilo pudesse acontecer cá.Ainda mais revolta causa ver as imagens da Patrícia a ser agredida daquela maneira! Como é possível?! Desde quando uma mulher com uma câmara fotográfica é ameaça para alguém? Não sei se foi premeditado ou não, mas a falta de inteligência daqueles animais não alcança que para cada câmara que tentam que não fotografe ou filme a sua brutalidade há dezenas de outras a captar o que está acontecer. E o resultado está à vista. As imagens daquelas duas senhoras já mais velhas, uma a levar uma joelhada no peito e outra a ser atirada ao chão também não há palavras para descrever. Parabéns a quem captou tudo isto para que se possa ver e rever. A única coisa boa que se tira disto é exactamente a atenção que o assunto está a ter, para que não se repita.» (José Sena Goulão)
domingo, 25 de março de 2012
Desonestidade no mundo financeiro
sábado, 24 de março de 2012
Revista de blogues (24/3/2012)
- «sempre que escrevo neste blogue sobre algo relacionado com judeus ou israel constato que as reacções, quer nas caixas de comentários quer noutros blogues, são de dois tipos: ou de ódio mais ou menos mitigado (trazendo geralmente à colação a questão palestiniana, mas também a ideia de uma conspiração judaica global, incluindo a tese de que 'os judeus' estiveram por trás por exemplo do 11 de setembro) ou de defesa histérica, do género 'nada se pode dizer sobre os judeus, nada se compara ao sofrimento dos judeus, os judeus não podem ser comparados com ninguém', tornando blasfémia e sacrilégio sequer aventar que aquilo que sucedeu na história da europa com os judeus é apenas (apenas, sim) uma expressão particularmente virulenta do preconceito e da discriminação.
ora eu, que não quero distinguir entre um judeu e um não judeu mais do que quero distinguir entre uma mulher e um homem, um homossexual e um heterossexual, um negro e um branco, e por aí fora -- porque considero que a ideia de tratar pessoas como 'grupo' a partir de características étnicas, de orientação sexual, de género, etc, mesmo que por motivos estratégico-políticos, naquilo a que se costuma chamar 'essencialismo estratégico', é sempre uma armadilha que reforça o preconceito -- fico sempre estupefacta ante a forma como se aceita sem discussão a ideia de que ser judeu é qualquer coisa de único, para o bem e para o mal, numa incorporação perversa, horrífica, da perseguição como identidade.
sexta-feira, 23 de março de 2012
Rui Tavares na TEDxCascais
As crises da União Europeia e algumas soluções democratizantes e exequíveis.
50 anos depois, a Mafalda não perde atualidade
Algumas respostas
Destaco a resposta da PSP:
«A PSP tem feito com a antecedência necessária diversos apelos aos órgãos de comunicação social (OCS) e a outros intervenientes que estão directamente envolvidos nestes cenários por força das suas funções, para a necessidade de se identificarem, colocando-se sempre do lado da barreira policial que os separa dos manifestantes em geral».
Pois, isso seria realmente muito conveniente...
Marinho Pinto acusa a polícia de "continuar com tiques da ditadura"
Concordo, em particular com o seguinte:
«"Agredir jornalistas que não cometeram nenhum ato de violência revela o atraso que temos na nossa democracia, que é muito grande ainda o caminho a percorrer", disse, sublinhando que, "as greves gerais em Portugal têm sido "marcadas pela atuação negativa dos polícias".
O bastonário sustenta que "a polícia não pode ser um elemento de perturbação pública, nem pode tratar todas as pessoas como se fossem criminosas, tem limites para a sua atividade e tem que respeitá-los, não pode fazer o que quer".»
Notas adicionais sobre a manifestação
Também percebo que a cobertura jornalística está confusa e cheia de equívocos, até mesmo porque se referem a eventos passados na Avenida Almirante Reis (perto do Banco de Portugal, em Anjos), como tendo acontecido no contexto na manifestação convocada pela Plataforma 15 de Outubro, quando o percurso desta era do Rossio até S. Bento, e não tendo portanto qualquer associação com aquilo que se passou alguns quilómetros de distância. Há muitas outras alegadas incorrecções que vários manifestantes têm apontado, e em muitos casos não tenho forma de saber quem está certo (no exemplo que dei é evidente quem está errado...).
