Parece que afinal as eleições ainda podem mudar alguma coisa na Europa dos bancos e dos mercados. Em particular, se forem num dos países centrais do império germano-francês ou se, como na Grécia, cortarem para menos de metade o voto pró-troika.
Morta, para já, está a política de Merkozy. Porque Hollande tentará que as eurobonds se tornem realidade ou, heresia, que o BCE empreste directamente aos estados. E porque Merkel terá de começar a falar de crescimento e emprego, sabendo que é o seu parceiro mais austeritário e neoliberal (o FDP) que tem agravado as derrotas estaduais da direita alemã.
Em boa verdade, ninguém sabe quanto é que Hollande fará Merkel recuar. Nem que governo sairá da Grécia. Nem o que se seguirá até ao Verão. Mas, numa Primavera eleitoral europeia que ainda não acabou e já elegeu o primeiro presidente socialista francês desde Miterrand e virou do avesso o sistema partidário grego, foram dados sinais poderosos de que os cidadãos querem outra saída para a crise. Dentro de dias haverá mais uma eleição estadual na Alemanha, hipotéticas legislativas gregas em semanas e, o que é crucial, as legislativas francesas.
Entretanto, os políticos portugueses parecem distraídos. Aceitam um papel de subalternidade à UE e à troika que não é destino, como nos querem convencer, mas escolha. Com essa apática certeza podemos contar. Infelizmente.
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