A CP é uma empresa surpreendente. Convida-nos, através de spots publicitários, a dar "uma escapadela com amigos e descobrir Portugal de comboio", como competente agência de turismo. E, ao mesmo tempo, continua a fechar linhas. Uma a uma, sem complacências a ajudar ao despovoamento.
Apresse-se, pois, se tenciona responder ao desafio da ferroviária portuguesa e partir à conquista do país ao som do pouca-terra, pouca-terra. Tanta é a pressa de excluir troços ferroviários que o gestor do site da CP, por certo, dificilmente acompanhará o ritmo. Na página online da companhia, o visitante é induzido em erro. Não existem nove propostas, como diz, "À descoberta de Portugal a bordo do comboio regional". Eram nove, agora são oito. No ramal de Cáceres, em Portalegre, o comboio deixou de apitar no primeiro dia de Fevereiro. (...)
Serão estes cortes uma inevitabilidade? Não haveria outra solução: ao invés de encerrar, tornar estas linhas atractivas, verdadeiras alternativas ao automóvel?
O caminho parece ser outro. Há muito tempo, é certo, não ouvimos os políticos a dar qualquer sinal de preocupação com a despovoamento que devasta o país. Isso também faz parte do passado. E assim se avança. Fecham urgências hospitalares, fecham serviços de atendimento permanente, acabam os comboios. Até que não reste ninguém a morar por esses sítios. Quando a CP - empresa do Estado, da qual se espera um serviço público - fechar as linhas que dão prejuízo, fica no ponto para mudar de mãos. Quem a comprar não terá, seguramente, de prestar qualquer serviço público - o objectivo será mais prosaico, o lucro.
P.S. Nem só o interior é alvo do desmantelamento da CP. A linha de Leixões, pensada para transportar 2,9 milhões de pessoas por ano, fechou. Sem que a estação que lhe daria sentido (no hospital de S. João) chegasse sequer a nascer.
3 comentários :
Comparando, por exemplo com a Alemanha, a utilização que fazemos do comboio fica logo evidente sintomas do nosso atraso...
E os autarcas não pediram e obtiveram vias rápidas e auto-estradas
Não haveria outra solução: ao invés de encerrar, tornar estas linhas atractivas, verdadeiras alternativas ao automóvel?
não porque a alternativa não é ao automóvel
é ao camião
na Alemanha linhas secundárias chegam a transportar 100 a 200 mil toneladas por semana
em Portugal...entendido?
não? não faz mal
o automóvel permite opções
o comboio tem destinos fixos
a alternativa seria o transporte de mercadorias
os cereais alentjanos seguiam dos silos da EPAC em ÈVORA e BEJa para Lisboa e Faro
hoje a farinha segue via camião por auto-estradas várias
entendido?
idem para as 40mil tones de laranja algarvia
fizeram-se opções cavaquistas e guterristas sobre a rodovia
obviamente encerrem-no
uma locomotiva com 100toneladas de carruagens atreladas gasta
meia tonelada de diesel num percurso curto
leva 30 ou 40 palermas
fica a 10 litros por palerma
40 palermas fazem o mesmo percurso em 2 camionetas diárias
têm mais opções e sai mais barato
sintomas de atraso são o novo riquismo automobilizado
O custo de substituição das peças numa locomotiva é também muito superior por km a uma camioneta, todo o sistema relacionado à combustão deve ser examinado há revisões periódicas, do sistema de injeção (filtro de combustível, regulação das cremalheiras, bicos injectores,na admissão e exaustão de ar (turboalimentador, escape, aftercooler, filtros de ar),na câmara de combustão grande desgaste de anéis e camisa...e estas peças não são feitas em massa e deixaram de ser fabricadas em Portugal
não se desenvolve um sistema de transportes no vazio
e na ausência de cargas
mármores de Estremoz....etc
minérios quase todos em Neves Corvo
minas de Aljustrel (fechadas)
Panasqueira, Urgeiriça
Sapec? Quimigal, Estarreja, Covilhã?
Indústria madeireira segue via camião
Celuloses muito poucochinha vai via rail (fretes elevados)
Percebem o conceito de falta de cargas?
e dos custos?
maquinista do último escalão a 3000 por mês
mais ajudante a 2000 ou 2500
mais pessoal do sector de carga de 1500 a 2000 mais custos dos chefes
obviamente os fretes são caros
camionista mais ajudantes a ?
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