De resto, há coisas difíceis de justificar (só mesmo em sátira), como isto:
Ontem foi assim
As imagens evidenciam violência totalmente injustificada da polícia. Tiveram azar: atingiram jornalistas, nomeadamente uma correspondente da FrancePress. Estão a ser difundidas um pouco por todo o mundo (até no Irão). Quem vai confrontar o ministro Miguel Macedo?
quinta-feira, 22 de março de 2012
A secularização da sociedade portuguesa acelera
Até um guardanapo
Um, dois, muitos Anders Breiviks?
quarta-feira, 21 de março de 2012
E boas notícias
Uma evolução gradual ao longo dos anos, com altos e baixos, que está prestes a atingir um ponto simbólico: a nossa balança comercial está quase equilibrada.
Como se conseguiu? Entre outras coisas, foi a aposta na inovação e na educação, no Turismo de qualidade, na produção de energia, etc...
Agora parece que se pretende apostar na diminuição dos salários e dos direitos laborais - uma escolha com falta de visão. A aposta que falta fazer é a de criar um sistema de Justiça que funcione: é isso que vai promover o investimento, sem sacrificar o crescimento económico e o desenvolvimento do país.
Nasceu a Lyani Viiktórya!
A nossa princesa quis fazer-nos uma surpresa no dia da Nossa Senhora de Fátima, dia em que também casamos, dia 13 :-) :-) :-) :-) .-) Nasceu a 13 de Janeiro de 2011, com 2.920kg e 48cm :-) :-) :-) É uma linda princesinha com o nome de LYONCE VIIKTÓRYA.
Lyonce da fusão de Luciana e Yannick e Viiktórya pelo nosso amor ter triunfado e ter vencido todos os obstáculos e má lingua de tanta gente, principalmente daqueles que até hoje só apareceram na nossa sombra, graças à nossa luz e por sermos fuguras públicas tão mediáticas. Deus é grande e justo.
Do pai da criança, sabe-se que contribui mais para o futebol enquanto passagem de modelos que enquanto espetáculo. A mãe tornou-se conhecida por uma telenovela e um reality show. Pelos vistos estes pais querem que as filhas sejam famosas à força, e de qualquer maneira. Nem que seja só pela excentricidade do nome.
Não me parece difícil concluir que os motivos para o nome da segunda filha são os mesmos do da primeira. Não sei, por outro lado, se está nos planos do casal terem mais alguma filha, ou um rapaz. Alguém sugere nomes para a pobre criança?
Más notícias
«Défice do Estado quase triplica até Fevereiro»
«[BCE] não exclui a possibilidade de uma contracção de 5%, tal como consta do boletim mensal»
E haveremos de sair desta crise? Claro que sim, a mal ou a bem, mais tarde ou mais cedo, todas as crises chegam ao fim. Mas a ganância, a sede de poder de quem chegou ao Governo foi responsável por um enorme agravamento desta crise, e o país vai pagar muito caro ter dado ouvidos às suas mentiras.
Revista de blogues (21/3/2012)
- «(...) Arriscamo-nos a perder a geração que mais esforço e dinheiro nos custou a formar, e na qual depositámos esperanças na modernização do país. Se isso acontecer, os efeitos da austeridade de 2012 ainda estarão convosco em 2022. O país estará divido entre aqueles que mais dependem da segurança social e do sistema nacional de saúde e uma população ativa de onde os mais formados saíram do país. Junte-se a esse panorama as remessas da emigração e o “Conta-me como foi” passa a ser uma série sobre o futuro de Portugal.
Há maneira de inverter essa tendência. A União Europeia precisa de competir com o enorme investimento que os países emergentes fazem em Investigação & Desenvolvimento. Só o que a China gasta nessa área é superior a todo o orçamento da UE. O Brasil abre novas Universidades Federais todos os anos. Porque não fazem os europeus o mesmo, fundando estrategicamente Universidades da União nos países mais afetados pela crise para impedir a fuga de cérebros e preparar os sillicon valleys do futuro? (Defendo essa ideia, chamando-lhe “o programa Erasmus levado à maturidade” num artigo da revista Europa: Novas Fronteiras dedicado à sociedade do conhecimento).
