quinta-feira, 3 de maio de 2007

Morte: o derradeiro trunfo da religião

A religião enquanto sistema de crenças terá servido para organizar o modo como se via o mundo. Mas, hoje em dia, ninguém acredita que existam anjos a empurrar os planetas à volta do sol, ou que seja possível fazer chover com a força do pensamento (embora haja quem continue a tentar). A confiança nas capacidades explicativas da religião, depois de duzentos anos de ciências exactas, aproxima-se finalmente de zero.

Mas, será que os indivíduos continuarão a ter fé? E porquê? A maior parte das «necessidades espirituais» que a religião satisfaz podem ser resolvidas de outras formas. A beleza estética há muito que está nos museus à vista de todos, e cada vez há mais sítios onde organizar encontros com os amigos. Acontecimentos sociais como o nascimento de crianças ou a união de casais aparecem hoje cada vez mais desligados da fé. Mas existe sempre a última fronteira: a morte. O animal humano tem consciência dos seus limites, pensa-os, e sabe que um dia morrerá. E isso não é imaginável: a consciência não consegue imaginar o que é não existir. Lidar com a perda de amigos ou familiares também não é fácil.

Todas as religiões, desde as abrâamicas com a sua consciência separada do corpo (a «alma»), até à religião tradicional chinesa (com a veneração dos ancestrais), passando pelo hinduísmo e pelo budismo (com o ciclo morte-«renascimento»), sem esquecer os antigos egípcios (a morte é uma «passagem»...) e ainda a cientologia («reencarnação» num novo corpo, talvez num outro universo), todas as religiões oferecem uma qualquer ilusão que conforta a necessidade do crente de acreditar que «algo» sobrevive à morte, e que possivelmente voltaremos a encontrar aqueles a quem quisemos bem e que nos fazem falta. Mesmo as religiões inventadas mais recentemente (como certas formas de «comunicação» com «espíritos») insistem em convencer as pessoas de que a consciência humana não é função do corpo, e de que portanto a morte não é o fim. Embora plenamente refutada pela ciência, esta crença reflecte uma necessidade forte que não desaparecerá. Aceitar o absurdo da morte exige força de vontade.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

9 comentários :

Anónimo disse...

Gostava de saber como a ciência refuta a vida depois da morte?

Admito que fiquei curioso...

Ricardo Alves disse...

«Vida depois da morte» é um oxímoro: ou se está vivo ou morto.

O que eu digo que a ciência refuta (leia lá com atenção...) é que a consciência seja algo mais do que uma função do corpo. A esse respeito, considere: os estudos do Damásio (nomeadamente a evidência de que lesões cranianas podem provocar alterações de personalidade); o facto de que álcool no sangue, ou açúcar a menos (ou uma série de outros factores) alteram o seu estado de consciência; o facto de que os neurónios estão irreparavelmente danificados após alguns minutos sem irrigação.

no name disse...

viver depois da morte é como ir para sul do pólo sul... haja paciência!

Anónimo disse...

Relativamente a uma forma deveras interessante de rebater a nossa origem divina, como a maioria dos humanos pretende acreditar e fazer acreditar por temer precisamente a morte, que é o fim biológico da nossa existência, só permanecendo na memória daqueles que ainda se lembram de nós (aqueles que nos amam)proponho a leitura de uma grande livro "Os outros segredos de cova da Iria" da Editora Europress do autor com um pseudónimo Iván Ceva. Aqui vai uma sinopse do livro, e que os humanos deixem de ser covardes e aceitem a morte como um fim para todo o sempre, pois é nessa covardia que se alimenta o terrorismo e a intolerância religiosa que também é farta entre os católicos que se autodenominam de bonzinhos. Então aqui vai a sinopse desse excelente livro"Os outros segredos de cova da Iria" da Editora Europress do autor com um pseudónimo Iván Ceva:

Estamos no ano 2417. Eis que a Virgem Maria reaparece a qua­tro videntes na Cova de Iria, agora capital de Portugal. Num século em que a sociedade portuguesa é ateís­ta, os quatro videntes procuram provar, através de diferentes lógicas e argumentos, a existência de Deus. A revelação de três segredos da Virgem Maria vem pôr à prova os esforços dos quatro videntes e, talvez mesmo, a própria fé e a existência de Deus tal e qual a concebemos do ponto de vista religioso. É essa mesma revelação que vai fazer o Homem deste século XXV meditar acerca das suas próprias origens.

... “Numa relatividade de tempo e espaço, como se o tempo e o espaço, grandezas não absolutas, dançassem em dois eixos perpendiculares, ora dando passos de dança para as coordenadas negativas como de ime­diato os davam para as coordenadas positivas...”
... “Eram muitas as entidades celestiais, os seres biolaser, que saíam dessa nave e que, em solo daquele planeta, atarefadamente trabalhavam numa criação importante.”...

... “Estávamos no ano 2221. Era papisa Joana II, que sucedeu a Gregório XVII. Era a segunda papisa depois de Joana I e ocupava o 270.º lugar entre todos os papas do Vaticano. Estava casada com a Beata Clementina.”...

– Reapareceu a várias pessoas, que imediatamente espalharam pelos outros a Boa Nova – esclareceria a Virgem Maria. – Finalmente, reapareceu aos Doze, estando eles reunidos, e que lhe lançaram em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, descrentes que estavam dos que o tinham visto já reaparecido.
– Como se as pessoas, incluindo os apóstolos, não tivessem o direito de duvidar... – ironiza Lídia. – Como se eles não tivessem a liberdade de pôr em causa uma ressurreição que, afinal, não passara de um reaparecimento que nada tivera a ver com o sobrenatural e a obra de um qualquer «espírito santo».
– Afinal Emanuel não chegara a morrer na cruz – conclui Jemima.

