- «No dia da aprovação de mais um pacote de austeridade grego, as ruas de Atenas estiveram a ferro e fogo. Dentro do Parlamento, 199 dos deputados aprovavam um suicídio coletivo. Mesmo com a chantagem, 21 deputados do PASOK e outros 21 da Nova Democracia foram expulsos dos seus grupos parlamentares por se recusarem votar a favor. Cá fora reinava o caos. (...)
A sondagem mais recente, quando pouco falta para as eleições, dá-nos dados interessantes: a Nova Democracia, de direita, com 31%; os comunistas, do KKE, com 12,5%; o SYRISA (o Bloco de Esquerda lá do burgo), com 12%; os socialistas, do PASOK, com 8%; o LAOS, a extrema-direita que, até sexta-feira, participava no governo, com 5%; o CHRYSI AVGI, a extrema-direita fora do governo, com 3%. E um novo partido, a Esquerda Democrática, ocupa o segundo lugar, com 18%. É uma cisão "reformista" do SIRYSA que inclui muitos dissidentes do PASOK que se opuseram ao acordo com a troika.
Alguns dados a ter em conta. A direita fica-se com 38%. Os socialistas descem de mais de 45% para 8%. O centrão, até agora absolutamente hegemónico, vale 38%. Comunistas e esquerda radical sobem e conseguem, juntos, mais de 24%. Uma versão mais moderada da oposição de esquerda ao austeritarismo demente consegue, de um só golpe, transformar-se num risco para os partidos que levaram a Grécia para esta tragédia. Juntos, os partidos anti-troika já têm mais de 42%. (...)
Outra lição a tirar destas previsões eleitorais: se os socialistas continuarem a ser cúmplices do golpe de estado neoliberal que está a ser imposto em grande parte dos estados europeus terão o destino lógico a que a sua inutilidade política obriga - uma deprimente agonia. Mais um ensinamento interessante: a esquerda que consiga ter a inteligência de vencer o sectarismo e dirigir-se ao eleitorado tradicional dos socialistas pode, sendo uma alternativa ao centrão, dar resposta ao descontentamento. Por fim, a existência de uma esquerda democrática capaz de dar voz à justa indignação popular é o que pode salvar muitos países europeus de uma deriva nacionalista de extrema-direita, onde o desespero, se não tiver para onde se deslocar, acabará. (...)» (Daniel Oliveira)
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Revista de blogues (14/2/2012)
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6 comentários :
Adoro a expressão auteritarismo demente:)Quanto à análise em si nada a apontar. Centrão oferece sofrimento, os extremos amanhãs que cantam resultado fácil.
Será uma experiência interessante, a tentativa de formação de Governo no pós-eleições.
Prefiro os
"amanhäs que cantam" dos extremos que os
"amanhäs que choram" do centräo.
Suicídio colectivo?
ó Alves dos Reys pressupõe que voltavam imediatamente ao dracma (a 300 e tal dracmas por euro)
Com uma desvalorização de digamos apenas 40% nos dias seguintes
Os salários de 700 e 900 euros
veriam o seu valor real reduzido
420 e 580 eurro-dracmas equivalentes
haveria aumentos intercalares de salários, a massa monetária M3 aumentaria (inflação, créditos com juros usurários
A nova penteadora faliu após 6 meses a pagar juros de 4,5% e 6% ao mês
(à CGD ao BFN (banco de fomento nacional)e ao BNU
os juros de depósitos atingiram os 30% nesse ano
os créditos atingiram 60%
deixa cá ver a inflação foi de 50% um bom ano de bons ares
(tenho cá umas saudades)
em 1991 os gajos que derrubaram o Siade Barre..iam fazer do país o novo polo industrial do continente
20 anos depois...
A solução do mengistu hailé mariam..também não deu
Ontem até gostei de ouvir o João Galamba (ao quisto chegou)
Em qualquer cenário 1995 só tinha um PIB de 90 mil milhões de dólares
(voltar ao escudo resultaria no retorno ao ponto de partida)
permanecer no euro, resultará no mesmo, mas com mais anos de atraso
Quanto ao estado social dois exemplos:
Um cigano com um restaurante e umas lojecas, descontou por mês 100 contos (em nome próprio como gerente)para a segurança social, pois o guterrismo prometia reformas boas
ou seja 6000 euros por ano (só 12 meses)desde 1995 até 2006
66 mil euros
antes disso descontava pouco uns 10% de 100 contos ou isso logo uns 1200 euros-equivalentes por ano (digamos 10 anos )
logo 78 mil euros de descontos para a segurança social
as regras mudaram e hoje recebe de pensão
que só começou a ser paga em 2008
357 eurros
ou sejax14= 5000 euros por ano
o que descontou dá para 15 anos de reforma (um pouco mais se o fundo da segurança social gerasse acréscimos e não prejuízos
68 anos (2008) + 15= dá-lhe até aos 83
o meio-irmão deste cigano, filho de lavrador também mas com mais estudos e mais velho, foi médico dos caminhos de ferro de benguela 59-74 e tem reforma deste serviço
foi médico do SLAT (serviço de luta anti-tuberculosa) de 74 (maio)
a 82 e tem direito a outra reforma do SNS
trabalhou num hospital privado até 1992 ano em que se reformou com tripla reforma
800 contos em 92
e presentemente (em 2007 é capaz de ter descido, espero) 6800 euros brutos de reforma
ora 20 anos de reforma..
contra 33 anos a trabalhar com descontos mínimos
e este era da geração de trinta que entrou nas universidades nos anos 50
e depois disso houve muito mais
como disse nosso guterres
é só fazer as contas
o estadão sucia all nã dá pra todos...já me está devendo uns 3000 e sabe-se lá se os paga...
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