O senhor Carlos Santos Ferreira foi à embaixada dos EUA dizer que, se o BCP estabelecesse uma relação de negócios com os EUA, que eles não se zangassem muito porque ele daria toda a informaçãozinha sobre os movimentos bancários iranianos. O mais estranho é que ele disse que o negócio iraniano não seria bom para o banco que liderava. Seria bom para ele, pessoalmente?
- «In April 2009, officials of Millennium BCP, Portugal's leading private bank, visited Iran at the invitation of the Iranian Embassy in Lisbon and met with the Central Bank and other entities in the financial sector to discuss Iran's interest in establishing a business relationship with Millennium. On February 5, Millennium Executive Board Chairman Carlos Santos Ferreira discussed the proposal with Poleconoff and its possible benefit to the USG. While he claimed that the costs could outweigh the benefits to Millennium, Ferreira is willing to establish a relationship with Iran to help the USG track Iranian assets and financial activities. Millennium has consulted with the Bank of Portugal and senior government officials, and would like our views on its proposed relationship with Iran and Washington's interest in tracking Iranian accounts in Portugal. We request Washington guidance; our recommendation is that Millennium not pursue the relationship. However, given that Ferreira may do so regardless of USG recommendations, it might be prudent to maintain open channels of communication with Ferreira. Post will track developments and discourage deeper relations with Iran.» (El Pais)
E a embaixada acreditava que o governo português (através do Ministério dos Negócios Estrangeiros) sabia da oferta.
- «(...) post recommends that we maintain open channels of communication with Ferreira in order to maintain some visibility on the Iranian accounts should Millennium go ahead and set them up. Post requests Washington guidance in responding to Ferreira's proposal, as well as views on Millennium's proposed relationship with Iran. While Ferreira did not explicitly say so, post believes that the Portuguese MFA is, at a minimum, aware of his approach to the Embassy.» (idem)
Adenda: não sei se «espionagem democrática» será um termo feliz (dada a carga pejorativa do termo «espionagem»), mas estou essencialmente de acordo com este texto do Miguel Serras Pereira. Realmente, e tanto quanto sabemos até agora, a Wikileaks representa o momento em que os impérios e as oligarquias começam a ser desafiados, não por outros impérios ou candidatos a estabelecerem novas oligarquias, mas por indivíduos que parecem actuar por conta própria e que apelam à consciência crítica dos cidadãos do mundo. De certo modo, estamos a assistir a uma certa reabilitação da acção anarquista.
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