Mário Crespo com Kaúlza de Arriaga - foto roubada ao Arrastão
Continua a falar-se em "censura" ao jornalista Mário Crespo (algo errado e que demonstra que não se sabe ao certo o que quer dizer censura nos dias de hoje), mas ninguém fala do caráter perfeitamente pidesco deste procedimento: ouve-se conversas privadas entre três cidadãos (o fato de serem três ministros não é agora relevante), e daí parte-se para a denúncia. Um cidadão não pode agora ter uma conversa privada, pois pode haver sempre um amigo do sr. Mário Crespo à escuta. Perante isto, o
Cinco Dias elege mais um "mártir" (mas daqui já
nada espanta), o
Sindicato dos Jornalistas considera a conversa "profundamente condenável" (não o procedimento) e o
Bloco de Esquerda quer um inquérito da ERC. Melhor do que tudo: o mesmo eurodeputado que convidou José Saramago a renunciar à nacionalidade portuguesa vem agora
acusar o Jornal de Notícias de exercer censura. Isto é fantástico!
8 comentários :
Eu quero é saber quem era o quarto homem da conversa, o tal «executivo da televisão». A esta hora já se sabe, ou não?
Quanto às conversas privadas: qual é a tua opinião sobre a divulgação dos emails internos do Público, ou sobre o facto de as conversas do Pinto da Costa com os árbitros estarem no youtube?
Há outra fotografia gira do Mário Crespo aqui:
http://www.opusdei.pt/art.php?p=35306
E é mais recente.
Ricardo, o caso da divulgação dos emails internos do Público é completamente diferente. São emails de trabalho - não são "privados", pelo menos no mesmo sentido de uma conversa à hora do almoço. E constituem a prova de uma armação. A história do Mário Crespo não prova nada.
As escutas ao Pinto da Costa não deveriam estar no YouTube. Confesso que não resisti a ouvi-las, e claro que não gostei. Tal como não gostaria que a conversa que o Crespo diz que lhe disseram (alguém que não estava à mesa parece que "ouviu") fosse verdadeira.
Caro Filipe,
Parece-me que confudes "privado" com "pessoal". O email de trabalho pode não ser pessoal, mas é privado sobre todos os sentidos da palavra. É correspondência entre duas pessoas. Uma conversa pessoal, num sitio público, no tom de voz audivel, é muito menos privada e do que correspondência, electronica ou postal.
Quem divulga o que "ouviu dizer" não comete nenhum crime por o divulgar. Poderá cometer se não corresponder à verdade, mas a divulgação em si mesma não é crime. Já a divulgação de correspondência que não nos é dirigida é um crime por si mesmo, independentemente do conteudo.
O "ouvi dizer" pode ser feio, cuscuvelhice, impreciso, falivel e até completamente falso. Mas não tem gravidade absolutamente nenhuma. Em tribunal os tesmunhos de "ouvir dizer" são absolutamente válidos (embora os juizes sejam livres de não lhes dar qualquer valor).
Eu não gosto do Mário Crespo, assim como não gosto da M. Moura Guedes. Mas acho que no caso da Moura Guedes (a ser verdade a tal pressão do Zezé) foi censura, neste foi opção de bom senso do JN, que não ia publicar um artigo muito pouco imparcial e com acusações tão graves.
Mas acho bem que a ERC investigue, porque se for mesmo verdade, é grave que o governo se centre na resolução de "problemas" que não dizem respeito a nenhum cidadão a não ser aos que constituem o governo.
escrevi algumas cosias aqui: http://museudamente.blogspot.com/2010/02/o-caso-mario-crespo.html
Filipe,
Como sabes, estás a ser injusto com essa generalização sobre o 5Dias...
Luís, só se for na frase "o Cinco Dias elege mais um "mártir"", que talvez devesse ser "a pessoa do costume no Cinco Dias elege mais um "mártir"". A frase que se segue, bem entendido, é aplicada à pessoa do costume.
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