domingo, 7 de fevereiro de 2010

Lenços na cabeça e caras tapadas


Hoje um amigo meu cuja mulher é turca dizia-me que era fundamental proibir as burcas e os hijabs, com e sem a boca tapada, em todos os edifícios públicos. Segundo ele esa proibição, em vigor na Turquia há muitos anos, tem sido um garante da paz naquele país.

Eu concordo que ninguém devia poder entrar num banco com um saco enfiado pela cabeça e até aos pés. Mas acho que nenhum estado deve ter o direito de legislar sobre a maneira como as pessoas se vestem. Pergunto-me se estas proibições serão muito diferentes de obrigar a mulher dum amish a mostrar as pernas.

E se amanhã uma mulher ateia quiser usar um lenço na cabeça e uns óculps escuros em bico, como nos anos 50?

Concordo que no caso particular dos muçulmanos, o hijab é uma moda troglodita, que representa a opressão das mulheres, um projecto político separatista e totalitário na Europa, e no caso das burcas um perigo óbvio para a sociedade civil. Por isso acho que a proibição de símbolos religiosos nas escolas públicas francesas foi uma medida civilizada e eficaz.

Mas já escrevi aqui que me parece que esta moda é uma reacção à estupidez criminosa do Ocidente, sob Bush, Blair e Sharon, e acredito que ela pode passar em poucos anos, se nos descontrairmos um bocado.

Concordo que é importante prender e reprimir os selvagens (muçulmanos ou não) que batem na mulher ou arrancam o clitoris às filhas. Mas acho que devíamos deixar os outros em paz.

18 comentários :

Ricardo Alves disse...

Filipe,
os véus e as burcas não apareceram por causa da política dos EUA ou de Israel no Médio Oriente. Apareceram por causa de uma ideologia fascizante em ascensão no mundo islâmico, e que reage contra o secularismo dos regimes locais. Os países islâmicos não se vão modernizar com o Hamas, o Hezbollah ou o wahabismo. Vão regredir. A Turquia tem uma democracia razoavelmente funcional justamente porque começou por se laicizar. O caminho para os outros países terá que passar por aí.

Na Europa, estamos habituados a interagir com as pessoas cara a cara. Os véus integrais são um desafio a essa prática. E proibir as pessoas de andar de cara tapada não será muito diferente de proibi-las de andar nuas.

Anónimo disse...

Na Turquia os fascistas secularistas foram derrotados repetidamente nas urnas pelos islamistas (democratas, europeístas, respeitadores das minorias, curda sobretudo, e das mulheres oprimidas pelos fascistas secularistas, que as obrigam a despir-se para entrar nas universidades).

Em todo o mundo muçulmano democracia rima com islamismo. Estes ganham SEMPRE que há eleições limpas (Turquia, Palestina, Iraque, Irão...) e só não ganham noutros (Egipto, Argélia...) porque aí não há democracia.

Morte aos EUA e aos sionistas !

Salah al Din

Luis Grave Rodrigues disse...

«...o hijab é uma moda troglodita...»

Uma "moda"?
O hijab é uma moda?
O hijab é muito mais do que uma moda, troglodita ou não.

O hijab é um SÍMBOLO de opressão, não é uma simples peça de roupa.

Ricardo Alves disse...

Os véus são símbolos e instrumentos de opressão.

A opressão que o alucinado «Saladino» defende e elogia.

Filipe Castro disse...

Claro que se deve tratar o islamismo radical como o nazismo. Não tenhos dúvidas sobre isso. Mas continuo a achar que muitas mulheres se agarram aos véus como muitos miúdos sem educação, dinheiro, emprego e futuro rapam a cabeça de tatuam suásticas nos braços: porque não sabem como hão-de exprimir a frustração e a humilhação que sentem num mundo onde não têm lugar.

Há para aí 15 anos li um texto de um tipo que depois escreveu um livro com o mesmo título sobre isto: Jihad vs. McWorld.

Não se deve humilhar e orpimir as pessoas ao mesmo tempo.

Filipe Castro disse...

:o) Senhor Saladino: acalme-se. Beba umas imperiais, coma umas febras bem temperadas, e vai ver que lhe passam as ganas de querer matar os americanos. Você não os conhece todos, pois não? Porque é que os odeia a todos? Andou a ler o Corão para escrever isto: quer matar 300 mil pessoas!

Filipe Castro disse...

300 milhões, claro.

Anónimo disse...

Claro que se deve tratar o secularismo jacobino totalitário como os nazis e nazi-sionistas, sobretudo quando não respeitam as mulheres, a família e os valores de coesão social.

As tentativas de avacalhar as mulheres mulçulmanas estão votadas ao fracasso, e sóm demonstra falta de cosmopolitismo dos sequazes do fundamentalismo e integrismo ateu. Vê-se mesmo que nunca visitaram países muçulmanos...

300 milhões ? Na UE há 500 milhões... que pelo andar da carruagem num ou dois séculos serão maioritáriamente muçulmanos. As conversões multiplicam-se... O reaccionarismo ateu e jacobino irá para o caixote do lixo...

Salah al Din

Anónimo disse...

hijab troglodita ? Mesmo qundo é usado pelo Isabel II ? Oh, shocking !

