O provedor do Público critica a «reportagem» de Paulo Moura em que se desculpava um aparato policial excessivo e intimidatório com os «sonhos selvagens» a que o «jornalista» teria tido acesso. (Ver o meu artigo sobre a «reportagem».)
- «Admitindo ter tido dúvidas em escrever, nessas condições, que "alguns elementos pretendiam usar a violência", até porque esta não existiu e tais "intenções" lhe terão sido comunicadas ao abrigo do anonimato, o jornalista contrapõe que "não houve violência, mas poderia ter havido", e considera que "informar os leitores sobre estes planos por parte de alguns activistas" foi útil para explicar "a atitude de força da polícia", que "foi de facto anormal, ao circunscrever parte dos manifestantes". Admite, ainda, que "tenha sido desnecessária ou até deselegante" a referência aos "sonhos" dos "anarquistas”, mas a expressão usada, insiste, "corresponde ao que eles me disseram". (...)
A reportagem é um género jornalístico que se caracteriza pela liberdade narrativa e pelo espaço concedido à subjectividade de quem relata, mas continua a ser uma peça de informação, que deve assentar, como ditam as regras deste jornal, "no terreno preferencial dos factos e da sua observação directa". A esta luz, a referência, afirmada no texto como uma certeza, a planos e intenções que não se concretizaram, atribuídas genericamente a anónimos, e sem apoio em factos ou declarações que as corroborassem (dos próprios ou de uma parte contrária), é questionável e penso que deveria ter sido evitada.» (Provedor do Público)
Sem comentários :
Enviar um comentário