sábado, 26 de fevereiro de 2011

Mudanças Climáticas: convém acordar

Dados da NASA:

Anomalia de temperatura em 1970:


Anomalia de temperatura em 2010:



O permafrost siberiano está a descongelar. A realidade está a confirmar as previsões mais pessimistas.

Convém acordar. Parece que todos continuam a dormir.

8 comentários :

Ricardo Alves disse...

João Vasco,
acho que ninguém põe em causa que o planeta está a aquecer. A questão que eu não vejo respondida é por que é que isso é assim tão mau - já houve épocas em que o planeta foi mais quente, e isso não prejudicou a civilização (até abriu novas áreas para colonização e exploração). Quem sabe, se o permafrost descongelar, a Sibéria poderá ser mais habitável: e permitir maior produção agrícola, maior densidade populacional, etc.

ASMO LUNDGREN disse...

Um ano ou 10 anos são microtendências

séries curtas e longas

o ensino no técnico degradou-se?

não se fazem comparações pontuais em geofísica

mas com séries de dados

obviamente um crente acredita nas suas ladainhas

logo...enfim devias ser daqueles alunos que balanças a cabeça e repetias os ditongos ó espectral
virtualidade

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

já houve épocas em que o planeta foi mais quente, e isso não prejudicou a civilização
qual civilização?
a civilização apareceu neste interglacial

Quem sabe, se o permafrost descongelar, a Sibéria poderá ser mais habitável: e permitir maior produção agrícola, maior densidade populacional,

e muito mais metano
as bolhas de metano são giras

os incêndios na tundra em agosto também foram

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

e contrariamente ao CO2 com um sink biológico

o metano pode persistir durante mais tempo na atmosfera

João Vasco disse...

Ricardo,

«acho que ninguém põe em causa que o planeta está a aquecer.»

Na comunidade científica não, mas no discurso público isso ainda acontece.

Por outro lado, no discurso público tem bastante expressão a convicção de que a culpa do aquecimento recente não pode ser atribuída à actividade humana - ao aumento de emissões do CO2 - convicção essa que praticamente não tem expressão na comunidade científica.


«A questão que eu não vejo respondida é por que é que isso é assim tão mau »

Eu não tenho falado sobre esse assunto, mas se não vês isso respondido é porque não tens procurado muito.

Geralmente a resposta é dada no concreto: em Portugal teremos mais incêndios, maior precipitação no inverno, e maior seca no verão, o que vai prejudicar os solos, a agricultura, a actividade industrial baseada na exploração da floresta, etc...

No mundo, teremos pragas a espalharem-se por onde antes não chegavam, maior frequência de catástrofes naturais em grande parte da costa do pacífico que pode resultar em inúmeras mortes e destruição - logo nos países mais pobres e povoados... Enfim, se procurares encontrarás esta informação com mais detalhe e rigor.


Aquilo que posso responder, é no abstracto. A vida adapta-se muito bem às alterações climáticas que acontecem de forma muito gradual. É a selecção natural em acção. Os predadores, as plantas, os ecossitemas vão-se alterando ligeiramente, e não há problemas de maior.

Mas quando as alterações climáticas dão-se de forma abrupta, a forma da natureza se adaptar a elas é diferente, ocorrem extinções em massa, com as que ocorreram no passado quando ocorreram tais alterações abruptas.

Para o ser humano, alterações climáticas abruptas também são devastadoras. As cidades, as indústrias, a actividade humana está distribuida com base em determinadas condições ambientais que dependem das condições climáticas. Se um local antes inóspito se torna habitável, e um local habitável se torna inóspito, isso não é uma soma nula: o primeiro não tinha nada, mas o segundo podia ter uma grande cidade. E um local onde antes havia madeira passa a ter deserto, e um local onde antes havia deserto passa a ter madeira, issso não é uma soma nula: no primeiro a cultura local e a indústria estava adpatada a uma realidade que já não existe, e no segundo também. Se num local o micróbio XPTO já pode viver mas o XYZ já não, e noutro vice-versa isso não é uma soma nula: num as pessoas tinham imunidade ao XYZ, e no outro ao XPTO. E por aí fora...

As mudanças climáticas abruptas são más para as formas de vida que as sofrem, e isso inclui-nos a nós.

João Vasco disse...

«convicção essa que praticamente não tem expressão na comunidade científica.»

comunidade científica daqueles que estudam o fenómeno. Não falo obviamente dos cientistas em geral.

Ricardo Alves disse...

JV,
em primeiro lugar o impacto das alterações na economia é muito menor do que seria há uma ou duas gerações atrás: a população dependente da agricultura é muito menor.

Em segundo lugar, a nossa capacidade de prever o clima a alguns dias de distância é maior, e a capacidade de nos prevenirmos contra catástrofes também é maior.

Finalmente, nunca existiram civilizações estáticas, sem risco de extinção ou que não necessitassem de abandonar uma área de colonização para partir para outra. Sempre foi assim.

João Vasco disse...

«o impacto das alterações na economia é muito menor do que seria há uma ou duas gerações atrás: a população dependente da agricultura é muito menor.»

Não é só a agricultura que depende do meio ambiente.

E o facto deste problema poder ter consequências ainda mais desastrosas para todos há uma ou duas gerações atrás do que hoje, não quer dizer que não tenha consequências desastrosas para todos...



«Em segundo lugar, a nossa capacidade de prever o clima a alguns dias de distância é maior, e a capacidade de nos prevenirmos contra catástrofes também é maior.»

Pode ser maior, mas é claramente insuficiente, como se pode ver pela quantidade de mortes e danos que este tipo de catástrofes vai causando.


«Finalmente, nunca existiram civilizações estáticas, sem risco de extinção ou que não necessitassem de abandonar uma área de colonização para partir para outra. Sempre foi assim.»

Também existiram civilizações que se extinguiram devido ao impacto que tiveram no meio ambiente.

O risco de extinção existirá sempre (um asteroide bem lançado pode acabar com a vida humana), mas eu nem sequer acho que esteja em jogo na questão do aquecimento global. Parece-me evidente que o ser humano sobrevirá mesmo se as previsões mais pessimistas dos climatólogos forem verdadeiras.

O que interessa saber não é se vamos ser extintos ou não em resultado disto - não vamos - mas sim se isto nos convém ou não.

Aquilo que acontece é que quando existe uma transacção com externalidades negativas, não as cobrar conduz a menor eficiência.
O que isto quer dizer é que, se a emissão de determinados gases tem, de acordo com quem estuda o problema, consequências negativas para todos, é IRRACIONAL não fazer nada.

O mínimo de racionalidade é cobrar a externalidade negativa, para que pelo menos só se façam as transações em que a criação de valor seja superior à destruição. Mesmo isto, pode argumentar-se, é injusto, e o valor cobrado deveria ser superior.

O que é ridículo é a situação actual. Se tu tiveres um lucro de 1 moeda por queimar uma quantidade de combustível que provoce 3 moedas de prejuízo ao planeta, mesmo assim vais fazê-lo. No mínimo, que te cobrem essas 3 moedas. Às tantas deveria ser mais (só sendo mais é que a ecoomia ficaria prejudicada, até lá é mais justo e mais eficaz).