quarta-feira, 8 de abril de 2009

Política euro-provinciana

Vital Moreira tem muito a seu favor. Ser um dos poucos políticos portugueses no activo genuína e claramente laicistas, claro. Mas, talvez pela fragilidade de não ser militante do PS, tem alguma posições incompreensíveis.
Entendo melhor isto:
  • «Manuel Alegre e Paulo Pedroso juntaram-se ontem ao ex-presidente Mário Soares na defesa de que o Partido Socialista Europeu não apoie a recandidatura de Durão Barroso à presidência da Comissão Europeia.»
Infelizmente, logo a seguir lê-se esta:
  • «Pedroso defendeu mesmo que o ex-primeiro-ministro António Guterres seja o nome do candidato socialista, na sequência do que a eurodeputada Ana Gomes declarou».
Porquê um português? Será que as eleições para o Parlamento Europeu são um campeonato provincial para encontrar o melhor candidato luso-português a presidente da Comissão Europeia? Porque não propôr outro socialista europeu, por exemplo (por exemplo...) Zapatero?
(Mais: para que é que encheram as ruas com cartazes a dizer «Nós, europeus», se o que interessa é discutir o melhor candidato do «nós, portugueses» a Presidente da Comissão Europeia?)

8 comentários :

Pedro, o cristao calmo disse...

A do zapatero era boa e livrava os espanhóis de uma bela carga de trabalhos...

dorean paxorales disse...

Tens toda a razão...

... Caso o presidente da comissão fosse eleito directamente por nós ou indirectamente pelo parlamento europeu.

A república europeia não existe, e o presidente da comissão não é mais à esquerda ou à direita, ou mais ou menos competente, por causa do sucesso de um ou outro partido em eleições europeias. Seja quem for, dependerá dos diretórios. Como vindo daqui, nem manda, é inócuo.
Com Zapatero, e.g., as coisas seriam muito piores.

Logo, na falta de substância, discute-se a fatiota. Só lhes fica bem.

P.S.: fico à espera dos teus comentários quando o Tony Blair aparecer como "presidente da Europa", sem ser sujeito a qualquer eleição. Certo que tal depende da Irlanda assinar Lisboa mas isso já é outra guerra...

Ricardo Alves disse...

Dorean,
para a presença de Portugal na UE, as eleições legislativas de Outubro são bastante mais importantes do que as de Junho. Afinal, em Outubro elegeremos (indirectamente) o nosso representante no Conselho Europeu, que terá muito mais influência na nomeação da Comissão Europeia do que todos os deputados portugueses ao PE juntos.

Discute-se a presidência da Comissão como se poderia discutir a Lua. O que interessa é assobiar para o lado e fingir que estas eleições servem realmente para designar uma câmara com capacidade para derrubar um executivo (não servem).

Quanto ao Tory Blair, é um dos políticos que mais tenho criticado neste blogue. Quanto à Irlanda, não entendi.

dorean paxorales disse...

O tratado de Lisboa prevê a criação de um cargo de presidente da UE, acima da comissão. Se o tratado for aprovado pela Irlanda no segundo referendo (ainda este ano), Tony Blair pretende avançar. É também daí que vem o apoio à recondução de Durão. Tudo negociatas que não olham a partidos nem, consequentemente, a eleições.

Quanto ao resto, estamos de acordo.

Ricardo Alves disse...

«Tudo negociatas que não olham a partidos»

Presidência da Comissão - PPE

Presidência da UE (condicionada) - PSE

dorean paxorales disse...

Não está mal visto mas referia-me aos partidos nacionais... Se o PSE/PPE perder um deputado pela Bélgica e ganhar outro pela Eslováquia, que muda no diretório?

Até porque os partidos nacionais, pelo menos teoricamente, mudam de grupo sempre que quiserem.

Ricardo Alves disse...

«Se o PSE/PPE perder um deputado pela Bélgica e ganhar outro pela Eslováquia, que muda no diretório?»

Nada. Até pode perder 10. O Directório não tem a sede do seu poder no Parlamento Europeu, mas no Conselho Europeu, onde o que conta é o peso demográfico (e económico) dos Estados.

dorean paxorales disse...

muito bem. 20 valores ;)