Também eu me preocupo com o destino dos meus impostos, mas acho muito bem que os pague e nunca questionei as minhas convicções ideológicas sempre que preenchi o IRS. Este teste surgiu verdadeiramente esta semana: toda a gente é de esquerda até ao dia em que tem que fazer uma greve. (Uma greve a sério; não não ir às aulas. Essas fiz algumas no ensino superior e, mais a sério, eram no ensino secundário – também as fiz contra a PGA-: ao menos aí o pessoal apanhava faltas e podia chumbar.) Toda a gente é de esquerda até ser confrontado com prescindir de uma parte do seu salário. Na idade em que o meu amigo votava no PSR e fumava ganzas, eu não tinha a menor dúvida: um trabalhador deveria sempre fazer greve, por solidariedade com os seus colegas.
A greve da semana passada, porém, não era uma greve setorial, e não tinha a ver estritamente com os meus “colegas”: era uma greve geral. E foi por isso que eu aderi: não creio que a minha classe tenha especiais razões de queixa, mas têm todos os trabalhadores. E os desempregados. E os precários. Aderi por estas razões, e desde então tudo tem piorado. Mas não deixo de me questionar: será uma greve o melhor modo de protestar contra as medidas de um governo? Concebo a greve para protestar contra um patrão, mas não é esse o caso. E não estarei, ao fazer greve, a reforçar uma oposição que não tem apresentado grandes alternativas? (Ou quando as apresenta são ainda piores, terríveis no caso do PSD.) Não sei. Uma greve é para exprimir um descontentamento. Eu estou descontente e fiz greve por isso.
3 comentários :
Compreendo o Filipe Moura mas, no meu caso, considerei que a minha entidade patronal não deveria ser prejudicada pelas políticas do governo sobre as quais é alheia. Mais, os bons resultados conduziram a uma melhoria salarial minha e dos meus colegas a meio do ano e com efeitos retroactivos. Perante estas circunstâncias, achei errado penalizar a minha empresa. Se o protesto fosse a um sábado concerteza que lá estaria. É, também esta, uma questão de princípio.
Concebo a greve para protestar contra um patrão, mas não é esse o caso...
Há uns anos no Vale do Ave um palerma tentou explicar aos trabalhadores que a greve numa empresa que estava por um fio
levaria ao não pagamento por parte dos clientes que estariam cientes que a falência estaria certa
e não pagariam nada...das suas dívidas cerca de 60mil contos
pagaram uns centos de contos ao sindicalista ou ao sindicato
e a greve durou quase uma semanita
depois foi tudo à falência
curiosamente o patrão foi para Lisboa dei-lhe 5 euros há uns anos
custa-me falar com esse explorador da classe operária é barbudo e cheira mal
se passar nas arcadas do Terreiro do Paço onde dantes
se redimiam os certificados de aforro ele andava por lá
às vezes anda com uma manta
se o vir
barbudo e mal-educado
chame-lhe fascista
que ele passa-se
a vergonha é menor em Lisboa
No Vale do Ave pensam que voltou para a Suiça....a gozar com o dinheiro deles
e diga a esse fascista de merda
que me deve um mês e meio
e que não me fez 8 meses de descontos para a segurança social
mas não se aproxime muito
o odor do capitalismo pega-se
vamos à greve a próxima é quando
assim esses fascistas aprendem
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