- «Se a ideia mais comum entre os crentes é que para se ser ateu é preciso ter um trauma pessoal contra os deuses e/ou os seus seguidores, ele, apesar de despedir a teoria ("É compreensível que a fé queira encontrar uma motivação também irracional para a descrença"), presta-se bem ao estereótipo. Afinal de contas, foi um padre - o "Morgadinho" - que, aos 19 anos, o denun- ciou à PIDE. (...) Nascido há 66 anos, filho mais velho de quatro numa família da pequena burguesia, com uma mãe professora primária e um pai funcionário do fisco, fez a catequese ("A minha mãe podia ter problemas no emprego se não fizesse") e até aos 10/12 anos nem lhe passava pela cabeça duvidar da existência de um deus único e virulento, que o fazia chegar a casa a chorar "com medo do fim do mundo" e "cheio de ódio aos judeus, maçons, comunistas e ateus. Eram assim as doces catequistas: a fanatização terrorista senti-a entre os 8 e 10 anos". Aos 14, porém, "estava curado". A dada altura disse ao padre que "se o deus era presciente e sabia o que eu ia fazer, não fazia sentido eu ser responsabilizado. O padre respondeu dizendo: 'Tens a mão de Satanás na garganta, não te posso dar a absolvição.' Disse-lhe que já não sentia a mão e ele absolveu-me. Percebi que aquilo era uma treta." Do arranjo do mundo com divindade à espreita diz não ter tido jamais nostalgia. Pelo contrário: "Senti uma enorme libertação." Acabaria por, em 1971, regressado de quatro anos e quatro dias anos de tropa (em Moçambique) e integrado na cooperativa Devir - onde se cruzou com Sottomayor Cardia, Carlos Carvalhas, e o amigo de liceu António Fonseca Ferreira -, abandonar o ensino. "Fi-lo com mágoa, mas ganhava muito mal." Vai para Coimbra (onde vive ainda, já reformado) trabalhar para a Sandoz. Até 1976, mantém a ligação à CDE. "No 25 de Abril abalei para Lisboa mal soube, para me oferecer para o que fosse preciso. E dois anos depois larguei a política. Achei que o principal já havia: democracia. Mas não abandonei a actividade cívica." Fez parte de várias associações, "sempre de carácter humanitário", até que de um blogue, o Diário Ateísta (participa também no Sorumbático e no Ponte Europa ), nasce a Associação. "O cardeal-patriarca disse, a nosso propósito, que os ateus estavam a copiar as igrejas, pela reunião comunitária. Enfim..." Os inimigos tocam-se? "As pessoas acham que os ateus negam deus, mas enganam-se: aos ausentes não é preciso negar. Aliás, costumamos dizer que nós só somos um pouco mais ateus que os bispos católicos: eles negam todos os deuses excepto um; nós negamos também esse." Ri. "A sério: Achamos que é necessário retirar o ateísmo do armário. Fizemo-lo na convicção de que podemos ter uma acção pedagógica, através de algum eco nos media. E é preciso reconhecer que Portugal tem caminhado no sentido da laicidade, tem havido grandes avanços."» (Diário de Notícias)
domingo, 11 de janeiro de 2009
«Aos que por obras humanas se vão dos deuses libertando»
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2 comentários :
Quem é a besta de que fala?
Esqueceu-se do nome do dito, a assim tem menos piada. É certo que, mesmo com nome ninguém o conhecerá. Além de se perceber que se trata de um analfabeto quase sem formação social, de um revoltado com problemas de identificação pessoal, salta-me à vista uma afirmação que traduz a baixíssima formação da besta, a sua inqualificável falta de conhecimentos, mas, sobretudo, a caquéctica e muito nublada pretensão de discutir assuntos que não domina: “eles negam todos os deuses excepto um; nós negamos também esse.”
Ora, nem sabe a besta que o Deus dos católicos, dos judeus, dos muçulmanos, etc.… é o mesmo Deus.
È admirável este ar intelectual dos analfabetos inveterados, quando se prontificam a discutir assuntos que não dominam. É ainda mais notável ver que, pela sua “brilhante biografia”, estagnou na idade da “delinquência juvenil” – não cresceu, não amadureceu, não tomou um caminho: pura e simplesmente estagnou e continuou com as ideias de jovem revoltado, atrevido, insolente, na-idade-do-sabe-tudo; quando o estupidez juvenil faz que achemos que somos os mais evoluídos, experimentados e actualizados, entre toda a humanidade.
Acho interessante o facto dos ateus, uma meia dúzia de gatos pingados, acharem que o resto da população é que está errada, e eles certos – é mais o menos o mesmo que conduzir numa auto-estrada em contra mão e achar que os outros condutores todos é que estão em sentido contrário!!!!
«Zeca Portuga»,
1) recorrer ao insulto demonstra falta de argumentos;
2) insultar sob anonimato revela cobardia e falta de carácter.
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