Uma das escalas refere-se às características que são mais valorizadas nas crianças. Traduzindo:
«Qual é que pensa que é a característica mais desejável numa criança:
a) "Independência" ou "Respeito pelos mais velhos"?
b) "Curiosidade" ou "Boas maneiras"?
c) "Ter empatia e consideração pelos outros" ou "Ser bem comportado"?»
Parece claro que a primeira resposta a qualquer destas perguntas corresponde a uma sensibilidade mais liberal, enquanto que a segunda resposta manifesta um maior apreço pela autoridade instituída.
Eis outra escala que foi utilizada para aferir o autoritarismo (e, por oposição, o liberalismo), também independentemente de qualquer convicção quanto à distribuição dos recursos. Neste caso, era pedido às pessoas que respondessem se concordavam ou discroordavam com cada uma das seguintes frases:
«1. Existem muitas pessoas radicais e imorais no nosso país hoje em dia, que estão a destruí-lo tendo em vista os seus propósitos sem Deus, em relação aos quais as autoridades deveriam pôr cobro.
2. Não existe «UMA maneira certa» de viver a vida, toda a gente tem de criar a sua própria forma. (-)
3. O nosso país será destruído se não esmagarmos as perversões que destroiem a nossa fibra moral e as nossas crenças tradicionais.
4. Homossexuais e feministas deveriam ser louvados pela bravura ao ter desafiado os «valores da família» tradicionais. (-)
5. Cada um deveria poder escolher o seu próprio estilo de vida, crença religiosa e orientação sexual, mesmo que isso o faça diferente de todos. (-)
6. A única forma do nosso país resistir à crise que se avizinha é voltar aos valores tradicionais, pôr líderes duros no poder, e silenciar gente problemática que insista em espalhar más ideias.
7. O nosso país precisa de pensadores livres, que tenham coragem de desafiar o ponto de vista tradicional, mesmo que isso seja inconveniente para muitos. (-)
8. Aquilo de que este país realmente precisa, em vez de mais «direitos civís», é uma boa dose de lei e ordem.
9. Não existe nada de errado com o sexo antes do casamento. (-)
10. Obediência e respeito pela autoridade são as virtudes mais importantes que uma criança deveria aprender.»
Parece claro que uma concordância com as afirmações assinaladas com (-) e discordância com a restantes corresponde a uma sensibilidade mais liberal, enquanto que o posicionamento oposto manifesta um maior apreço pela autoridade instituída.
Tendo em conta que, nos EUA, o partido Republicano dá mais valor à defesa da propriedade privada (quando em conflito com outros valores) do que o partido Democrata, se a perspectiva dos liberais de direita estivesse correcta, seria de esperar que os estudos empíricos demonstrassem que no partido Republicano existem mais liberais (de acordo com estas escalas) do que no partido Democrata.
Verifica-se precisamente o oposto.
Inúmeros estudos têm-no confirmado, veja-se este exemplo, e este, e mais este.
Mas há mais...
5 comentários :
Eu sou capaz de escrever alguma coisa no VS sobre isso, mas um problema é que muitos liberais (no sentido politico-ideológico) acham que não há problema nenhum com as respostas "autoritárias" às perguntas 2, 3, 4, 5, 7, 9 e 10, desde que esse autoritarismo não seja consagrado na lei.
Miguel Madeira:
Seria muito interessante fazer os mesmos estudos apenas com perguntas como a 1, 6 e 8.
Mas não me parece que seja irrelevante a informação que as respostas às outras nos dão.
Não parece razoável esperar que quem é liberal discorde da afirmação «Obediência e respeito pela autoridade são as virtudes mais importantes que uma criança deveria aprender», mais do que quem não é?
Afinal liberal vem de liberdade (liberalis), ou de aversão a um tipo muito específico de autoridade (a do estado)?
Aquilo que define um liberal é a defesa da igualdade perante a lei (mas isso todos dizem hoje defender, sejam liberais ou não), e o apreço pela liberdade. O problema é que dizendo quase toda a gente hoje ter apreço pela palavra, torna-se difícil identificar quem tenha apreço pelo conceito. É mais fácil identificar objectivamente quem tem aversão a que o estado tenha este ou aquele poder, mas isso não corresponde ao conceito original - embora esteja com ele relacionado.
Mas, por subjectivo que seja, eu diria que quem considera a «obediência e respeito pela autoridade» a virtude mais importância para uma criança aprender, não é quem tem mais apreço pela liberdade...
seu vasquinho não são verdadeiramente perguntas
perguntas implicam escolhas livres
é melhor ser enforcado ou fuzilado?
cortado às postas ou frito em óleo?
ou seja se só há uma dicotomia nessas tais respostas
o seu mundo a preto e branco anda muy cinzento
facça kistões com resposta livre
e que não direccionem a resposta
o seu problema é andar no call center a fazer sondages
deformação profissional
The Relationship between Liberalism and Socialism
Paper for the PSA Conference, March 2010
DRAFT
Dr Edward Rooksby
University of Southampton
e.rooksby@soton.ac.uk
The human being is in the most literal sense a zoon politikon, not merely a gregarious animal, but an
animal which can individuate itself only in the midst of society.
Karl Marx
[T]he best of liberalism is too good to be left to the liberals.
Anthony Arblaster1
What is the relationship between liberalism and socialism? How can we best understand,
that is, the relationship, in conceptual and historical terms, between the normative principles,
social and political values and political practices of these two great political traditions? To
ask this question, from a socialist perspective at least, is also, simultaneously, to ask what
socialism is – for, as I shall suggest in this paper, it is impossible to comprehend socialism
as a political philosophy unless one situates it in relation to liberalism. This is because, in
effect, socialism emerges out of the tensions that are present at the very core of liberalism.
Socialism, as this paper will argue, is best regarded as the radicalisation and transcendence
of liberalism rather than as something significantly separate from it or, much less, as its
antithesis. Socialism is both liberalism’s bastard child and also its rightful heir. More than
this, in fact, socialism is the fulfilment of the central promises of liberal modernity and is, in
this sense, more liberal than liberalism itself.
«Socialism, as this paper will argue, is best regarded as the radicalisation and transcendence
of liberalism rather than as something significantly separate from it or, much less, as its
antithesis. Socialism is both liberalism’s bastard child and also its rightful heir.»
Curiosamente é precisamente esta a perspectiva tradicional da Igreja Católica, hostil ao liberalismo, e mais ainda ao seu «filho» que leva o liberalismo «ainda mais longe», o socialismo.
Não é a minha perspectiva, mas considero-a curiosa.
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