Anónimo disse...

Uma brincadeira à parte: Gostaria de saber se esse tal Ricardo S Carvalho, no seu apelido CARVALHO É ESCRITO COM A LETRA "V" OU SEM A LETRA "V".

DESCULPEM A BRINCADEIRA. O VOSSO BLOG É EXCEPCIONAL. MAS PARA NOSSA FRUSTRAÇÃO, QUE EU TAMBÉM A PARTILHO, SÓ DENTRO DE PROVAVELMENTE MIL ANOS OS NOSSOS DESCENDENTES VÃO LOUVAR-NOS POR A NOSSA INTELIGÊNCIA TER CHEGADO TÃO LONGE. POIS UM DOS NIVEIS EXTREMOS E MAIS ALTOS DE INTELIGÊNCIA É PRECISAMENTE A CONCEPÇÃO SIMPLES DE QUE DEUS SOBRENATURAL OU METAFÍSICO NÃO EXISTE, ASSIM COMO A PRÓPRIA DENOMINAÇÃO DE SOBRNATURAL E DO METAFÍSICO INCORPORA EM SI A SUA PRÓPRIA INEXISTÊNCIA SÓ POSSÍVEL NO IMAGINÁRIO. FAÇO UMA COMPARAÇÃO COM O CONJUNTO DE NÚMEROS IMAGINÁRIOS QUE APRENDEMOS NA MATEMÁTICA DO SECUNDÁRIO, MAS QUE NÃO EXISTEM, SÃO SIMPLESMENTE IMAGINADOS. AS RELIGIÕES E PRINCIPALMENTE OS RELIGIOSOS TROUXERAM AO MUNDO MAIS MALES QUE BENS. O PRÓPRIO CRISTO O DISSE NO EVANGELHO DE S. MATEUS CAPÍTULO X: ...NÃO PENSEIS QUE VIM TRAZER A PAZ, MAS SIM A ESPADA... eNTÃO PARA QUE VEIO SE SABIA QUE O MUNDO ESTARIA EM GUERRA POR CAUSA DA SUA DOUTRINA. E ONDE SE ENCONTRA ESSE PODER TÃO MAGNO DE DEUS QUE NEM É CAPAZ DE LIBERTAR AS CRIANÇAS INOCENTES DAS GARRAS MALÉVOLAS E ASSASSINAS DOS ADULTOS. NÃO ME VENHAM COM O ARGUMENTO DE QUE DEUS AS LEVARÁ PARA O SEU CÓLO DEPOIS DE ASSASSINADAS, MAS AFINAL DEUS É OU NÃO A FAVOR DA VIDA, POR QUE ENCURTA ASSIM TANTO A VIDA DOS PEQUENOS SERES, JÁ AGORA POR QUE NÃO NOS LEVA A TODOS PARA O SEU REINO SE A VIDA PARA MUITOS É UM SOFRIMENTO. "A CULPA NÃO É DE DEUS É DOS HOMENS", DIZEM OS RELIGIOSOS COM O MESMO DE LONGA DATA ESTÚPIDO ARGUMENTO. MAS PERGUNTO EU QUE CULPA TÊM AS CRIANÇAS ASSASSINADAS POR ADULTOS, EM TODAS AS GUERRAS, QUE TÃO POUCO TIVERAM OPORTUNIDADE DE PECAR. MAIS UMA VEZ PERGUNTO, PARA ESSES INOCENTES POR QUE É QUE DEUS DESPERDIÇA TANTO DO SEU PODER?! BOM ATÉ OS ATEUS SÃO APANHADOS POR ESTE DELÍRIO DA FÉ, POIS NÃO TEM SENTIDO DISCUTIR OS DELÍRIOS DE PERSEGUIÇÃO, OS DELÍRIOS MEGALÓMANOS, OS DELÍRIOS DE CRENÇA NUMA NÃO EXISTÊNCIA POR QUE ENCONTARM-SE FORA DA REALIDADE, A CONSCIÊNCIA ESTÁ DESLOCADA DA SUA REALIDADE, E QUANDO A CONSCI~ENCIA ESTÁ DESLOCADA DA REALIDADE, SÓ RESTA UM DIAGNÓSTICO - PSICOSE. É ISSO QUE ESPERARÁ, INFELIZMENTE SÓ DENTRO DE MIL ANOS, AÍ É FRUSTRANTE NÃO ACREDITAR INCOERENCIA DA VIDA DEPOIS DA MORTE PARA PODER VER, COMO DIZIA INFELIZMENTE SÓ DENTRO DE MIL ANOS É QUE OS CRENTES NO METAFÍSICA VÃO SER CONSIDERADOS DOENTES MENTAIS.

Anónimo disse...

se deus é pai de todos nós quanto pesarão os seus colhões?

Anónimo disse...

Quanto sémen divino seria necessário para fazer germinar os biliões de pessoas que já foram, estão e virão? Pergunto ao R. S. CARVALHO, CARVALHO COM "V".

João Branco (JORB) disse...

Ricardo: Sabes que essa do "A Sul do Pólo Sul" é uma frase conhecida do Stephen Hawking, quando questionado sobre outro assunto de disputa fé-religião: "O que havia antes do Big Bang?"

Anónimo disse...

ANTES DO BIG-BANG HAVIA O NADA. SEI QUE É INCOCEBÍVEL À LUZ DA REALIDADE QUE NOS RODEIA ONDE TUDO TEM O SEU INÍCIO E SEU LIMITE, MAS O NADA É CONCEBÍVEL À LUZ DA MATEMÁTICA.