Os juros da dívida portuguesa ultrapassaram esta manhã os 7%, o limite fixado por Teixeira dos Santos para chamar o FMI. E agora?
Relatório e Contas. Resumo da Semana
Há 37 minutos
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
8 comentários :
comentário lateral...
não percebo onde esta gente vai buscar os valores. citam sempre a bloomberg, mas segundo a bloomberg, os juros estão neste momento abaixo dos 6,8% e nem ultrapassou os 6,9% durante o dia.
http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=GSPT10YR:IND
enfim, isto é um pormenor irrelevante
Parece que o anúncio de que a China estaria interessada em comprar a nossa dívida não teve qualquer impacto nos mercados.
Alguém especula porquê? Será que o anúncio não é para levar a sério? O que se está a passar?
O que se está a passar, especulo eu, é que há uns homenzinhos invisíveis que estão a ganhar dinheiro com isto e que querem levar-nos à bancarrota. Mas deve ser uma teoria de conspiração...
Ah, e não se confirmou que os chineses vão comprar a nossa dívida. Só a EDP e o BCP, por enquanto.
Ricardo,
Nos mercados, um anúncio normalmente já tem impacto no preço.
Por exemplo, se há algo que vale 5, mas existe a possibilidade de alguém comprar a 6 (vamos supor que essa possibilidade é estimada em 10%), então comprar a 5,05 já é um bom negócio; pois o valor esperado de venda é 5,1.
Na dívida funciona ao contrário, mas a lógica é a mesma. Mais compradores deveriam descer os juros; e o anúncio da possibilidade de uma grande compra deveria ter um impacto significativo na altura de baixar os juros. E quem não comprasse a um valor ligeiramente mais baixo estaria a perder a dinheiro; perder a oportunidade de emprestar a um juro alto a alguém cujas possibilidades de entrar em deffault diminuiram significativamente.
Não estou bem a perceber como é que este movimento especulativo está a funcionar. Se os juros estão sobreestimados face à nossa capacidade para pagar (o que, pelo que vou lendo, parece mesmo ser o caso) como é que não existe quem queira ganhar dinheiro comprando a nossa dívida, fazendo baixar os juros. Não por altruismo, mas por ganância. E os juros do BCE tão baixos, ainda por cima. De que é que estão à espera??
Há algo que não estou a perceber.
João,
Embora a tua intuição sobre a entrada de investidores (sem mais) no mercado esteja correcta (levaria pelo que dizes ao aumento do preço, ou seja aumento da taxa de juro implícito), na realidade isso é tão simples..
Primeiro há muitos títulos espalhados por esse mundo fora, o que não falta é disponibilidade de venda. Segundo, um novo investidor pode entrar para vender, em vez de comprar, é o chamado short selling: venderes o título que só comprarás mais tarde.
O mesmo se aplica ao aumento do crude e dos cereais há uns anos, onde havia quem acusasse os especuladores de fazerem subir o preço. A especulação pode sempre funcionar nos dois sentidos.
Miguel Carvalho,
Vamos supor que um determinado bem está subvalorizado. Há dinheiro a ganhar em comprá-lo, por isso é estranho que não o façam.
O facto de se poder vender esse bem sem o ter (contra promessa de compra futura - ficando com esse bem em negativo) não ajuda; pois quem vende um bem subvalorizado está a perder dinheiro, quer disponha do bem, quer não.
Claro que se Portugal entrar em deffault, quem vendeu o que não tinha acaba por ganhar. Mas para o fazer é preciso ter MESMO boas perspectivas de que Portugal entre em deffault - o que me parece bizarro - porque basta Portugal não entrar em deffault para esse negócio ser péssimo. E todos os que acreditam ser pouco provável que esse fim derradeiro surja estão a abdicar da oportunidade de anhar dinheiro à custa de quem aposta na nossa queda, por assim dizer.
E nisto tudo o anúncio da possibilidade da entrada da China na equação deveria alterar o equilíbrio no sentido de haver mais dinheiro a ganhar na compra da dívida, fazendo descer os juros. Não apenas pela diminuição da probabilidade de deffault, mas pela própria relação procura-oferta.
A analogia que estabeleceste com a especulação em torno do petroleo é um bom exemplo - muitos ficaram a arder com petroleo comprado a preços caríssimos, e não se entende, se havia a convicção de que o preço estava sobrevalorizado porque é que nesse caso não havia mais gente a fazer short-selling para baixar o preço, ganhando muito dinheiro pelo caminho à custa dos tais "especuladores".
eu entendo a motivação para a especulação. Eu, gestor, compro sobrevalorizado, vendo ainda mais sobrevalorizado e ganho bónus. Se tiver um azar tremendo e isto vai abaixo, quem perde é o accionista (ou o contribuinte...).
O que não entendo é a ausência de movimentos no sentido oposto. "Compras sobrevalorizado? Então deixa-me lá vender-te".
João,
eu não estava a falar da situação actual, não estou a afirmar que deveria descer, subir ou seja o que for.
Pareceu-me (se calhar erradamente) que afirmavas que mais especuladores levaria obrigatoriamente a juros mais baixos. Apenas quis fazer ver que ter mais especuladores pode ter ambos os efeitos.
Parece que entretanto desceram:
http://economia.publico.pt/Noticia/juros-da-divida-rondaram-os-sete-por-cento-antes-de-baixarem_1465116
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