«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
Há muita verdade, mas essa deriva para a direita não é um exclusivo português. E tem razões profundas, das quais as principais são o fim das ditaduras comunistas e a «neoliberalização» da Europa através de Maastricht e do euro...
«mas essa deriva para a direita não é um exclusivo português.»
Pois, tem acontecido nos países ricos. E as consequências para os países ricos como um todo estão à vista: mais desigualdade, aumento da qualidade de vida.
A evolução na América do Sul mostra como seguir outro caminho compensa: menos desigualdades, aumento da qualidade de vida.
«E tem razões profundas, das quais as principais são o fim das ditaduras comunistas e a «neoliberalização» da Europa através de Maastricht e do euro...»
De acordo.
Mercado comum sem política comum tende a ter esse efeito... E porque é que isso é pernicioso dá para um post...
Não só o PCP aceita a economia mista, como efectivamente «social democracia» significa querer atingir, por via reformista e gradual em contexto democrático, uma economia socialista (sem classes, sem propriedade privada dos meios de produção). Ora o PCP não é um partido revolucionário que anuncie a vontade de fazer a revolução armada. E com a aceitação da «economia mista» propondo apenas nacionalizar os sectores estratégicos (deixando os restantes na mão dos privados) também aceitou uma via gradualista para chegar ao objectivo socialista. Assim sendo, parece-me inegável que o PCP seja social-democrata. As suas proposta programáticas são 100% sociais democratas. Quanto ao BE, também não existe nenhum apelo ao derrube da «democracia burguesa», nem sequer uma proposta de nacionalizar mais do que os «sectores estratégicos». O partido comunista pode estar cheio de comunistas, e o BE também, mas são efectivamente partidos sociais democratas, com propostas sociais democratas.
Curioso é pensar como a posição do PSD quando votou a favor da Constituição que defendia o rumo ao socialismo era efectivamente social-democrata, sendo uma posição muito semelhante às do BE e PCP.
A partir do momento que o PCP assenta o seu programa eleitoral para as legislativas como economia planeada, propondo-se sair do Euro, quem sabe da própria união europeia, como pode isso ser gradual? Já nem vou falar dos outros planos, a nível social e de política externa.
«A partir do momento que o PCP assenta o seu programa eleitoral para as legislativas como economia planeada,»
Eu fui confirmar agora mesmo. Tal como me lembrava, é falso que isso faça parte das propostas do PCP.
E é por isso ser falso que o PCP é efectivamente Social Democrata.
«propondo-se sair do Euro»
Já vi essa proposta por parte de várias pessoas de centro e direita. Não vejo qualquer incompatibilidade entre ser social-democrata e defende-la.
« Já nem vou falar dos outros planos, a nível social e de política externa.»
A política externa do PCP é o melhor argumento que poderia ser apresentado. A incapacidade de denunciar as ditaduras comunistas parece pouco própria de um partido efectivamente democrático. Mas é um argumento claramente insuficiente.
Quanto ao nível «social» não faço ideia daquilo a que o JDC se refere. O que é que o PCP defende a nível social difícil de conciliar com a Social Democracia?
Dou a mão à palmatória. Terei baralhado com o programa anterior a esse, de 2009? Lembro-me claramente de ler uma proposta de economia planificada...
Quanto à saída do Euro, pela direita, só os facistas do PND defendem isso e todos nós sabemos como a extrema-direita e a extrema-esquerda se tocam em tantos pontos...
Não é só o não denunciar o presente, é o sectarismo com que olham para o século XX!
A questão social, com este programa de governo, também fica furada. Há não muito tempo, "propriedade privada" era um termo altamente polémico no seio do PCP...
«Há não muito tempo, "propriedade privada" era um termo altamente polémico no seio do PCP...»
O que corrobora a tese apresentada ;)
Sobre o abandono do Euro, já vi vários pensadores de centro proporem o fim do euro, desde economistas americanos, até inclusivamente a propostas meio espantosas como a das duas moedas (Euro1 e Euro2, um para os países do Sul e França, outro para a Alemanha e companhia)
A saída da Grécia (e de Portugal) do euro, já começa a ser defendida por muita gente. De direita e de esquerda. Não tem nada a ver com esta conversa, JDC.
A indesmentível melhoria das condições de vida causou um certo aburguesamento. E uma maior preocupação com causas burguesas como a "liberdade individual". Hoje em dia a preocupação com a "liberdade individual" é muito maior que em 1975 ou 1995. É isso que o gráfico reflete.
