terça-feira, 25 de setembro de 2007

Re: Os padres nos hospitais

No Theosfera, lê-se o seguinte:
  • «Um padre não faz distinções. O que o preocupa não é o credo das pessoas. Naturalmente, se algum doente for católico e se lhe pedir um serviço respeitante à sua religião, quererá vê-lo satisfeito. Mas se perfilhar outro credo ou se não for praticante de nenhum culto, nem por isso deixará de merecer uma palavra, um gesto. Nunca nenhum paciente se queixou dos padres nos hospitais.»

Em primeiro lugar, eu dispenso essa «palavra» e esse «gesto» de um padre. Se e quando estiver numa cama de hospital, não quererei ser incomodado por um sacerdote de uma religião (seja ela qual for), ainda por cima numa situação em que posso não ter a energia suficiente para dar a resposta adequada. Por muito que isto custe a aceitar a alguns católicos, há portugueses que não têm religião e que desejam permanecer assim.

Em segundo lugar, conheço várias situações em que pacientes se queixaram de abusos clericais nos hospitais. Eu próprio me sinto incomodado de cada vez que entro no hospital D. Estefânia e observo a propaganda religiosa que decora as paredes dos corredores. Que eu saiba, o hospital é de todos e não foi privatizado para uso dos católicos fatimistas.

20 comentários :

Rui Caetano disse...

Também acho um exagero esta presença forçada dos padres. Embora considero que os crentes acérrimos tenham o direito de ewncontrar o sewu conforto num padre. Mas não podem impingir aos outros.

Anónimo disse...

É curioso ver que o Esquerda Republicana e o Diário Ateísta– que, pelos vistos, são blogs feitos por gente psitacista – ainda não se insurgiram contra a revolta do clero Budista!

Porquê??

Ricardo Alves disse...

Caro «m.m.»,
já falou da questão das capelanias hospitalares no seu blogue? Não? Porquê?
Passa-se em Portugal, já ouviu falar?

no name disse...

que resposta recebe a ARL da tutela em relação a estas questões? (se é que chegam a responder...)

Ricardo Alves disse...

Caro ricardo,
inscreve-te como associado e terás acesso a todas as respostas que a ARL recebe das instituições.

Ricardo Alves disse...

Senhor «m.m.»,
psitacista é vosselência anónima!

Max Mortner disse...

Já. Não falei da questão das capelanias hospitalares porque, apesar de nesse ponto concordar em partecom a sua/vossa opinião, não faço da luta anti-clerical o meu "pão nosso de cada dia".
O que eu vos quis fazer ver com a minha insignificante provocação é que os srs. não são ateus ou anti-clericais: são anti-católicos.

Ricardo Alves disse...

«os srs. não são ateus ou anti-clericais: são anti-católicos»

Claro, é justamente por isso que eu nunca falo do islão (ou do judaísmo), e que disse o que disse do Dalai Lama.

Nuno disse...

É natural falar-se mais na crença católica e na ICAR pois é a principal superstição em Portugal.
Qto muito a provocação seria mais acertada se fosse acusado de ser anti ICAR q teve, num passado recente sec XX português e europeu, atitudes e comportamentos criminosos e assassinos que não se coadunam com os ideais humanistas que diz defender(sabemos q não os defende) e que poderiam legitimamente ser a origem da posição acima!
Cpmts

Decerto que se estivéssemos num país muçulmano o Ricardo Alves seria acusado de não ser ateu mas anti muçulmano!

Max Mortner disse...

Muito bem, já que os senhores falam de tudo o que têm a dizer sobre o papel dos monges na política na Birmania?

PS: Quanto ao caso português os vossos medos da influência da Igreja no Estado (e da não laicidade deste) são ridiculos...

Ricardo Alves disse...

«Max Mortner»,
em primeiro lugar recordo-lhe que está de cara tapada (e eu não).
Em segundo lugar, sobre a Birmânia não tenho satisfações a dar-lhe, como também não lhe vou pedir satisfações ao seu blogue sobre o que escreve ou deixa de escrever.
Em terceiro lugar, não conhece os meus medos, e quer-me parecer que não conhece a situação das relações Estado-confissões religiosas tão bem como eu.
Passe bem.

Max Mortner disse...