Filipe Castro disse...

:o) Humhum. Se calhar não me expliquei bem: troglodita quando é usado como símbolo de submissão das mulheres perante os homens. A raínha pode tirar o dela quando lhe apetece.

Filipe Castro disse...

Sr. saladino: E onde é que anda esse secularismo jacobino totalitário de que se queixa?

O secularismo europeu é a base da liberdade, da democracia, da criatividade e da riqueza europeia. Já viu alguma teocracia com uma classe média forte e livre e descontraída, sexualmente emancipada, com movimentos artísticos, científicos e literários vibrantes? Não? Porque será?

Anónimo disse...

Uma sociedade sem religião ou com um nível de religiosidade baixo é uma sociedade decadente, desunida , anómica, sem coesão e solidariedade à beira da implosão. Longe de ser o ópio do povo (Marx) é o cimento que assegura a cesão e solidariedade do corpo social (Durkheim):

"Recognizing the social origin of religion, Durkheim argued that religion acted as a source of solidarity and identification for the individuals within a society, especially as a part of mechanical solidarity systems, and to a lesser, but still important extent in the context of organic solidarity. Religion provided a meaning for life, it provided authority figures, and most importantly for Durkheim, it reinforced the morals and social norms held collectively by all within a society. Far from dismissing religion as mere fantasy, despite its natural origin, Durkheim saw it as a critical part of the social system. Religion provides social control, cohesion, and purpose for people, as well as another means of communication and gathering for individuals to interact and reaffirm social norms."

Salah al Din, o mata-cruzados

João Vasco disse...

Epá, se o Durkheim o disse, deve ser verdade.

A Suécia desmente o conteúdo do último comentário a dois níveis diferentes.

Por um lado, é um perfeito exemplo de como nas sociedades com mais qualidade de vida tende a existir menos religiosidade. A sociedade sueca é daquelas em que existe menos crença religiosa, e em que as pessoas se sentem mais satisfeitas e felizes.
A coesão social não tende a diminuir quando a religiosidade diminui, como podemos verificar por grande parte das sociedades coesas com elevada qualidade de vida que existem. Muitas vezes a religião é divisiva, e obsta à coesão social, a níveis diferentes, desde os EUA a Israel, passando pelo Congo e Caxemira é possível verificar o "bem" que a religião faz à coesão social.

O segundo nível corresponde à associação entre "secularismo europeu" e ausência de religião.
Muitos estados europeus são laicos, e isso é algo importante na Europa. Mas não são os mais laicos os mais ateus, às vezes pelo contrário. Veja-se a Suécia, que não é um país laico, e ainda assim é dos (o?) menos religioso(s?) da Europa.

Portanto o secularismo é um imperativo de justiça. Deve ser defendido independentemente da questão religiosa.

Quanto à coesão das sociedades, acredito que seja preferível tê-la em torna da solidariedade e da luta por um mundo melhor, do que de superstições religiosas.

PS- A comunidade islâmica na europa tem actualmente mais filhos que a média europeia, mas esse número aproxima-se cada vez mais da média.

Anónimo disse...

Sobre o hijab: as muçulmanas tal como a raínha de Inglaterra, podem usá-lo ou não: por vezes na mesma família há irmãs que o usam e outras não.

Teocracias de sucesso: antes de mais o Al Andaluz ou o califado Abásssida, as socidades mais brilhantes do seu tempo. O Irão e os emiratos do Golfo são bons exemplos hoje. E na Europa, o Reino Unido, os escandinavos, a Grécia, etc são estados confessionais, não seculares.

E que seria da China, da India ou do Japão sem o cimento respectivo (confucionismo, hinduismo e taoismo) ?

Salah al Din

Ricardo Alves disse...

O Saladin está no gozo. Ele não acredita mesmo no que diz.

João Vasco disse...

«Teocracias de sucesso: antes de mais o Al Andaluz ou o califado Abásssida, as socidades mais brilhantes do seu tempo.»

E que tempo... Um tempo em que essas eram mais brilhantes porque o obscurantismo religioso das outras era ainda maior...

«O Irão e os emiratos do Golfo são bons exemplos hoje»

Sim...


« E na Europa, o Reino Unido, os escandinavos, a Grécia, etc são estados confessionais»

Pois estão, e estão cheios de ateus, muito mais do que os EUA que são seculares.

Isto só prova o que escrevi (até dei o exemplo da Suécia), que não é por um estado ser secular que a religião desaparece, nem vice versa.

«E que seria da China, da India ou do Japão sem o cimento respectivo?»

O taoismo e o confucionismo não são religiões. Claro que "valores" são de facto um "cimento social". Um problema das religiões é precisamente sabotarem a procura e discussão crítica dos valores, substituindo-a por uma aceitação acrítica de superstições. Por isso substituem a boa moralidade por preconceitos imorais (veja-se o caso do sexismo, homofobia, etc...).

Filipe Castro disse...

Eu acho que o Saladino devia ler o que aconteceu às taifas do Al-Andalus, quando pediram auxilio aos talibans do norte de Africa... :o)

Anónimo disse...

Salah al Din

Fundamenta o que dizes com o corão.
Se o não fizeres estás a insultar maomé.