«Hoje em dia a preocupação com a "liberdade individual" é muito maior que em 1975 ou 1995.»
Basta ver a forma como se ataca a Comissão Nacional de Protecção de Dados; como se infiltram polícias para instigar a violência nas manifestações impunemente; ou como se aceita que nos EUA se aprisionem pessoas em todo o mundo sem julgamento; a deriva securitária absolutamente absurda com a paranóia do terrorismo; a forma como o orçamento para as polícias secretas incha com o passar do tempo, entre tantas outras coisas, para perceber que o contrário é verdade.
Com a deriva de direita, como seria de esperar, cada vez se respeita menos a liberdade individual, e como cada vez os políticos têm menos medo de a invadir.
«nos EUA se aprisionem pessoas em todo o mundo sem julgamento»
queria obviamente dizer «os EUA» e não «nos EUA». Por cá, mal se ouviu falar neste ataque avassalador às liberdades individuais. É a «luta contra o terrorismo». Desculpa todas as violações da liberdade individual que têm sido feitas.
Filipe, não tens razão nenhuma. A «deriva para a direita» é uma consequência do falhanço das ditaduras comunistas - que levou primeiro ao desprestígio (e queda eleitoral) dos PC´s ocidentais, e depois à «direitização» dos PS´s (tipicamente, na «Terceira Via»). A seguir, nos 90´s, os Tratados da UE foram progressivamente impondo uma política cada vez mais neoliberal, com a consequente viragem à direita dos partidos que querem governar...
Sobre o falhanço das ditaduras comunistas estamos de acordo, mas isso não explica o porquê da direitização dos PSs (à partida seria de esperar uma esquerdização dos PSs, algo que o Mário Soares, depois da queda do Muro de Berlim, sempre defendeu). É muito fácil repetires a tua cassete do costume e dizeres que eu "não tenho razão nenhuma", mas não vejo nada nas tuas palavras que contrarie a minha tese: "a indesmentível melhoria das condições de vida causou um certo aburguesamento e uma maior preocupação com causas burguesas". Antes de morrer, o Álvaro Cunhal alertou que já não há comunistas hoje como no tempo dele. O Bertrand Russell já explicava isso na sua História da Filosofia Ocidental.
Filipe, o fim das ditaduras comunistas teve consequências a nível do debate de ideias. A partir de 1989 o debate de ideias ficou quase ganho para a direita «neoliberal» (com mais ou menos extremismos e variações).
Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velho, (87anos),não tenho capacidade intelectual para me meter nesta polémica,mas é minha opinião que a pulhice humana,a corrupção a velhacaria é que provocaram a adulteração do Socialismo na URSS que depressa adoptou o Brasão do Czar e com o apoio e bênção da Seita Negra biblico-judaico-cristã E é também a pulhice humana que adultera qualquer sistema Político porque o Homem é lôbo do Homem. Mas uma coisa é certa,os Reis e a Fidalguia que no passado sempre teve o apoio da Seita Negra da Internacional Vaticana,hoje é a Burguesia Plutocrata que detém o Poder Económico-Financeiro e é ela tal como no passado quem DITA a Política a seguir e sempre com o apoio e a bênção da ICAR cuja missão é manter o Povo ajoelhado e submisso para que continue sendo a besta de carga.Quanto ao PS;PSD e CDS/PP,pois êstes três Partidos defendem os interêsses da Burguesia e quando no Governo acatam as decisões de Bruxelas e apoiam a Horda mercenária da NATO e suas Guerras de rapina.Com rótulos de socialista,de social democrata ou de «democracia»cristã êles vão indrominando o Zé Povinho. Mas,porém,todavia,contudo.....
Com populismo e demagogia/muita mentira,verdade parece/mas em liberdade e democracia/O Povo tem o Governo que merece.
O EsquerdaRepublicana é um blogue à esquerda, independente dos partidos mas não de valores e causas, republicano, laicista, democrata e plural. Foi fundado em Março de 2005.
20 comentários :
Há muita verdade, mas essa deriva para a direita não é um exclusivo português. E tem razões profundas, das quais as principais são o fim das ditaduras comunistas e a «neoliberalização» da Europa através de Maastricht e do euro...
«mas essa deriva para a direita não é um exclusivo português.»
