segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lata não lhe falta...

O cromo que actualmente fala pela conferência episcopal portuguesa, Jorge Ortiga de seu nome, não se coíbe de lamentar a «crise» e a «austeridade», de apelar a que «as classes mais desfavorecidas sejam menos penalizadas e mais ajudadas» e de criticar os «interesses instalados nas estruturas público-privadas», para logo de seguida pedir mais dinheiro para as «escolas particulares», as tais em que 44% dos alunos são pagos pelo Estado, e que não são propriamente conhecidas por abrir a porta aos «mais desfavorecidos».

Descaramento não lhe falta. E, num país em que tudo depende do Estado, até o que supostamente seria privado tem que ser pago pelo Estado. Mesmo em época de crise...

7 comentários :

tempus fugit à pressa disse...

E, num país em que quase tudo (não se exagere) depende do Estado, até o que supostamente seria privado tem que ser pago pelo Estado, se foi o estado que o quis

O estado são os funcionários que o servem, o estado não sou eu, nem é sócrates
e o seu nome é legião

Luís Lavoura disse...

As escolas privadas cujos alunos têm as propinas pagas pelo Estado têm que, por convénio com o Estado, abrir a porta a todos os alunos. Nao podem rejeitar alunos.

Está pois errada a frase "as «escolas particulares», as tais em que 44% dos alunos são pagos pelo Estado, e que não são propriamente conhecidas por abrir a porta aos «mais desfavorecidos»".

Ricardo Alves disse...

Não sei se é assim tão simples, Luís Lavoura. Os contratos de associação significam que o Estado «empurra» alguns alunos para as escolas privadas. Não significam que qualquer aluno pode ir bater à porta de uma escola privada, mesmo que essa tenha contrato de associação.

dorean paxorales disse...

não conheço todos os casos mas assim de repente lembro-me de um contra-exemplo sobejamente conhecido por abrir as portas preferencialmente aos "mais desfavorecidos".
ainda que assim seja em lisboa, que não é o mundo nem ideia que eu possa confirmar.

se era preferível que o estado investisse mais na pública e não houvesse necessidade de parecerias, isso, já é outra história.

Ricardo Alves disse...

Descodifica o teu comentário, DP.

dorean paxorales disse...

a tua imagem do colégio católico ser para "ricos" não corresponde à realidade do país. por exemplo, o meu "sobejamente conhecido", nesse caso que me veio à cabeça, aplica-se a aveiro. acho que em 2007 fecharam a escola primária [pública] local.

mas haverá mais casos.

Ricardo Alves disse...

DP,
o caso a que te referes é um daqueles em que fecharam a escola pública e depois pagam à privada para receber os alunos da pública. Essas são as parcerias público-privadas que ficam caras ao Estado, mas que dão dinheiro aos privados. Seria melhor construir uma escola pública.