Esperar-se-ia que à governação dos partidos de direita estivesse associado um crescimento económico superior. Ou, se isto não acontecesse, que o défice fosse sistematicamente maior quando os partidos de esquerda estão no poder.
Na verdade, nos dois casos que conheço - Portugal e EUA - passa-se o contrário.
Sobre os EUA, já o tinha referido neste texto. Considerando o período de 1948 até 2005, e fazendo um ano de defasagem (a situação económica no primeiro ano de mandato dependerá mais das políticas do mandato anterior do que do próprio) é possível ver como o crescimento económico foi em média, muito superior quando os democratas estiveram na Casa Branca.
No que diz respeito ao défice, a imagem que se segue é eloquoente:
Apesar da retórica relativa à responsabilidade fiscal, foi Reagan o responsável pelo primeiro défice significativo. Clinton transformou esse défice num superavit nunca antes visto. Quando esse legado passou para Bush ele transformou-o num défice sem precedentes.
Em Portugal os dados não permitem tirar conclusões tão sólidas. O arranjo partidário é mais complexo, com alianças e cinco ou mais partidos com assento parlamentar, muitos mandatos ficam a meio, sendo mais complicado o procedimento nessa situação, e existem menos anos entre agora e 1974 do que entre 1948 e 2005.
Ainda assim, feitas as contas por alto, nos governos encabeçados pelo PS, em média, o crescimento da economia foi de 2.97% do PIB. Para o PSD foi de 2.60%, se não incluirmos os anos do bloco central (encabeçado pelo PS), e 2.47% se incluirmos.
O PS, em média, fez variar o défice -0.16% ao ano, e o PSD fê-lo aumentar 0.11% se não incluirmos os anos do bloco central (como é evidente incluo sempre nas médias do PS), ou 0.16% se incluirmos.
Crescimento económico
Défice
É esta a realidade que muitos liberais de direita, pelo seu discurso e apelos políticos parecem não conhecer. E a verdade é que estes números parecem não ser muito discutidos. Porque os preconceitos ideológicos são mais fortes que a curiosidade e abertura de espírito, que a vontade de conhecer o mundo que nos rodeia, e que a vontade de testar as ideias contra as observações.
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