- «Ligo a tv pública, RTP2, à espera de encontrar a informação mais relevante do dia no seu jornal de horário nobre, mas antes vejo um indivíduo, líder de um micropartido que tem feito manchetes à custa de detenções várias entre os seus membros por, entre outros crimes, tráfico de droga, de armas, de mulheres ou homicídios racistas, a ser prazeirosamente entrevistado por Alberta Marques Fernandes. O pretexto é, what else?, as intercalares em Lisboa, esse assunto local que o centralismo doentio da nação eleva a "questão nacional". As respostas são contra o "poderoso lobby gay", "anormal, desviante" e por aí fora. A despedida, já com o "tempo excedido", é um "tive muito gosto em tê-lo cá". (...) Escusam de vir com a estória dos "deveres de isenção" e "igualdade de tratamento para todos os partidos" a que a RTP estaria obrigada. Porque NUNCA na história da estação isso alguma vez foi passado à prática. NUNCA numa eleição nacional se viram entrevistas a todos os candidatos, humanistas, monárquicos, atlantistas, da terra, operários socialistas, etc etc etc, porquê então fazê-lo numa eleição de âmbito local? Onde para cúmulo os "candidatos de relevo" não são os 5 do costume (correspondendo às forças representadas no parlamento), mas 7, graças aos independentes, mais do que suficientes para ocuparem demasiado tempo e recursos por si só. (...) PS: É isto o famoso controlo do PS sobre a RTP? Livra!» («RTP Crime», no Renas e Veados.)
- «Em 2006, segundo a Amnistia Internacional, morreram, em Portugal, 39 mulheres vítimas de violência doméstica. Quase uma por semana. A isto somam-se as vítimas não mortais. Anos e anos de sofrimento e sensação de impotência, sem muito a que recorrer. Os tribunais não funcionam e, quando funcionam, de vez em quando foge-lhes a boca para a verdade, e lembram essa coisa gloriosa que é a “coutada do macho lusitano”. A vítima, a parte mais fraca e desprotegida, continua a apanhar. É a vida, dirão alguns. Apesar das alterações legislativas recentes e as que estão em curso, ainda predomina - entre os portugueses - a ideia de que “entre marido e mulher não se mete a colher” e que “uma mulher tem certas obrigações”, nomeadamente, perante o “chefe da casa”. (...) Desconfio que Patrícia Lança e alguns dos seus fiéis seguidores concordarão que, enfim, “uma lambada é uma lambada”, que a mulher “tem um papel a cumprir no seio da família” (...) Quem sabe até se não haverá quem ache que uma intromissão do Estado entre marido e mulher não é um desvio inaceitável, próprio de um estado “musculado”, que não confia na “consciência” de cada um e na “responsabilidade individual” ou até que, ao interferir com hábitos e que surgiram e se enraizaram de forma espontânea, está a enveredar pelo caminho fácil e perigoso da “engenharia social”. (...) Sugerir que o uso indevido e injusto da musculatura individual pode justificar o uso ponderado e justo da musculatura estatal - através das leis e do cumprimento delas? Naaaaaaa. Isso seria perturbar a “ordem natural das coisas” e insultar a espontaneidade e o ambiente de “liberdade” que envolveu o florescimento de certas “práticas”. Uma heresia.» («Do bom e do mau músculo», no Blogue Atlântico.)
quarta-feira, 30 de maio de 2007
Revista de blogues (30/5/2007)
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2 comentários :
Eu também vi a entrevista e digo uma coisa; por mais desprezivel que seja o entrevistado a RTP (na figura de Alberta Fernandes)devia aprender a fazer uma coisa que o entrevistado não faz... RESPEITAR OS OUTROS.
A "jornalista" fez aquilo que o entrevistado mais gosta... foi preconceituosa e não saiu dos chavões que tanto criticam á extrema direita...
"PS: É isto o famoso controlo do PS sobre a RTP? Livra!"
Na verdade, o PNR mais facilmente rouba votos aos adversarios do PS que ao PS, portanto, sendo um tanto conspiratorio, esta situacao nao provara' que o ps "nao tem mao" na RTP...
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