quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O poder de mercado e a mão de obra - III

Da mesma forma que existem razões estruturais para que existam menos empregadores que empregados, também existem razões estruturais para existirem menos gestores de topo que empregados. Assim, numa empresa, a distribuição da riqueza produzida torna-se uma negociação entre três partes: os donos, os gestores de topo, e a restante mão de obra.

Como várias destas partes têm elevado poder de mercado, as alterações da oferta e da procura são claramente insuficientes para explicar a variação dos preços a que a mão de obra - em particular a dos gestores de topo - tem sido transaccionada.

Na sequência da alusão que fiz à importância de valores com carga simbólica como essenciais para compreender a avolução dos preços, é de notar que existia «pudor» em pagar a um gestor de topo um valor muito superior ao dos empregados pior pagos. Em 1965 o CEO nos EUA ganhava em média um salário 24 vezes superior ao do trabalhador médio, enquanto que hoje ganha 325 vezes mais. Isto para não falar nos casos extremos (Stephen J. Hemsley recebe cerca de 50 vezes mais que o CEO médio, portanto cerca de 15 000 vezes mais que o trabalhador médio)...


O que explica esta evolução é a perda de força dos sindicatos. Enquanto que antes tanto os gestores de topo como a generalidade dos trabalhadores tinham considerável poder de mercado, com o enfraquecimento sindical, apenas os gestores de topo mantiveram esta vantagem. Em consequência, os recursos criados pelo aumento significativo da produtividade acabaram por ser apropriados por este grupo, fazendo com que a generalidade das pessoas mal sentisse o seu benefício.

Assim, a perda de poder de mercado da generalidade dos trabalhadores beneficiou dois grupos distintos. Por um lado beneficiou os proprietários, detentores de capital, por outro lado beneficiou os gestores «de topo», detentores de cargos onde se coloca um problema de agência.

Esta situação está a tornar-se insustentável, e é cada vez mais urgente invertê-la.

11 comentários :

Luís Lavoura disse...

Há outras possíveis razões, que nada têm a ver com os sindicatos. Por exemplo, com a globalização, os trabalhadores vulgares passaram a ser um espécime vulgar e intercambiável no mundo, na medida em que o trabalhador indiferenciado americano passou a competir com o trabalhador indiferenciado chinês. Portanto, sendo a oferta de trabalhadores vulgares mais alta, o seu salário diminuiu, por força da lei da oferta e da procura. Por outro lado, com a globalização o capital torna-se globalmente escasso, pelo que a sua remuneração tende a aumentar.
Esta é apenas uma outra explicação possível - não quero dizer que seja a verdadeira.

ASMO LUNDGREN disse...

Jão Basco um travalhador médio baixo ganha 30 mil ao ano

50 vezes mais que o CEO médio, portanto cerca de 15 000 vezes mais que o trabalhador médio

15.000 x mais que 30 mil

dá 450 milhões por ano...

e 30 mil não é o salÁRIO MÉDIO

logo essa cifra é zagerada né?

o typo que ganhou os 60 milhões no euromilhões também ganhou
20 mil vezes mais que a pensão mínima da dona aurora peixeira
e ninguém s'arrepanha por isso

nem é taxado fiscalmente
porque 10 milhões de papalvos já o foram por ele

entendido? nã?

e essa mythologia do trabalhador agrícola chinês competir com o norte-am é...

João Vasco disse...

Luís Lavoura:

No livro «A Consciência de um liberal» Paul Krugman desconstrói esse argumento.
Ele mostra como as alterações dos salários não evoluíram gradualmente (ou acompanhando a globalização), mas pelo contrário sofreram duas descontinuidades que corresponderam às reformas políticas estruturais nos EUA: o New Deal (que levou a uma diminuição acentuada na dispersão dos rendimentos) e a Reagonomics (aí podemos ver uma inflexão, onde os salários deixam de acompanhar o aumento da produtividade). A política foi determinante.

ASMO LUNDGREN disse...

O Jão Basquinho 1929 foi uma crise de consumo...e de super-produção para os níveis de consumo

a produção putividade (e aqui tem de se ter cuidado com o termo)aumentou e os salários idem

só que a partir de um ponto excedentes salariais não se dirigem para o consumo....logo

entendido?
larga o Samuelson da Gulbenkian que já tá desactualizado...

salários com ligação a um índice?

pudotividade

é a relação entre a produção e os factores de produção utilizados

logo fazes ai uma confuzeca do carago ó jã basquinho

João Vasco disse...

Gajo dos pseudónimos:

Aprende a escrever, e depois discutimos.

Ricardo Alves disse...

Não lhe ligues, João Vasco. Ele escreve assim de propósito, é mesmo para não ser lido.

P.A. Lerma disse...

João Vasco disse...


Quando eu Aprender a escrever,ler,pensar e ter um feitio assis a modos que menos merdoso agente depois dis cu timos.

obrigado...mas eu não bou nessas...
até dezia que safosse con a tua gaija...mas sella inda tá con tigo acho que prefiro as ovelhas...

bês isto sim qué um elugio

P.A. Lerma disse...

Alves dus Reis disse:

e quem é que lê alguma coisa aqui?

tás-te a passar meuuu...

Ideologicamente o lobo mau que come capuchinhos vermelhos arrisca-se a mais sanções suciais que o que come velhas e velhos

Resumindo: ó seu peadophilus deixa de afagar o puto e dá-lhe chapada senão ele fica estúpido para sempre

P.S ia dizer mais estúpido...

P.s.d não que seja impossível..
já o probou muitas bezes
deslarguem-me queu bou-me a ele

P.A. Lerma disse...

e jão basco eu sou cigano...

gajos são boçês...carrada de merde

nós somos a gente ...seres humanos

bocês são us gadjos

chamar-me gadju a moi...olha safosse o filetes fazia-te a folha

finis...

Miguel Carvalho disse...

João,
o poder de mercado de um grupo não vem do seu número. Há pouquíssimos amoladores de facas, mas eles não tẽm grande poder negocial.

João Vasco disse...

Miguel,

Há realmente uma distinção subtil que está implícita mas não explícita no post.

No caso dos amoladores de molas não existem barreiras à entrada, e é consequência da falta de procura que existem poucos. No outro caso não existem poucos devido à escassez de procura, mas devido a uma limitação externa (a forma como as instituições estão desenhadas no caso dos gestores de topo; a existência de um limite às horas de trabalho próprias que se podem vender mas não às que se podem comprar no caso dos detentores de capital) - e aí surge então um maior poder de mercado.