A questão que se põe é: teria que ser assim? Conforme a reportagem do DN transmite, antes do Euro 2004, pelo menos em Aveiro, as assistências aos jogos do Beira Mar eram muito superiores. Quais são as razões para esta quebra de assistências?
A fotografia é eloquente, mas convém escrever: o novo estádio situa-se fora da cidade, isolado de tudo, no meio da floresta, rodeado por autoestradas. Posteriormente fez-se um Retail Park e continuam a construir (e a derrubar árvores) à volta, mas continua a ser um estádio isolado, no meio do nada, que foi concebido de forma a que o espectador, "naturalmente", teria carro e para lá se deslocaria de carro. O transporte público é só a partir do centro da cidade, nos dias de jogo. Ir a pé é impossível.
O portajamento recente daquelas autoestradas (justo para quem vai para Figueira da Foz, Viseu ou Porto, mas injusto para quem se dirige a Aveiro, mas este é outro assunto) só veio agravar a situação, mas o problema das baixas assistências já existia antes. Sempre existiu neste estádio.
O estádio anterior era dentro da cidade de Aveiro, com muito melhores acessibilidades de transporte público e pedonal. As assistências eram em média o dobro.
Num texto antigo, o Ricardo Alves propõe a "demolição do futebol". Proponho, em alternativa, a demolição dos carros.
4 comentários :
Filipe,
a reportagem do DN diz que as assistências actuais são 2000 pessoas. Se antes de 2004 eram o dobro, eram de 4000. Portanto, a questão principal não é porque construíram o estádio fora da cidade, mas sim o porquê de construírem um estádio de 30000 lugares quando teriam bastado 4000 ou 5000 lugares.
E a resposta, sabes qual é: quiseram fazer um estádio de 30000 lugares para ser usado uma ou duas vezes no «Euro2004». E nem sei se terá enchido.
E o problema principal é este: ninguém critica o investimento estúpido que se fez no Euro2004, para construir obras imensas que foram usadas uma ou duas vezes.
É este o «país dos eventos», dos carnavais para encher os olhos aos estrangeiros e que significam desperdício de dinheiro e de recursos para os contribuintes.
Este é o país do cimento. Um país de mestres-de-obras que mandam abrir varandas para subsidiar o negócio das marquises...
Eu não mandava abaixo os estádios. Eu saneava era os deputados e secretários de Estado que trabalham nas empresas de construção e cimenteiras.
Ricardo Alves,
você tem razão, mas o Filipe Moura também tem.
O novo estádio de Braga, por exemplo, não fez decrescer as assistências aos jogos, porque, embora tenha 30.000 lugares, se situa apenas a uns 20 minutos a pé do centro da cidade.
O novo estádio de Aveiro, pelo contrário, só pode ser alcançado de carro.
Ou seja, houve em Aveiro, de facto, um erro duplo: não só se construiu um estádio desproporcionadamente grande (primeiro erro), como ainda por cima se o construiu num local inacessível para quem ande a pé (segundo erro).
curioso. estive há pouco tempo tanto em aveiro e pareceu-me que, pelo menos para circular no centro da cidade, não faltavam carros. não obstante, já à saída da cidade e a caminho do minho, notei que o estádio tinha ganho ferrugem.
depois, em braga, onde o centro histórico está razoavelmente a salvo de automóveis, não consegui encontrar o rochedo maravilha, indo de carro. mas confesso que não procurei assim muito - há coisas mais engraçadas de se ver nas redondezas.
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