Pois, tem acontecido nos países ricos. E as consequências para os países ricos como um todo estão à vista: mais desigualdade, aumento da qualidade de vida.
A evolução na América do Sul mostra como seguir outro caminho compensa: menos desigualdades, aumento da qualidade de vida.
«E tem razões profundas, das quais as principais são o fim das ditaduras comunistas e a «neoliberalização» da Europa através de Maastricht e do euro...»
De acordo.
Mercado comum sem política comum tende a ter esse efeito...
E porque é que isso é pernicioso dá para um post...
acho que é a esquerda res pubicana que anda à deriva
ou senão anda é porque já afundou
Jamais o PCP pode ser considerado social-democrata. Mesmo o Bloco tenho sérias dúvidas...
JDC:
Não só o PCP aceita a economia mista, como efectivamente «social democracia» significa querer atingir, por via reformista e gradual em contexto democrático, uma economia socialista (sem classes, sem propriedade privada dos meios de produção). Ora o PCP não é um partido revolucionário que anuncie a vontade de fazer a revolução armada. E com a aceitação da «economia mista» propondo apenas nacionalizar os sectores estratégicos (deixando os restantes na mão dos privados) também aceitou uma via gradualista para chegar ao objectivo socialista.
Assim sendo, parece-me inegável que o PCP seja social-democrata. As suas proposta programáticas são 100% sociais democratas.
Quanto ao BE, também não existe nenhum apelo ao derrube da «democracia burguesa», nem sequer uma proposta de nacionalizar mais do que os «sectores estratégicos».
O partido comunista pode estar cheio de comunistas, e o BE também, mas são efectivamente partidos sociais democratas, com propostas sociais democratas.
Curioso é pensar como a posição do PSD quando votou a favor da Constituição que defendia o rumo ao socialismo era efectivamente social-democrata, sendo uma posição muito semelhante às do BE e PCP.
A partir do momento que o PCP assenta o seu programa eleitoral para as legislativas como economia planeada, propondo-se sair do Euro, quem sabe da própria união europeia, como pode isso ser gradual? Já nem vou falar dos outros planos, a nível social e de política externa.
«A partir do momento que o PCP assenta o seu programa eleitoral para as legislativas como economia planeada,»
Eu fui confirmar agora mesmo. Tal como me lembrava, é falso que isso faça parte das propostas do PCP.
E é por isso ser falso que o PCP é efectivamente Social Democrata.
«propondo-se sair do Euro»
Já vi essa proposta por parte de várias pessoas de centro e direita. Não vejo qualquer incompatibilidade entre ser social-democrata e defende-la.
« Já nem vou falar dos outros planos, a nível social e de política externa.»
A política externa do PCP é o melhor argumento que poderia ser apresentado.
A incapacidade de denunciar as ditaduras comunistas parece pouco própria de um partido efectivamente democrático.
Mas é um argumento claramente insuficiente.
Quanto ao nível «social» não faço ideia daquilo a que o JDC se refere. O que é que o PCP defende a nível social difícil de conciliar com a Social Democracia?
Programa Eleitoral da CDU:
http://www.cdu.pt/2011/compromisso-eleitoral-do-pcp-por-uma-pol%C3%ADtica-patri%C3%B3tica-e-de-esquerda#2
Dou a mão à palmatória. Terei baralhado com o programa anterior a esse, de 2009? Lembro-me claramente de ler uma proposta de economia planificada...
Quanto à saída do Euro, pela direita, só os facistas do PND defendem isso e todos nós sabemos como a extrema-direita e a extrema-esquerda se tocam em tantos pontos...
Não é só o não denunciar o presente, é o sectarismo com que olham para o século XX!
A questão social, com este programa de governo, também fica furada. Há não muito tempo, "propriedade privada" era um termo altamente polémico no seio do PCP...
«Há não muito tempo, "propriedade privada" era um termo altamente polémico no seio do PCP...»
O que corrobora a tese apresentada ;)
Sobre o abandono do Euro, já vi vários pensadores de centro proporem o fim do euro, desde economistas americanos, até inclusivamente a propostas meio espantosas como a das duas moedas (Euro1 e Euro2, um para os países do Sul e França, outro para a Alemanha e companhia)
A saída da Grécia (e de Portugal) do euro, já começa a ser defendida por muita gente. De direita e de esquerda. Não tem nada a ver com esta conversa, JDC.
