A Alemanha tem sido apresentada como uma economia exemplar pela sua pujança, em contraste com o Sul preguiçoso e irreformável. Há contudo que meter as coisas em contexto.
Desde o início do Euro até a crise, de 1999 a 2008, a Alemanha violou frequentemente os limites das finanças públicas estabelecidos em Maastricht, chegando à crise com um nível de dívida pública equivalente ao português. A Alemanha era uma das economias anémicas da Europa (como Itália e Portugal), com um fraco crescimento de 1,6% ao ano. Nesse período a UE cresceu a 2,4% e a Zona Euro a 2,2% (sem a Alemanha em ambos os casos).
A crise inverte esta tendência. De 2009 a 2013 prevê-se um crescimento de 2,2% na Alemanha, bem acima dos 0,2% na Zona Euro e 0,6% na UE. E é difícil não associar esta inversão súbita ao desenrolar da crise. É difícil não pensar na velha queixa dos empresários alemães sobre a falta de jovens com elevadas qualificações numa sociedade envelhecida como a alemã, pensar no elevadíssimo desemprego jovem no Sul, e nas políticas ativas do governo alemão para atrair os tais jovens qualificados. É difícil não ligar o modo com a sua chanceler tem aparecido como a commander-in-chief de toda a Europa, e os enormes fluxos de capitais em direção à Alemanha em busca de alguma estabilidade no meio do pânico - fluxos esses tão grandes que levam a Alemanha a ter taxas de juros mais baixas que a sua vizinha Holanda, apesar de ter o dobro da dívida pública desta (82% contra 45% do PIB). É difícil não pensar na facilidade que há hoje na Alemanha em encontrar financiamento para qualquer investimento, quando até as taxas de juros nominais da dívida pública são negativas.
Não estou a afirmar que Berlim tenha intuitos obscuros na sua condução da crise - tanto que esta também a atinge - mas há que perceber que a Alemanha que nos mostram hoje, é como é, graças à crise.
A crise inverte esta tendência. De 2009 a 2013 prevê-se um crescimento de 2,2% na Alemanha, bem acima dos 0,2% na Zona Euro e 0,6% na UE. E é difícil não associar esta inversão súbita ao desenrolar da crise. É difícil não pensar na velha queixa dos empresários alemães sobre a falta de jovens com elevadas qualificações numa sociedade envelhecida como a alemã, pensar no elevadíssimo desemprego jovem no Sul, e nas políticas ativas do governo alemão para atrair os tais jovens qualificados. É difícil não ligar o modo com a sua chanceler tem aparecido como a commander-in-chief de toda a Europa, e os enormes fluxos de capitais em direção à Alemanha em busca de alguma estabilidade no meio do pânico - fluxos esses tão grandes que levam a Alemanha a ter taxas de juros mais baixas que a sua vizinha Holanda, apesar de ter o dobro da dívida pública desta (82% contra 45% do PIB). É difícil não pensar na facilidade que há hoje na Alemanha em encontrar financiamento para qualquer investimento, quando até as taxas de juros nominais da dívida pública são negativas.
Não estou a afirmar que Berlim tenha intuitos obscuros na sua condução da crise - tanto que esta também a atinge - mas há que perceber que a Alemanha que nos mostram hoje, é como é, graças à crise.
Fonte: Comissão Europeia
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