segunda-feira, 24 de setembro de 2007

As vítimas

Não consigo deixar de me espantar com a obsessão dos católicos em imaginarem-se vítimas de horrorosas perseguições. Em Timor, por exemplo, os católicos não hesitaram em dizer-se «perseguidos» quando a Educação Moral e Religiosa Católica deixou de ser obrigatória (ou seja, acham que não obrigar é sinónimo de perseguir). O caso da 1ª República portuguesa, em que o facto de a ICAR ter sido desestatizada foi considerado uma tentativa de «extinção», é outro caso clássico.

O exemplo mais recente vem da Espanha: o governo instituiu uma disciplina de formação cívica, e em Ibiza há uma exposição considerada blasfema pela ICAR. Tanto bastou para que o arcebispo de Toledo da ICAR, um tal de Antonio Cañizares que até parece que é cardeal, considerasse que existe um «projecto» para «eliminar a Igreja Católica» (!). Num país como a Espanha, em que a ICAR tem mais de vinte mil delegações, controla importantes meios de comunicação social, e o Estado recolhe impostos para a ICAR, qual é o risco de «eliminação» que a ICAR corre? Sem dúvida, o mesmo risco que o futebol, as telenovelas ou o consumo de açúcar: nenhum.

Sempre que ouço falar em «eliminar» uma religião, imagino leis que proíbam cerimónias religiosas na privacidade da casa das pessoas, templos a serem destruídos a camartelo e crentes a serem queimados na praça pública. Tudo isso já aconteceu, em Portugal e também em Espanha. Chamou-se Inquisição, e não creio que os perseguidos fossem católicos. Até desconfio que na sua maioria não seriam católicos.

Falar em «eliminar a Igreja Católica» a propósito de uma exposição artística ou de um curso de cidadania é absurdo e ridículo. A ICAR não é tão frágil que fique «eliminada» ou «erradicada» se o Estado leccionar cidadania aos alunos sem fazer referência à religião. Muito menos fica «eliminada» e «erradicada» por causa de uma colagem na parede de um museu onde se calhar até se paga para entrar. Nem sequer ficaria «eliminada» e «erradicada» se os crentes a abandonassem todos de uma vez, o que, todavia, não me parece que aconteça já amanhã.

Esta obsessão católica em imaginar que os católicos são «perseguidos» é um apelo ao cerrar de fileiras do grupo contra o inimigo externo, e atinge uma histeria só compreensível se pensarmos que toda a ICAR vive da manipulação de emoções, e que tem como seu mito fundamental um drama de perseguição religiosa. Mas de tanto se esganiçarem a gritar «lobo», não se espantem se um dia ninguém acudir. Até porque há igrejas que de cordeiro só têm a pele.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

1 comentário :

Anónimo disse...

os catolicos se julgam perseguidos pq kerem chamar atenção, kerem o zé povinho eskeça q outros povos q nem o judeu, indios etc sofreram e sofrem perserguições (inclusive por eles proprios).
Eles acusam eu o os demais comunistas de perseguidores de catolicos pq não acatamos os fétidos interesses deles. Eu e os demais comunistas não somos meretrizes deles. Pq se fossemos lacaios da ICAR.. receberiamos 1 "tratamento maravilhoso" seriamos de "defensores da fé cristã" etc.
eles fazem esse teatrinho da perseguição pq kerem jogar a midia e o zé povinho contra todos q não lhe interessam. Não só comunista, mas tbm laicistas, anarkistas etc.
Eles se julgam perseguidos pq tem ciume e inveja dos judeus(vitimas dos catolicos) e tentam "nazificar" todos os seus "perseguidores".
E +!!! Não acredito nessa historia de "igreja perseguida" na China, é tudo invenção da mafia papal.
se os lideres chineses fossem do nivel de F.Marcos de Manilla, certamente seriam abençoados por Roma.
Ateu comunista