A indesmentível melhoria das condições de vida causou um certo aburguesamento. E uma maior preocupação com causas burguesas como a "liberdade individual". Hoje em dia a preocupação com a "liberdade individual" é muito maior que em 1975 ou 1995. É isso que o gráfico reflete.
«Hoje em dia a preocupação com a "liberdade individual" é muito maior que em 1975 ou 1995.»
Basta ver a forma como se ataca a Comissão Nacional de Protecção de Dados; como se infiltram polícias para instigar a violência nas manifestações impunemente; ou como se aceita que nos EUA se aprisionem pessoas em todo o mundo sem julgamento; a deriva securitária absolutamente absurda com a paranóia do terrorismo; a forma como o orçamento para as polícias secretas incha com o passar do tempo, entre tantas outras coisas, para perceber que o contrário é verdade.
Com a deriva de direita, como seria de esperar, cada vez se respeita menos a liberdade individual, e como cada vez os políticos têm menos medo de a invadir.
Os «"«liberais»"» mal piam.
Recomendo a Filipe Moura que volte a ler a citação usada como subtítulo deste blogue.
«nos EUA se aprisionem pessoas em todo o mundo sem julgamento»
queria obviamente dizer «os EUA» e não «nos EUA».
Por cá, mal se ouviu falar neste ataque avassalador às liberdades individuais.
É a «luta contra o terrorismo». Desculpa todas as violações da liberdade individual que têm sido feitas.
Ricardo Alves,
Agora, em final de 2011, sim, há muita gente. Mas o PCP já o defende há muito...
Filipe,
não tens razão nenhuma. A «deriva para a direita» é uma consequência do falhanço das ditaduras comunistas - que levou primeiro ao desprestígio (e queda eleitoral) dos PC´s ocidentais, e depois à «direitização» dos PS´s (tipicamente, na «Terceira Via»). A seguir, nos 90´s, os Tratados da UE foram progressivamente impondo uma política cada vez mais neoliberal, com a consequente viragem à direita dos partidos que querem governar...
Sobre o falhanço das ditaduras comunistas estamos de acordo, mas isso não explica o porquê da direitização dos PSs (à partida seria de esperar uma esquerdização dos PSs, algo que o Mário Soares, depois da queda do Muro de Berlim, sempre defendeu). É muito fácil repetires a tua cassete do costume e dizeres que eu "não tenho razão nenhuma", mas não vejo nada nas tuas palavras que contrarie a minha tese: "a indesmentível melhoria das condições de vida causou um certo aburguesamento e uma maior preocupação com causas burguesas". Antes de morrer, o Álvaro Cunhal alertou que já não há comunistas hoje como no tempo dele. O Bertrand Russell já explicava isso na sua História da Filosofia Ocidental.
Filipe,
o fim das ditaduras comunistas teve consequências a nível do debate de ideias. A partir de 1989 o debate de ideias ficou quase ganho para a direita «neoliberal» (com mais ou menos extremismos e variações).
Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velho,
(87anos),não tenho capacidade intelectual para me meter nesta polémica,mas é minha opinião que a pulhice humana,a corrupção a velhacaria é que provocaram a adulteração do Socialismo na URSS
que depressa adoptou o Brasão do
Czar e com o apoio e bênção da
Seita Negra biblico-judaico-cristã
E é também a pulhice humana que
adultera qualquer sistema Político
porque o Homem é lôbo do Homem.
Mas uma coisa é certa,os Reis e a
Fidalguia que no passado sempre teve o apoio da Seita Negra da Internacional Vaticana,hoje é a
Burguesia Plutocrata que detém o Poder Económico-Financeiro e é ela
tal como no passado quem DITA a Política a seguir e sempre com o apoio e a bênção da ICAR cuja missão é manter o Povo ajoelhado e submisso para que continue sendo a besta de carga.Quanto ao PS;PSD
e CDS/PP,pois êstes três Partidos defendem os interêsses da Burguesia
e quando no Governo acatam as decisões de Bruxelas e apoiam a Horda mercenária da NATO e suas
Guerras de rapina.Com rótulos de
socialista,de social democrata ou de «democracia»cristã êles vão indrominando o Zé Povinho.
Mas,porém,todavia,contudo.....
Com populismo e demagogia/muita mentira,verdade parece/mas em liberdade e democracia/O Povo tem o Governo que merece.
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