(...)
Exemplos como o da emigração dos jovens qualificados permitem-nos entender como a austeridade, no contexto errado, pode ser pior do que um disparate: é um desperdício.» (Rui Tavares)
terça-feira, 20 de março de 2012
Moebius (1938 – 2012)
Obama mostrou consternação pela libertação de jornalista
Mais uma traição de Obama. Já vem sendo hábito.
Revista de blogues (20/3/2012)
- «(...) É verdade que o valor nominal dos impostos será menor se o Estado investir menos em educação, sendo o resto constante. Mas é falso que isto represente uma redução no esforço económico médio das pessoas que contribuem os impostos. Isto porque custa muito menos pagar dois mil quando se ganha seis mil do que pagar duzentos quando se ganha seiscentos. Os impostos são a melhor forma de reduzir o sacrifício médio de pagar algo que a maioria deseja, pela forma como distribuem o esforço. (...)
Haverá sempre quem tenha dinheiro para pagar cursos da treta, e haverá sempre empreendedores a lucrar oferecendo-os. Quanto mais o Estado se ausenta do ensino, mais o critério principal de concorrência passa a ser o lucro, que depende mais da capacidade de cobrar dinheiro aos clientes do que de de dar uma boa formação aos alunos. (...)
Felizmente, o curso não é o mais importante, porque o fundamental no ensino superior é que os alunos aprendam a aprender. Tanto faz que estudem física nuclear, biologia molecular ou história da arte, o que importa é que desenvolvam a capacidade de lidar com informação nova, de a examinar de forma crítica e de testar as opiniões que vão formando. Não é realista planear antecipadamente uma carreira de quarenta anos. Mas saber ler, escrever, aprender e pensar é sempre uma vantagem, e a proficiência nisto exige muito mais formação do que a maioria julga.
segunda-feira, 19 de março de 2012
Prós e Contras com a participação do Ricardo Alves
Espero que seja um debate útil e construtivo.
Revista de imprensa (19/3/2012)
- «At the weekend, I was honoured to award the Secularist of the Year prize to Peter Tatchell on behalf of the National Secular Society. From the stage, I looked across the restaurant where the celebratory lunch was held and saw only intelligent, polite people (...). I had to break the news to them that according to respectable society they were fanatics; the moral equivalents of religious bigots. On the one hand, conventional commentators held, there were Islamist militants who slaughtered without compunction, Jewish Orthodox militants who persecuted freethinking women, Hindu nationalist militants who drove artists out of India, African Christians who murdered homosexuals, Protestant militants who attacked Catholic homes in Belfast, and Catholic militants who responded in kind.
On the other hand, there were ‘militant secularists’, who… well, what? No one can say.
(...)
domingo, 18 de março de 2012
Da falta de liberdade religiosa em Inglaterra
sexta-feira, 16 de março de 2012
Venda do BPN - o cheiro a esturro torna-se mais intenso
Mas além desta evidência, havia outro forte indício de que este negócio era suspeito: «PSD e CDS-PP voltam a rejeitar requerimento do PS para ouvir concorrentes e CGD sobre venda do BPN». Porque é que tentavam evitar a transparência e o esclarecimento? Porque não deixar os deputados cumprir a sua função fiscalizadora?
Com o passar do tempo, os indícios de que este negócio era pouco sério foram-se avolumando: Governo decidiu venda do BPN sem parecer exigido por lei. Não posso deixar de citar esta parte (destaque meu): «O Governo vendeu o Banco Português de Negócios (BPN) ao luso-angolano BIC Portugal por 40 milhões de euros, sem ter na sua posse, como a lei exigia, o parecer da Comissão de Acompanhamento das Reprivatizações, que sobre esta operação nunca foi consultada.».
Outra notícia que veio a público foi a seguinte: «Bruxelas chumba venda do BPN se o Governo mantiver crédito a custo zero». Destaco apenas «A DGC chumbou este ponto por o considerar uma ajuda encapotada do Estado português ao banco de capitais luso-angolanos.».