Ricardo Alves,

Antes de mais deixe-me dizer-lhe que, para mim, o sr. também está de cara tapada. Não sei quem é. Para mim tanto pode ser o Ricardo Alves ou o Alves dos Reis, é-me indiferente desde que fale com franqueza (o que acredito que faça) e não recorra à calúnia(o que nunca fez e não acredito que venha a fazer). Descanse que acredito que é quem afirma ser. Se achar que o meu nome é relevante para a clarificação de algum ponto ou para a validação dos meus argumentos e opiniões avise-me: não terei problema nenhum em dize-lo.
Quanto à Birmânia eu não lhe pedi satisfações, pedi-lhe uma opinião. O sr. não é nenhum líder birmanes nem nenhum monge para me dar “satisfações” sobre o que se está a passar. É, obviamente, livre de se remeter ao silêncio e não opinar sobre a acção dos monges. Tem razão numa coisa: o sr. não tem satisfações a dar-me sobre o que escreve no seu blog. Eu apenas estranhei o silêncio (sobre esta matéria) de alguém que indubitavelmente conhece as relações Estado/confissões religiosas melhor do que eu. Como o sr. escreve frequentemente sobre estas matérias limitei-me a achar curioso o seu silêncio.
Não se ofenda.

Passe bem.

André A. Correia disse...

Caro Ricardo Alves,

Tenha juízo. Se dispensa o conforto espiritual, muita gente hospitalizada - a maioria, posso afirmar - sente-se bastante agradada com essa facilidade que lhes é disponibilizada. E diga-me lá um caso onde um capelão se intrometeu na esfera da privacidade de um doente sem ser convidado.

Vê-se que não sabe do que fala. Convido-o por exemplo a acompanhar um dia de trabalho do capelão do IPO e, se tiver coluna vertebral, retratar-se-á das enormidades que escreve.

Quanto aos adereços religiosos, incomodam-no? Não vá lá então. O CUF Descobertas e o Hospital da Luz (passe a publicidade)têm as paredes nuas...

E espanta-me que vá ao D. Estefânia, e se calhar ao Santa Maria, ao São José, etc. É coisa de monárquicos e padrecos... Como bom republicano, devia deixar-se ficar á porta! Desse modo, ninguém o poderá acusar de não ajudar os seus colegas de bancada ideológica Sócrates e Correia de Campos.

Ricardo Alves disse...

Caro André A. Correia,
tenha juízo vossemecê. Eu e muitos outros queremos não ser incomodados por padres quando estamos numa cama de hospital, fragilizados e vulneráveis.
O André gostaria que alguém o fosse tentar convencer a abandonar a sua religião quando estivesse numa cama de hospital? Penso que não. Eu só quero ficar em igualdade de direitos com o André, compreeende?
Quem não sabe do que fala é o André. Conheço um caso de um ateu que teve que assistir a uma cerimónia religiosa quando foi visitar um amigo a um hospital público. Conheço outro caso de uma mãe de família que teve que aturar um padre a dizer que a filha dela tinha que ser baptizada (senão iria para o «inferno», seja lá isso o que for), quando a filha estava prestes a ser operada a um tumor. E o homem não desandava. A si, isto não o choca?
O André e outros clericais extremistas têm que aprender que não são donos do país, por muito que julguem que o são.

André A. Correia disse...

Ó Ricardo Alves, essa imaginação...

Quem foi o padre que foi converter alguém, fragilizado e vulnerável, numa cama de hospital?

A do ateu assistir a uma cerimónia religiosa quando foi visitar um amigo, há algum mal? Foi ele o visado, ou agora também querem proibir alguém de receber um sacramento num hospital apenas porque o vizinho não gosta?

A do baptizado, confira as suas fontes. Não posso afirmar que seja "inverdade", mas cheira-me que o meu caro mandou essa essa apenas para fazer número...

Clerical extremista? Eu? Porquê?

Em algum lado digo que a mesma faculdade dada à Igreja Católica não deva ser dada a outras confissões, p.e.? Em algum lado digo que um capelão deve obrigar alguém a falar com ele?

O meu amigo é que anda com algum recalcamento, e já está com quase um século de atraso. Não se esqueça que a I República acabou, e os homens de boa vontade - crentes e ateus - estarão cá para lutar contra o retrocesso civilizacional que alguns tentam impingir.

André A. Correia disse...

E agora um pouco fora do contexto, mas que tem a ver com a presença da Igreja Católica na sociedade em geral, do qual um hospital é um pequeno elemento.

