Se não somos capazes de compreender que os professores necessitam antes de mais nada de terem mais meios para poder ensinar, e isto significa também mais poder e meios para punir os maus alunos, reprovando, suspendendo e explusando-os, então não percebemos nada e seguiremos atolados no lodo da tal pedagogia inclusiva. O desrespeito de uma sociedade pelos seus professores, o discurso acusador de clientelismo, preguiça e incompetência é aqui o maior indicador do desprezo que esta sociedade já decidiu voltar para a sua educação.
###O esmorecimento dos critérios de avaliação na educação, que se vai estendendo como um cancro do ensino básico ao superior, termina por possibilitar a entrada na carreria docente de profissionais que não o deveriam ser, e que terminam por incrementar a má imagem que se tenha, ou que se queira dar, dos docentes e do sistema de educação em geral. Grande parte do problema actual é que as próprias universidades tal como os liceus já participam em larga medida desta lógica mortífera que afirma, explícitamente ou não, como principal regulador da educação a ofertar o seu cliente (aluno e pais).
Os professores devem realmente ser avaliados, mas antes de o serem, e de acordo com critérios correctos, ou seja, técnicos. Esta avaliação acontecerá de forma natural através de um sistema de educação universitário mais exigente, e também, para que não estejamos à espera que a natureza cumpra no futuro com o que achamos que estamos conseguir fazer-la prometer no presente, através de exames gerais de admissão comuns que garantam, de forma honesta e imparcial, os minímos de qualidade da classe profissional e que sejam, portanto, garantes também de certa impermeabilidade da degradação, pontual ou não, dos vários graus de ensino entre si.
Comecemos então por aprender o valor fundamental de se poder e dever exigir, criando os meios que tornem possível esta exigência, nos vários graus do nosso ensino. E ao mesmo tempo criemos as devidas barreiras ao ciclo vicioso de degradação que nos levou à destruição da imagem do principal elemento educador, o professor, e de aí à confusão definitiva quanto as verdadeiras causas desta degradação.
3 comentários :
Não faltarão os que considerem este texto conservador.
A minha experiência de 10 anos de ensino (1961/71) levam-me a apoiar e subscrever o conteúdo.
Não há nada mais fácil do que arranjar um bom bode expiatório.
Andamos há vinte e tal anos a rebentar com o nosso sistema educativo, com recuos atrás de recuos em matéria de rigor, exigência, autoridade e aprendizagem.
Tudo é bom para combater o insucesso escolar.
Expulsem-se os professores das escolas, e acaba-se o insucesso!
Já que todos os podem avaliar, certamente também todos poderão passar a fazer (melhor) o trabalho deles!
Se calhar os pais podem fazer mais pela Escola (podem, certamente), e se calhar isso passaria por um envolvimento da autarquia (não tenho qualquer dúvida, na verdade). O que não aceito é ver as questões essenciais, que são políticas e da responsabilidade do ministério, serem embrulhadas numa estratégia em que os professores são postos no pelourinho (é tão fácil apontar o dedo ao funcionário).
Desenvolvo mais qualquer coisa sobre o assunto em http://novomundo.blog.pt/782462/
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