Vem esta lista a propósito da notícia mais recente a este respeito: «Assunção Esteves ameaçou demitir-se por causa do inquérito ao BPN». Aqui não é a ameaça de demissão a parte relevante na notícia - a própria notícia refere que Assunção Esteves nega que tal ameaça tenha acontecido. Aquilo que me parece verdadeiramente relevante é isto: «[Assunção Esteves] sentindo-se desautorizada pela maioria que suporta o Governo. Isto porque a presidente já tinha anunciado que estava de acordo com o requerimento apresentado pelos partidos da esquerda, argumentando precisamente com o facto desta iniciativa ter carácter potestativo. [...] Um dos líderes parlamentares da direita terá mesmo afirmado que se o Parlamento aprovasse o requerimento da esquerda, a maioria parlamentar passaria a chumbar todos os agendamentos da oposição.»
Note-se a importância que alguns deputados da maioria estão a dar ao caso, a diligência com que tentam evitar qualquer tipo de investigação, mesmo a custo de subverter as regras de funcionamento da Assembleia da República. Não é razoável reagir assim porque a investigação lhes parece inútil ou pouco relevante. Quem não tem nada a esconder não se comporta desta forma.
Neste momento os indícios são muito fortes, ao ponto de justificarem a minha convicção profunda de que existiu corrupção no negócio da venda do BPN.
quinta-feira, 15 de março de 2012
Sondagens
Feito o aviso, aqui fica a evolução dos resultados que têm obtido:
quarta-feira, 14 de março de 2012
Um paradoxo agravado
Servir bicas num bar é grotesco
Agora que já temos um ano e meio de casamento homossexual em Portugal, posso comprovar aos nossos leitores ingleses que esta redefinição apresenta um perigo para o tecido familiar e social da sociedade portuguesa. Conheço dois jovens que estavam noivos antes da lei e entretanto cancelaram o casamento porque "agora até dois homens se podem casar, e isso estragou os nossos planos de vida porque não queríamos ter os mesmos planos que dois homens". Um casal com filhos divorciou-se porque "o casal de fufas que morava há 10 anos lá no prédio agora também tem aliança, e nós não queremos ser como elas. Já estamos em processo de divórcio".
Felizmente o PCP ajudou a bloquear a adoção por casais homossexuais, já que consta que as crianças iam deixar de ser amadas pelos pais adotivos.
terça-feira, 13 de março de 2012
Ciência: Espanha e Portugal, o mesmo combate
segunda-feira, 12 de março de 2012
Banco ambientalista em expansão na Europa
Nos seus folhetos publicitários, o Banco Triodos faz questão em informar os seus potenciais clientes: "Não estamos cotados em bolsa. Não especulamos com o vosso dinheiro e a prática de bónus milionários não faz parte da nossa filosofia.”
O principal setor de atividade deste banco é o crédito a projetos de inovação no domínio ambiental como a agricultura e comércio de produtos biológicos, as energias renováveis, o apoio ao comércio justo, a arquitetura de regeneração urbana (ex:complexo Tour & Taxis, Bruxelas), a construção de edifícios energeticamente sustentáveis e o investimento em empresas inéditas, como a escola de condução económica Key Driving. Mas, para além do domínio ambiental este banco aposta também em investimentos de cariz ético-social, como o microcrédito, fundações que combatem a exclusão social, um projeto de distribuição de instrumentos musicais em segunda mão na Palestina e documentários cinematográficos dedicados a causas ambientalistas e sociais.
Este banco holandês classificado como banco ético entrou em atividade em 1980, o que demonstra que a especulação e a ganância não são condições necessárias para se construir um negócio bancário rentável (ver ação nos painéis da Nasdaq em Nova Iorque). O Triodos ainda não está presente em Portugal. Possui delegações apenas na Holanda, Alemanha, Reino Unido, Bélgica e Espanha. No entanto, espera-se que o exemplo deste banco contagie outras instituições bancárias, sobretudo quando se constata que já atingiu os 355 mil clientes e que os seus lucros relativos a 2011 são cerca de 51% acima dos lucros de 2010.
