Não sei quantas vezes Paulo Portas referiu a Irlanda como exemplo político. Quem o ouvia ficava com a sensação que tinha escrito o programa de governo em conjunto com o executivo irlandês, os impostos baixos, uma economia a caminho do estado mínimo, a atracção de capitais estrangeiros, etc. Claro que não referia que o investimento estrangeiro era essencialmente volátil, que as empresas investiam e os particulares compravam casa com o dinheiro que não tinham, apesar dos impostos baixos. Tudo isto coexistia com bolsas de pobreza chocantes financiadas quase exclusivamente pela União Europeia, porque o novo capitalista irlandês era contra os subsídios... Ironicamente, agora vive todo o país de subsídios internacionais por causa dos que eram contra os subsídios.
Paulo Portas é especialista em colar-se às vitórias dos outros (primeiro referendo do aborto, vitória de Durão Barroso nas legislativas, etc.) mas tem esta derrota coladinha à pele.
Paulo Portas é especialista em colar-se às vitórias dos outros (primeiro referendo do aborto, vitória de Durão Barroso nas legislativas, etc.) mas tem esta derrota coladinha à pele.
3 comentários :
Bolsas de pobreza existiam em 91 e 92
mas a 1ªdécada do século xxI até 2006
em 6 anos viu-se uma prosperidade sem paralelo na europa
os trailer parks esfumaram-se
os catraios vietnamitas da zona do porto viviam em casas aquecidinhas
o modelo era bom
os bancos é que eram uma merda
e colonizados pelos capitais ingleses
que despejaram neles alegremente
os produtos que lhes podiam causar dano
a bolha imobiliária de 2006 várias ordens de grandeza superior às de 1991 no norte e em Dublin
também não ajudou nada
Por acaso fiquei algo desiludido de saber que na Irlanda um partido de direita foi estrondosamente derrotado, apenas para dar lugar a outro partido de direita (de acordo com as notícias que li).
Estou algo surpreso com a ausência de comentário a essa situação, quer nos blogues à esquerda, quer à direita.
JV, acho que a ausência de comentários tem a ver com o facto de as pessoas não se conseguirem identificar com os partidos irlandeses. 64% dos irlandeses votaram em partidos que não têm uma ideologia clara (embora o Fiana Fail tenha tido uma *política* claramente neoliberal, como o Rui critica, e bem). Apenas 24% dos irlandeses votaram em partidos com uma ideologia clara (trabalhistas, esquerda anticapitalista, ecologistas).
A guerra civil deixou marcas por aquelas bandas...
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