- «- Concorda com o modelo que está a ser seguido na China pelo PCC?
- Pessoalmente, não tenho que concordar nem discordar, não sou chinesa. Concordo com as linhas de desenvolvimento económico e social que o PCP traça para o nosso país. Nós não nos imiscuímos na vida interna dos outros partidos.
- Mas se falarmos de atropelos aos direitos humanos, e a China tem sido condenada, coloca-se essa não ingerência na vida dos outros partidos?
- Não sei que questão concreta dos direitos humanos...
- O facto de haver presos políticos.
- Não conheço essa realidade de uma forma que me permita afirmar alguma coisa.»
Comentário: ela não sabe que há presos políticos na China. Mesmo que haja, não se mete na vida interna de outro partido (comunista), mesmo que esse partido seja capaz de mandar gente para a prisão por razões políticas. A fidelidade é muito bonito.
«- Como encara os campos de trabalhos forçados, denominados gulags, nos quais morreram milhares de pessoas?
- Não sou capaz de lhe responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre isso.
- Mas foi bem documentado...
- Por isso mesmo, admito que possa ter acontecido essa experiência.»
Comentário: ela não leu nada sobre os gulags (como os católicos não lêem sobre a Inquisição). Mas admite que possam ter existido enquanto «experiência»(!). Sem que isso a preocupe muito, aparentemente.
Fascinante. A realidade, no fundo, é o que nós quisermos. Basta querer, como dizia o outro.
Jazz para o seu domingo
Há 2 horas
16 comentários :
E torna-se ainda mais fascinante sabendo que a moça é licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais :)
A moça demonstra uma grande sabedoria, não se pronuncia sobre o que desconhece.
Muitos deveriam aprender com ela.
Mas vivemos num mundo em que a maior parte das pessoas pensa que sabe porque ouviu dize.
«Fascinante. A realidade, no fundo, é o que nós quisermos. Basta querer, como dizia o outro.»
Também se poderia dizer o mesmo da perspectiva republicana sobre os abusos da republica sobre a Igreja.
"A moça demonstra uma grande sabedoria, não se pronuncia sobre o que desconhece."
Completamente de acordo, mas não era de esperar que uma deputada do partido comunista ainda por cima de relações internacionais soubesse qualquer coisita sobre o comunismo?
Cada vez tenho menos respeito ao PCP.
Coloquem questões similares aos jovens deputados do PS e do PSD, e pasmem com as respostas.
Isto é perseguição ao PCP.
-Por acaso as redacções do Correio de Manha, mandam os paus mandados de pseudojornalistas a recibo verde fazer o mesmo género de perguntas a deputados da direita.
=Crimes do capitalismo n elevado ao quadrado.
Se eu tivesse no da deputada do PCP, mandava o jornalista levar no olho do Cu. Extensivo ao director do pasquim.Convidando certos comentadores a seguir lhes o caminho.
"Coloquem questões similares aos jovens deputados do PS e do PSD, e pasmem com as respostas."
Alguém disse o contrário? Quando eles fizerem asneira cá estaremos para os criticar.
Mas o problema no PCP é maior. Custa alguma coisa dizer: sim senhor, isso foi muito mau, mas não quer dizer que o comunismo seja mau assim como a inquisição não quer dizer que a ICAR seja má.
O problema que se coloca no PCP, e ACHO que não se coloca tanto nos outros partidos, é que não criticam NUNCA países comunistas, mesmo quando é evidente que fizeram asneira!
Não lhe perguntaram se o comunismo era mau, perguntaram-lhe se as atitudes más de comunistas são más. Pelos vistos não, porque foram tomadas por comunistas!
Ainda estou para ver um capitalista a defender os bancos e seguradoras e madoffs que causaram este problema todo. Pode-se criticar atitudes sem criticar o sistema, mas os comunistas não são capazes de fazer isso. Nem a Coreia do Norte criticam!