O verdadeiro objectivo do episódio das escutas
No entanto, e que tal se, como nos filmes de Hollywood, o «falhanço» fizesse parte do plano original? Planos dentro de planos, até à reviravolta final. Afinal Cavaco Silva sempre quis proteger José Sócrates, e destruir Manuela Ferreira Leite, essa fiel «cavaquista».
O leitor acredita que esta teoria é demasiado cómica para que alguém a considere plausível? Pois pode acreditar que João Lemos Esteves dá-a como certa neste seu texto de opinião no Expresso:
«Nunca Cavaco silva ousou conter a loucura do governo socialista e até inventou o episódio das "escutas a Belém" para liquidar a liderança de Manuela Ferreira Leite - e desta forma manter o PSD afastado do poder, salvando José Sócrates. »
O que vale é que, no meio de toda a desgraça, uma pessoa ainda pode dar uma gargalhada ou outra com a política nacional.
domingo, 11 de março de 2012
Engano nas portagens, mas mais para a lista
No entanto, isto é especulação da minha parte: tanto quanto se sabe, eles serão devolvidos na próxima renegociação do contrato - menos mal, e risque-se este episódio da lista. [Editado em 12 de Abril de 2010: afinal não houve engano algum: não se pode riscar este episódio da lista. A Lusoponte vai efectivamente ganhar os 4,4 milhões em causa.]
Mas a lista não fica mais curta com o passar do tempo. Sobre a venda do BPN, novas notícias dão mais indícios (além dos vários que já existiam) de que este é um negócio pouco sério.
Outra novidade é a escolha da Ernst & Young para auditar as PPPs. Passo a palavra ao Público (destaques meus):
«João Camargo, elemento do grupo técnico de auditoria da IAC, insiste que a consultora “não tem qualquer capacidade de independência”, havendo, segundo disse ao PÚBLICO, “um conflito de interesses pelo facto de estar intimamente envolvida com várias empresas”.
A IAC, que exige que seja feita uma auditoria “em condições de isenção e de independência”, refere num comunicado hoje emitido que a Ernst & Young presta serviços a empresas que “estão envolvidas, entre outras, nos consórcios da Lusoponte, Auto-Estradas do Atlântico, Auto-Estradas Túnel do Marão, Hospital de Braga e Hospital de Vila Franca, Barragens de Gouvães, Alto Tâmega, Daivões e Girabolhos”.
As linhas de orientação do Tribunal de Contas para o desenvolvimento de auditorias externas às PPP, elaborado em 2008, e que a IAC, aliás, cita, sustentam que um consultor externo “que venha a prestar serviços ao parceiro público não poderá prestar assessoria ao parceiro privado ou a qualquer entidade que se apresente como concorrente no âmbito dessa parceria”.
O PÚBLICO enviou várias perguntas ao Ministério das Finanças, a quem coube a decisão final da escolha da Ernst & Young, mas não obteve resposta até à publicação desta notícia.
As consultoras concorrentes estão, neste momento, a avaliar se vão ou não reclamar da decisão junto do Ministério das Finanças. »
E quanto ao nepotismo que mencionei, surge agora um novo episódio perfeitamente exemplificativo, que é descrito no Câmara Corporativa, e que passo a citar parcialmente:
«Ana [Manso] não foi nada mansa: escolheu o próprio marido para o cargo de auditor interno, ao qual incumbe inspeccionar os actos do conselho de administração presidido pela mulher.
Os jornais trouxeram a notícia e o marido abandonou de mansinho. Mas não deveria ter sido a mulher do marido a ser demitida?»
sábado, 10 de março de 2012
O Vaticano manda aqui?
