sábado, 17 de setembro de 2011

Dualidades perversas?

Eu acho que o texto do João se refere a um problema gravíssimo de Portugal, que o Miguel Esteves Cardoso abordou eloquentemente há uns anos, a propósito das reacções públicas (nazis) de políticos e jornalistas, aos insultos que um israelita mal educado proferiu na altura sobre Portugal. MEC explicou aos leitores que em democracia há imensas pessoas que nascem, crescem e morrem sem saberem que são fascistas. A vida não lhes proporciona a oportunidade de meterem um ou dois vizinhos no forno e por isso vivem e morrem felizes e respeitáveis.

A questão da intolerância religiosa e ideológica nas universidades portuguesas é gravíssima, medieval, e é um dos obstáculos mais sérios ao desenvolvimento do país. Refiro-me aqui especialmente à Univ. Católica, onde estudei e assisti aos sussurros de quem não queria ser ouvido a criticar a hierarquia da igreja, ou as eminências pardas da instituição. O respeitinho é muito bonito, como diz o Paulo Portas. Mas eu acho que o respeitinho se merece. Ou não.

Esta atitude de perseguir quem se atreve a criticar a ICAR é gravíssima. Primeiro porque atenta contra a diversidade, contra o pensamento crítico, contra a decência, contra a liberdade, contra o saber e contra a inteligência. E depois porque a instituição de delitos de opinião numa universidade é o melhor e mais rápido caminho para a criação de uma cultura de sabujice medíocre e lascarina, onde os lambe-botas são promovidos e as vozes dissonantes são erradicadas.

Eu passo a vida a criticar o Rick Perry e os fascistas que o rodeiam e apoiam, mas na história da minha universidade só uma vez (em 130 anos) é que foi negada uma promoção a um professor por razões políticas ou religiosas - e foi no tempo do macartismo. Nunca ninguém competente deixou de ser contratado por razões de fé ou de opinião. A vitalidade da América está na diversidade e na liberdade de consciência e de expressão.

Em Portugal, a ICAR (como de resto o PC e os outros partidos, a maçonaria, os grupinhos gay, etc.) insiste no direito selvagem e medieval de perseguir quem se atreve a criticá-la, ou quem não for de confiança. Os outros. "Os da corda", como se dizia dos judeus.

11 comentários :

NG disse...

À ICAR fazem-se críticas. Aos ateístas catolicófobos fazem-se perseguições.
Bardamerda.

João Vasco disse...

A último caso que conheço que encaixa naquilo a que o Filipe se refere não aconteceu a um ateu, mas sim a um católico:

http://maquinaespeculativa.blogspot.com/2011/09/uma-historia-pouco-catolica.html

E não foi propriamente uma crítica aberta aquilo que ele recebeu em troca...

NG disse...

Obrigado pelo link, João Vasco.
Assim, já se percebe de que é que o Filipe está a falar.
Sobre esse assunto: todas as pessoas têm o direito a exprimir as suas opiniões, sejam elas quais forem. Todas as escolas e universidades particulares têm direito a definir os critérios de selecção do seu pessoal docente.

Filipe Castro disse...

Pois têm. Mas a repressão do diálogo e da diversidade fazem das universidades uns antros de mediocridade tristes e inúteis.

Há-se ser óptimo, ser aluno da Católica, quando todos os professores pensarem como o César das Neves. :o)

João Vasco disse...

Filipe, o link que mencionei enriqueceria o teu texto se fosse lá integrado :)

João Vasco disse...

Nuno:

Subscrevo a resposta do Filipe: «Pois têm. Mas a repressão do diálogo e da diversidade fazem das universidades uns antros de mediocridade tristes e inúteis.»

NG disse...

João Vasco e Filipe Castro,
Os alunos têm o direito de escolher as escolas a que se cadidatam para estudar, podem ser antros de mediocridade para uns ou de saber para outros. Pelo que leio do que escrevem, eu pagaria bem para ter aulas com o prof. César das Neves e, nem que me pagassem uma fortuna, recusaria matricular-me num curso que aceitasse o Filipe Castro como professor. È a festa da liberdade de escolha.

João Vasco disse...

Nuno Gaspar,

O Nuno está a fazer-se desentendido? O Filipe porventura escreveu que o Nuno não devia ter essa liberdade de escolha?

É triste que um indivíduo não tenha sido contratado por uma universidade porque, de acordo com a sua consciência cívica, subscreveu uma petição contra a promiscuidade entre estado e Igreja na altura da vinda do Papa.

É triste que na Universidade Católica, pelo menos no departamento de Filosofia, tenham «dossiers» sobre a vida cívica das pessoas em questão, tentando limitar a sua liberdade de expressão.

Mas o Filipe não escreveu que essa tristeza deveria ser ilegal, por isso as respostas do Nuno Gaspar não fazem sentido.

JDC disse...

Curioso que, até hoje, o único sítio onde fui vítima de agressões verbais e até intimidação física foi numa universidade, por parte de um reconhecido activista da juventude to BE, por eu ser... cristão.

João Vasco disse...

JDC,

Mais um caso que exemplifica, no extremo, as dualidades perversas. Esse indivíduo era o perfeito cruzado...

Lobby Queer disse...

"Grupinhos gays?" What a fuck?