A moção de censura do Bloco de Esquerda já conseguiu dividir o próprio campo político que a propõe: a Renovação Comunista faz críticas tão contundentes que até me interrogo como votará o respectivo deputado; Daniel Oliveira, «voz» informal do sector-BE nos media, critica sistematicamente todas as possíveis razões da moção; e a oposição interna pede convergência com o PCP.
Como nem o BE parece desejar que o PSD vote ao seu lado, entende-se que o objectivo principal do BE será «descolar» do PS. O que é no mínimo estranho, pois não é necessário que nos façam o desenho: semanas depois de uma campanha eleitoral em que todos entendemos que boa parte do PS e uma parte significativa do BE convivem mal lado a lado, que o PS e o BE são partidos diferente é claríssimo.
Esta moção de censura, para já, serve para expor as tensões internas do BE. E, se Passos Coelho for cínico quanto baste, servirá para antecipar as legislativas.
1 comentário :
O DO não tem razão nenhuma nas suas razões, porque no fundo alavanca todo o seu discurso no princípio do voto útil, que é o mais inútil e até anti-democrático. É que seguindo a lógica do DO e do R.Tavares, eu que pertenço ao círculo de Viseu, e que vejo eleição após eleição o meu voto despejado no caixote do lixo da história, teria que forçosamente e invariavelmente votar PS...
Não me convencem.
E se o centrão quer uma reforma eleitoral, que comece por criar um círculo nacional de correcção.
Quanto ao PC: se nem numa candidatura presidencial a esquerda se conseguiu unir, e esta é a eleição que se prefigura como a mais lógica/racional para forjar consensos, alguém consegue descortinar como se forjaria uma aliança nas legislativas? Nem nas autárquicas porra! E o PCP já tem uma aliança, a CDU, uma aliança com o próprio PC, como refere bem NRA.
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