sexta-feira, 9 de março de 2012
Revista de imprensa (9/3/2012)
- «É oficial: bastaram oito meses para o Governo passos entrar na fase horribilis. À guerra aberta com o PR (e vice-versa), junta-se a guerra intestina, com relatos de conselhos de ministros nos jornais, frases cortantes de Gaspar para Álvaro, e ataques de nervos deste perante o desmantelamento da sua tutela, num expressivo desenho da descoordenação governamental e da ausência de uma autoridade central e aglutinadora por parte de quem tem de a ter - o PM.Já devíamos, pois, estar preparados para o espetáculo servido esta semana sobre o caso Lusoponte, com Passos a evidenciar a sua falta de preparação e de pulso ao admitir nada saber do assunto no debate quinzenal para, a seguir, e face à insistência do BE, afirmar uma falsidade prontamente desmentida por um seu secretário de Estado nessa mesma tarde. Secretário de Estado que por sua vez teve de se desmultiplicar em explicações cada vez mais confusas quando colocado perante a evidência de que fora alertado, pela Estradas de Portugal, para o duplo pagamento à empresa e de que a própria Lusoponte considerava ser impossível, face ao contrato existente, o Estado fugir à entrega da indemnização correspondente à não cobrança de portagens mesmo que estas fossem cobradas (interpretação que o secretário de Estado acompanhou, ordenando à Estradas de Portugal que devolvesse o valor das portagens à Lusoponte). (...)» (Fernanda Câncio)
quinta-feira, 8 de março de 2012
quarta-feira, 7 de março de 2012
O "salazarito"?
terça-feira, 6 de março de 2012
Este Governo não é austero - mais uma para a lista
Defesa do homicídio estatal
As pessoas mais ricas são tendencialmente menos honestas?
No livro Freakonomics é descrita uma experiência (venda de bolos onde vendedor não está presente: existe um preçário e um mealheiro, e o negócio está dependente da honestidade dos clientes) que teve resultados semelhantes:
«Executives, Feldman discovered, also tended to be more dishonest about paying than lower-ranked employees. Delivering bagels to three different floors that comprised the executive, administrative and sales departments, Feldman found that the executive floor had a lower payment rate than the other floors. This could be due either to executives having an over-developed sense of entitlement to things (including bagels) or maybe because cheating was how they got to be executives in the first place.»
segunda-feira, 5 de março de 2012
O desastre das PPP´s
Infelizmente, é ao PS que se deve a quase totalidade das PPP´s. E portanto mal se ouvem desse lado críticas veementes a estes negócios ruinosos para o Estado. Já o CDS, não hesita em criticá-las (ou será apenas mais uma forma de atacar o fragilizado Álvaro Santos Pereira?).
Meterem-se com as freguesias é fácil, reduzir os municípios seria mais difícil
Prefiro o sistema actual
- «A pergunta que lanço aos cidadãos que sofrem as consequências de tais "ilegalidades" é se preferem o sistema que existe ou se não se importam de abdicar de parte da sua privacidade em favor de processos como câmaras ocultas e escutas várias, que permitem desmantelar os perigosos sistemas do crime organizado, que toma hoje no mundo proporções astronómicas.» (Manuel Mota no Público)
Este Governo não é austero
Eu tenho um problema com esta crítica: não me parece que as políticas do Governo sejam «austeras», pelo contrário: vejo um enorme desperdício, e uma total despreocupação com a preservação do património público.
Cinco exemplos simbólicos de favorecimento de privados que custam milhões ao estado vêm-me à memória:
«uma das primeiras decisões do Governo depois de tomar posse foi introduzir portagens na ponte 25 de Abril durante o mês de Agosto, [...]. A ideia seria aumentar a cobrança dos impostos pagos nas protagens mas sobretudo poupar na indemnização compensatória paga à Lusoponte pela quebra nas receitas, no valor de 4.4 milhões de euros. O problema é que a Lusoponte, [...] exigiu ao Governo esses 4.4 milhões. [...] Em Novembro, [...], foi decidido que esse dinheiro seria pago à Lusoponte pelas Estradas de Portugal, por sinal uma das empresas públicas que pior desempenho tiveram em 2011.» (Ladrões, corruptos, vigaristas no Arrastão) [Novos desenvolvimentos descritos aqui]
«O Governo vendeu o Banco Português de Negócios (BPN) ao luso-angolano BIC Portugal por 40 milhões de euros, sem ter na sua posse, como a lei exigia, o parecer da Comissão de Acompanhamento das Reprivatizações, que sobre esta operação nunca foi consultada.». Note-se que «Quanto à proposta do NEI, este ofereceu 106,4 milhões de euros» e que «PSD e CDS-PP volt[ar]am a rejeitar requerimento do PS para ouvir concorrentes e CGD sobre venda do BPN».
