quinta-feira, 23 de abril de 2009

Obama não cumpre (2)

Obama prometeu terminar com a tortura e cumpriu (logo ao segundo dia de mandato). Não prometeu punir os responsáveis, é verdade, mas creio que era legítimo esperar que o fizesse de alguma forma (despedimentos, no mínimo, embora o que merecessem fosse mesmo a prisão).

Como já escrevi, os EUA e a Europa perderam boa parte da sua autoridade ética durante os sete anos de «guerra cósmica contra o mal». Tornou-se claro para a geração actual (que provavelmente não o saberia), que avanços civilizacionais como o respeito pelos Direitos do Homem não estão, jamais, imunes a recuos.

Obama promete agora um inquérito do poder legislativo às decisões de autorizar a tortura e outras ilegalidades (detenções ilegais, por exemplo). E admite «consequências legais» para os mandantes. Está bem, mas é pouco. Quanto aos executantes da tortura, garante-lhes que não sofrerão consequências. Condoleeza Rice terá sido a maior responsável pelos contorcionismos legais do período mais negro dos EUA desde a 2ª guerra mundial.

Sempre pensei que uma ordem para torturar fosse sempre ilegal. Parece que a conclusão deste período é que pode não ser. E isso não fica bem.

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