Parece que este post não agradou ao Comité Central.
F. Penim Redondo: está a brincar, com certeza.
Anónimo das 4:05: tem uma certa razão. O CM deveria colocar perguntas sobre o Afeganistão e o Iraque aos jovens deputados do PS e do PSD. Ou do CDS. Neste último deveriam colocar questões sobre o salazarismo.
Mas claro que os erros de uns não desculpam os de outros.
Anónimo das 2:55: a que abusos se refere?
Para a experiência ter valor científico deviam ter perguntado à moça:
O que pensa de os democratíssimos ocidentais apoiarem um governante que inventou mais de um milhão de votos fraudulentos no Afeganistão ?
Se ela respondesse que estava um bocado fora do assunto confirmava-se que o problema dela não era sectarismo.
Parece-me boa ideia, Penim Redondo.
Cláudio,
Tem razão. Numa entrevista não custa nada dar uma resposta diplomaticamente correcta, e passar rápidamente e de sorriso amarelo para a próxima questão.
Mas o ponto aqui é que a rapariga não sabia, e foi sincera. Revelou uma certa ingenuidade ao admitir, faltou-lhe calejo politico para desviar o assunto subtilmente, ao estilo Sócrates e Lda.
Aos 26 anos, e apesar da sua licenciatura, ainda tem muito para ler e aprender: mas ao menos reconhece.De certeza que depois desta polémica vai estudar o tema.
Não vejo que seja assim tão grave.
A mim interessa-me mais que ela esteja a par do programa do PCP para o País, e que seja uma deputada honesta.
Não sabe, e reconhece que não sabe: vejo aqui honestidade e humildade. E tenho a certeza que vai procurar saber.
Lamento que o jornalista estivesse mais interessado em saber a opinião da Rita Rato sobre o que se passa na China, assunto sobre o qual poderá ter pequena acção, em vez de aproveitar para lhe perguntar sobre questões nacionais sobre as quais ela poderá influenciar.
Quanto ao exemplo que dá, dos capitalistas... eles não defendem os bancos, mas terminaram injectando-lhes uns bons milhões...
Não vê, ou não quer ver?
Carla,
tenha lá paciência mas há mínimos de conhecimento político para ser deputado da nação. Não saber o que se passa na China ou o que foram os gulags, como assume que ela não saberá, é escandaloso. Ou então sabe mas não sabe lidar com o problema, o que também não é bom sinal.
Ricardo,
Concordo. Deveríam existir mínimos de conhecimento político, e não só, para se ser deputado da nação.
Se fossem implementados uma espécie de testes psicotécnicos, ou um teste de admissão à AR, quantos dos que lá estão (e estiveram) passaríam?
Desde logo, o Sócrates levava um chumbo redondo.
Não acredito que o Sócrates reprovasse em conhecimento político. Não é por não concordarmos com as pessoas que elas são, necessariamente, ignorantes, Carla.
já corre célere (é ver também no 5 dias...) o argumento da "ignorância natural dos jovens" que foi inventado, ao que parece pelo vítor dias do tempo das cerejas.
O problema não é a falta de cultura geral dos jovens, o problema grave, é a de uma jovem responsável comunista chegar ao parlamento e nunca ter sido confrontada, mesmo que internamente, com o "problema do Gulag".
Como se o Gulag na história do comunismo ( e infelizmente não só)fosse uma questão de "cultura geral", um "fait divers", uma "curiosidade". Claro que quando se fala do Gulag é para "perseguir o pcp". Não é piada, porque é disso mesmo que se trata. Quando o pcp vem com lérias sobre a "asfixia democrática" e os "direitos dos trabalhadores" deve ser confrontado e "perseguido" com esse problema.
Difícil de entender? Pois interroguemo-nos sobre a sanidade mental de um rapazito do PNR que ache que o Holocausto foi uma historieta acerca da qual tem imensas dúvidas, até porque "não esteve lá".
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