«Para a TIAC, a nomeação de uma comissão especial de acompanhamento à privatização da EDP, feita já na fase final do processo, não dá quaisquer garantias de escrutínio público. "Trata-se de uma comissão nomeada arbitrariamente pelo próprio Governo ao arrepio das recomendações da TIAC e que nunca produziu qualquer parecer público em relação a um processo que está já praticamente concluído"» e os resultados são conhecidos: «As nomeações para a EDP são um mimo. Catroga, Cardona, Teixeira Pinto, Rocha Vieira, Braga de Macedo... isto não é uma lista de órgãos societários, é a lista de agradecimentos de Passos Coelho. O impudor é tão óbvio nas nomeações políticas que nem se repara que até o antigo patrão de Passos, Ilídio Pinho, foi contratado.»
«O deputado do PSD Mendes Bota veio hoje denunciar o negócio à volta da exploração de gás natural e petróleo no Algarve. Avisa que não há estudo dos riscos e as contrapartidas para o Estado são insuficientes.»
«A eliminação das golden shares, prevista no memorando de entendimento com a troica, deveria ser paga pelos accionistas dessas empresas, defendem economistas citados pelo jornal de Negócios.»
Mas há uma série de outros exemplos, desde as transacções dos fundos de pensões dos bancos («Sendo assim, se os fundos não tivessem sido transferidos ou tivessem sido transferidos em melhores condições, quantos cortes poderiam ter sido poupados, das pensões às taxas moderadoras, dos subsídios de emprego ao rendimento social? Fácil, o equivalente a 0,3% do PIB»), até novas mordomias e nepotismo, passando por episódios mais simbólicos. Esta lista está muito longe de pretender ser exaustiva...
E depois, existem opções legítimas, mas contrárias aos objectivos de uma política austera. Contratar 4000 militares, como o Governo pretende fazer, corresponde a um gasto muito significativo, e completamente contrário a qualquer pretensão de austeridade. Como já mencionei, existem em Portugal menos de 1500 juízes e temos um sistema de Justiça cuja lentidão é um dos maiores entraves ao nosso crescimento económico. Se as políticas fossem de austeridade, esta contratação de 4000 militares faria algum sentido?
Claro que é possível notar que a esquerda não chama «austeras» a estas políticas, mas sim «austeritárias». Pois, assim faz mais sentido...
Sahida
III - [letra h em posição medial]
É eliminada a letra h do interior de todos os vocábulos portugueses, com execpção do seu emprêgo, como sinal diacrítico, nas combinações ch, lh, nh, com os valores que as seguintes palavras exemplificam, e únicamente para êles: chave, malha, manha. Portanto, escrever-se hão, sem o h, inibir, exortar, etc., e, semelhantemente, sair, coerente, aí, proìbir, etc.
O novo acordo começou a ser trabalhado em 1985, há mais de 25 anos. Neste acordo mudam de grafia 2 703 palavras. No Brasil mudam 1254 (~ 1% do total das palavras) e perde-se um acento: o trema. Nos restantes países de expressão portuguesa mudam 2 264 palavras (cerca de 1,75% do total).
Já escrevo e escreverei segundo as regras do novo acordo ortográfico. Ouvi e li especialistas, uns contra outros a favor. A favor ouvi argumentação bem fundamentada e contra o acordo ouvi sobretudo muita descarga de fígado contra o multiculturalismo, o "dantes é que era bom" e histórias de sofisticada intriga internacional. Pessoalmente preferia que a nossa língua adotasse regras semelhantes ao castelhano, italiano, alemão e línguas eslavas, em que não há ambiguidades entre a escrita e a fonética. Demos um passo nessa direção mas ainda estamos longe. Do ponto de vista estético tenho mais reservas, faz-me confusão escrever ótimo em vez de óptimo, apesar de já ter interiorizado quando escrevo em língua italiana - a herdeira direta da nossa língua mãe, o latim - a escrita de ottimo e de Egitto. Dou razão a um amigo italiano especialista em latinas, quando me relembra que o português e o romeno são as línguas latinas mais conservadoras.