Administradas pelas paróquias da freguesia onde moro, conheço duas creches em regime aberto, i.e., sem cobrarem exorbitâncias: S. Domingos de Rana e Talaíde. Estatais, zero.

Centros de dia para a 3.ª idade, temos S. Domingos de Rana, Abóboda e Trajouce. Estatais, zero.

É por estas que você nos chama donos do país?

Ricardo Alves disse...

Senhor André Correia,
parece-me que não é homem de boa vontade e que não quer lutar contra retrocesso algum. Se fosse e o quisesse, estaria contra a possibilidade de acesso dos sacerdotes católicos a quem não solicitou a presença deles. E contra a remuneração aos sacerdotes por um trabalho que só diz respeito à relação entre o crente e a sua igreja, e não à relação entre o cidadão e os serviços públicos («separação do Estado e da igreja» toca-lhe um sino na cabeça?).

Não sou eu quem precisa de «verificar fontes». É o André que precisa de descobrir um país que nitidamente não conhece, onde há portugueses que não têm religião e que querem continuar assim, e onde acontecem abusos por parte dos padres da sua igreja. Seja menos católico e mais cidadão e compreenderá o que digo.

Ricardo Alves disse...

Senhor André Correia,
não é um pouco fora do contexto, é muito fora do contexto. Não misture hospitais com creches e lares de 3ª idade. Acho que só nos países do antigo bloco de Leste é que estes últimos eram todos estatais, como o André parece desejar. Mas deixe-me acrescentar que as «obras sociais» que a ICAR reclama como suas não sobreviveriam sem o dinheiro do Estado. É fazer caridade com o dinheiro dos outros.

E deixe-me acrescentar que a sua tentativa de fazer humor com os nomes dos hospitais foi de mau gosto e insultuosa. O André gostaria que os hospitais do seu país tivessem nomes como «Hospital Fátima é Aldrabice» ou «Hospital Deus é Vesgo», e depois ainda aparecesse alguém a fazer troça de si por ser religioso e frequentar hospitais com nomes anti-religiosos?

Pense nisso.

André A. Correia disse...

Caro Ricardo, não se exalte. Parece-me que o M.M. tinha razão lá atrás: vocé é contra a Igreja Católica e ponto final, apenas vai atirando para outros lados para disfarçar...

O serviço hospitalar é tanto serviço público como o apoio à terceira idade e à infância. Eu não defendo a estatização de qualquer deles, o meu amigo é que reclama em nome de um laicismo militante (quase religioso, já viu? É como uma fé... ou fezada...) a expulsão dos padres de todo o serviço público. Já antigamente os poderes deste país - da monarquia à república - o fizeram, e voltaram atrás. Porquê?

Quanto à caridade com o dinheiro dos outros, diga isso aos voluntários que trabalham nesses sítios. E as obras da Igreja não são dela: são de todos. Até para si. Experimente pôr um filho ou um pai num destes apoios e verá que não lho recusam.

"E deixe-me acrescentar que a sua tentativa de fazer humor com os nomes dos hospitais foi de mau gosto e insultuosa." Aí, alto lá. De mau gosto até posso admitir, porque, cá está o busílis, depende do gosto de cada um. Agora insultuosa? Insulto é esta pérola sobre o D. Estefãnia: "Que eu saiba, o hospital é de todos e não foi privatizado para uso dos católicos fatimistas." Perguntar-me-á: insulto para quem? Quando lá estiver às 4:00 da manhã com uma criança ao colo, deseperado, perceberá. É que quem já passou por isto tem tento na língua. Ou então não é humano...

Ricardo Alves disse...

Caro André Correia,
parece-me que não compreende 20% do que eu digo.

A saúde é um serviço público. A religião não é. Compreende isto? É por isso que os hospitais são pagos pelo dinheiro dos nossos impostos, e os templos religiosos não (com excepção de algumas igrejas católicas, o que só deveria envergonhar os próprios católicos).

Se não compreende porque é que os comentários que faz são insultuosos, não vale a pena perder mais tempo consigo.

Bater-me-ei sempre pela sua liberdade religiosa. Por aquilo que li nesta caixa de comentários, o André não respeita a minha liberdade de não ter religião. A diferença entre nós é essa: o André quer usar o Estado para me obrigar a conviver com a sua religião.