sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O escândalo que se segue

Comprei o Sol hoje. Dei o dinheiro por mal empregue. Relativamente à semana passada, não avança nada de substancial. Se ficou «provado» que a equipa de Vara, obedecendo a Sócrates ou reportando a Sócrates (nunca saberemos), tentou usar a PT para controlar a TVI, a verdade é que o negócio falhou. O que deixa a intenção e os métodos. Que são feios sem serem criminais. Sócrates não merece ser Primeiro Ministro mas vai sobreviver.

Ah, mas afinal há qualquer coisa de substancial no Sol. É assim: «[Moniz fez] jogo triplo (...) Foi ele que ao mesmo tempo que estava a negociar connosco e a dizer aos espanhóis que queria sair, também foi ele que andava a dizer ao PR que o queriam pôr fora». O que começa a parecer uma armadilha. E que levanta a questão de fundo.

Porque o poder já não é político. É mediático e económico. Como diz este:
  • «Promovido pelos pseudo defensores/mártires da liberdade de informação/expressão, este é o polvo que resolveu o problema “Santana Lopes”, que está a resolver o problema “José Sócrates” e que resolverá o próximo problema, seja de que partido for. É que, ao contrário do que muitos pensam, isto não é uma questão de partidos ou carácteres. Este polvo não quer saber disso. Apenas está interessado em instituir uma nova ideia de Estado de Direito assente na seguinte trave mestra: todos devemos ser responsabilizados pelos actos que praticamos, excepto eles próprios. Porque quem os tenta responsabilizar está a promover a institucionalização da censura. (...) é este polvo que, em parceria com uma face oculta do meio judicial português, nos passou a dizer o que está ou não provado, quem é culpado/inocente, quem pode ou não governar, o que é o interesse público, enfim, a diferença entre o bem e o mal. Quando assim é, o voto passa a ter uma importância muito relativa…» (31 da Armada)
Tudo visto, os senhores dos grupos económicos estão todos enrolados uns com os outros. Os media são um meio, e não sei se o próprio governo não será um meio também. Quando as coisas aquecem, fazem umas trocas e baldrocas, tiram este para o pôr acolá, eu compro-te a tua empresa e tu a minha, e vamos lá tentar não dar cabo do sistema que mantém o dinheiro a correr.

Ah, e às vezes nós votamos. O que não lhes interessa.

    1 comentário :

    MFerrer disse...

    Convido-te a subscrever o Manifesto:
    http://www.peticaopublica.com/?pi=P2010N1319