Isto decorre naturalmente da forma como vê a esquerda - onde qualquer um poderia ver correntes divergentes (sim, discute-se muito à esquerda), a Helena Matos vê posições contraditórias. Como se cada pessoa de esquerda fosse doida por subscrever cada uma das posições dos vários partidos e movimentos de esquerda, apesar das suas contradições.
Um bom exemplo disto é este texto no Blasfémias, em que Helena Matos ironiza o facto da oposição às ditaduras de direita ser vista como heróica pela esquerda; mas o mesmo já não acontecer em relação às ditaduras comunistas. Os duplos critérios da esquerda!
Um pequeno detalhe: existiu um partido que decidiu estar ausente do parlamento durante a recepção ao governo chinês, em protesto contra a opressão da ditadura na China. Não, não foi o Partido Popular; não, não foi o PSD. Foram os deputados do Bloco de Esquerda que tomaram essa decisão. Louvável ou condenável, este facto ilustra as limitações da visão de Helena Matos.
Não é uma questão de cada esquerdista ter múltiplos critérios e as inúmeras contradições que ela pensa ir apontando. É que tal como existem várias correntes de direita e muita discussão à direita; existem muitas correntes à esquerda, e muita discussão à esquerda. Não se enquandra na lógica a preto-e-branco do nosso clube direita contra o clube dos mauzões à esquerda, mas está mais próximo da realidade.
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