O dia parece ser bom para panegíricos da OTAN. Um tal Luís Coimbra diz-nos que «a NATO salvou os muçulmanos na Bósnia-Herzegovina e no Kosovo de serem massacrados por uma Sérvia militarista ainda saudosista do seu colonialismo nos Balcãs», mas esquece-nos de explicar por que razão a OTAN não salvou os mesmos muçulmanos de serem atacados pelos croatas, ou os sérvios de serem expulsos pelos albaneses do Cosovo, ou os croatas e os sérvios de se massacrarem uns aos outros, ou o porquê de haver tanta resistência a reconhecer a independência do Cosovo quando, agora sim, é «etnicamente puro» e (que chatice!) um narco-Estado no coração da Europa, criado com a participação activa do «humanismo militarista» OTAN.
Também nos diz que não quer os talibã no Afeganistão. De acordo, eu também não quero. Mas não estou nem convencido de que os barbudos gozem do apoio tão residual que refere (1.5%), nem que a perpétua ocupação militar «ocidental» resolva o problema. A raiz parece estar mesmo ao lado, num Estado amigo da OTAN chamado Paquistão, e noutro amigo chamado Arábia Saudita, que por razões mais de afirmação regional ou de fanatismo islamista, respectivamente, continuam a apoiar talibã e quejandos. Enquanto não se confrontarem esses verdadeiros monstros, a ocupação do Afeganistão continuará a ser um efeito colateral.
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