terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A conspiração judaica internacional chama-o ao telefone

O primeiro-ministro israelita ouviu dizer que os EUA iam votar na ONU a favor do cessar-fogo. Faltavam dez minutos, mas isso para ele não foi um problema. Telefonou para Bush, obrigou-o a interromper um discurso, e disse o que queria. Bush respondeu que não tinha conhecimento da resolução. Olmert disse que ele, o israelita, tinha conhecimento. Vai daí, explicou ao presidente dos EUA que não devia votar a favor. E o presidente do país mais poderoso do mundo fez o que o primeiro-ministro israelita lhe tinha pedido (ou «mandado»?). Em 15 votos possíveis no Conselho de Segurança, a única abstenção foi dos EUA.

Vem tudo contado no Público. É de esfregar os olhos e ler outra vez.

12 comentários :

Mário André disse...

acho que é importante frisar que a resolução foi escrita e proposta pela própria Condoleeza Rice, representante americana no conselho de Segurança...

Ricardo Alves disse...

Condoleeza que acabou a abster-se na resolução que ela própria escrevera... É lindo, é.

Zeca Portuga disse...

Uma resolução que de nada vale, infelizmente.

Os terroristas dos 3 lados: americanos, arabes e judeus, continuam impunes.

Oppenheimer disse...

Desulpe Ricardo, quando diz "conspiração judaica" está a ironizar, não está?

Ricardo Alves disse...

Hmmmm...

Acho que não se explica uma ironia... ou uma graçola... ;)

Oppenheimer disse...

Ah pronto, desculpe lá Ricardo, não quero ser chato, mas por uns momentos temi que estivesse a inscrever a conversa entre esses dois inimputáveis numa qualquer teoria de conspiração judaica internacional. É que desde que este conflito se reacendeu tenho lido isso e muito pior escrito por gente normalmente séria. Pobres judeus americanos. 70% votaram no Al Gore e no John Kerry. E o Olmert deve ser o PM israelita menos levado a sério entre os judeus israelitas e os restantes. Enfim, já me passou o susto. Tenho que ver se desenvolvo um sentido de humor mais atrevido.

Ricardo Alves disse...

O essencial seria discutir como é possível que o primeiro-ministro do Estado A dite o sentido de voto (em marcha-atrás) do Estado B na ONU. Se isto acontecesse com Portugal, eu ficaria possesso.

Oppenheimer disse...

Caro Ricardo

Eu discordo de si. O essencial para mim é poder-se discutir esta história (e o contexto do conflito israelo-árabe em que ela se insere) sem deixar que ódios atávicos e preconceitos primitivos contra judeus (ou árabes, by the way) se insinuem na conversa.
Insisto que me surpreendeu ver no seu post a expressão "conspiração judaica internacional" sem aspas. Acredita mesmo que haja uma?
Quanto à história propriamente dita, não me surpreende muito. Não é a primeira vez que ouvimos falar de como a política externa americana bushiana tem sido conduzida por uma visão intuitiva do mundo, em que "os nossos amigos" têm que ser protegidos dos "maus", em toda e qualquer situação. Isso não é sintoma de conspiração: é uma política externa em que Israel é visto como aliado importante, em que o Presidente é completamente incapaz e em que o raciocínio e a reflexão são substituídos por decisões baseadas em fidelidades inabaláveis aos "nossos" contra os "outros".
Eu cá também espero que Obama tenha uma política em relação ao Médio Oriente com mais "tough love" em relação a Israel.
P.S: Dou-lhe prái 15 exemplos dos últimos 200 anos em que Portugal recebeu "ordens" do aliado britânico ou americano para fazer isto ou aquilo. E fez. É uma chatice, mas quando um aliado muito importante "exige" uma coisa, é muito difícil - para qualquer país - dizer não. E pode crer que o voto do Portugal no CSNU (quando lá estava) nunca foi imune às pressões e interesses dos aliados de Portugal, principalmente dos EUA.

Pedro Fontela disse...

Não é normal aliados manterem uma frente comum?

Ricardo Alves disse...

Sim Pedro, o normal é os aliados manterem-se unidos. Mas neste caso foi o primeiro-ministro de um Estado estrangeiro a ditar o sentido de voto dos EUA, contra o que a própria representante dos EUA queria fazer. Isto questiona a própria noção de soberania dos EUA face a Israel.

Ricardo Alves disse...

Caro «Openheimer»,
é evidente que a decisão tomada não prova nenhuma «conspiração judaica internacional». Demonstra apenas um seguidismo acrítico dos EUA perante Israel, o que é chocante e evidencia que este problema nunca se resolverá enquanto o país mais poderoso do planeta continuar a dar «carta branca» a uma das partes de um conflito complexo.

E eu sei que Portugal obedeceu a «ordens» de Estados estrangeiros em muitas ocasiões. Mas tem a desculpa de ser um Estado pequeno. Os EUA não têm essa desculpa. Pelo contrário.

Quanto às conspirações, vou surpreendê-lo: acredito mesmo que existem. Aliás, acho que existem umas quinhentas, são é tão irrelevantes que ninguém deveria perder tempo a pensar nisso.

Pedro Fontela disse...

Ricardo quanto muito penso que isso levanta questões sobre o que andava a representação americana a fazer ás escondidas da presidência... porque se o homem não sabia o que se passava é porque alguém tomou a decisão de não lhe contar...