quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O capitalismo falhou


(Foto de Jim Hubbard ©Bettmann/CORBIS)

Convém admiti-lo, falhou o modelo do capitalismo financeiro tal como o imaginaram Thatcher, Reagan e Milton Friedman. A ideia de que os mercados se auto-regulam e que a mão invisível do mercado age tendencialmente em benefício da sociedade, é uma ficção. A economia é uma ciência complexa que engloba tanto a matemática avançada da engenharia financeira como as inúmeras incertezas associadas à actividade humana. Crer que um sistema tão complexo se auto-regula é pura profissão de fé, sobretudo numa economia globalizada onde se movimenta à velocidade de um clique, de um lado para o outro do planeta, quantias inimagináveis para o cidadão comum. No fundo é o reverso da medalha da fé comunista na economia planificada da URSS.

Hoje o mapa mundo das dívidas públicas e privadas é chocante e é o resultado da substituição dos bancos centrais pelos bancos privados no financiamento da economia. O Japão e o Reino Unido apresentam dívidas (pública+privada) acima dos 450% do PIB. A Coreia do Sul, Espanha, Suiça, Itália, Portugal, os EUA, França, Canadá e a Alemanha com dívidas entre os 250% e os 350% do PIB. Inclusivamente países emergentes com forte crescimento como é a China, o Brasil e a Índia, apresentam dívidas da ordem dos 150% do PIB. Nos media, já nem se fala dos "mortos", dos países que se afundaram totalmente como a Islândia ou a Hungria que pediu ontem a sua segunda ajuda ao FMI num período de três anos. Mas a dívido-dependência vem amarrada a outra crença do capitalismo financeiro, é a do crescimento eterno. Se o Universo fosse plano e infinito, cheio de minérios e de árvores de fruto e se cada ser humano pudesse engordar toneladas atrás de toneladas, a religião do crescimento eterno até poderia ter alguma consistência. Mas, o nosso planetazinho é finito e o homo sapiens não aguenta consumir dezenas de quilos de bodegas por dia para salvar a economia.

É precisa uma outra economia que conviva bem com o crescimento e com a falta dele, que não seja dependente da predação egoísta dos escassos recursos planetários por apenas duas ou três gerações de gananciosos e é precisa uma regulação forte, de "braços longos", internacional, que atravesse fronteiras à mesma velocidade que o crime financeiro. Estamos a precisar de uma espécie de Green New Deal à escala planetária, se não quisermos ser odiados pelas próximas gerações.

8 comentários :

Filipe Moura disse...

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2010/08/se-os-recursos-fossem-ilimitados-nao.html

Belo texto, Rui.

nando disse...

Dizer que o capitalismo de mercado livre falhou demonstrando-o através da crise de dívida pública é algo que não faz sentido absolutamente nenhum. Ainda para mais quando se ignora que o capitalismo de mercado livre é contra a existência de bancos centrais que têm sido a arma política para o expansionismo monetário.

Não que eu defenda o mercado livre, pelo contrário.

Fernando Vasconcelos disse...

Acho que na verdade este texto não consegue estabelecer três coisas:
a) que a divida pública está ligada ao capitalismo e aos mercados livres
b) Que isso em si representa realmente um problema (representa, pergunto?)
c) Que estas duas coisas estão relacionadas com um modelo de crescimento permanente
Que esse sim c) é uma das bases do verdadeiro problema e que gostei de ler ... Isto dito o capitalismo pode ser uma parte da solução desde que se insira no modelo do mesmo as externalidades que o simples consumo de recursos de forma optimizada não considera relevante, como são entre outros a defesa de um futuro viável ...

Maquiavel disse...

FV, na mosca! As externalidades têm de ser contabilizadas (como factor negativo no PIB), por isso o crescimento do PIB näo pode ser um fim em si próprio. Aliás, é da falácia de tomar crescimento do PIB = prosperidade, quando isso näo é verdade, e está-se a ver agora mais fortemente com a degradaçäo dos recursos naturais! Pois para os fanáticos do crescimento uma floresta arrasada faz crescer o PIB, mesmo que a seguir se torne deserto.
http://a6.sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-ash4/321221_224669100939039_100001878531454_570310_1976067177_n.jpg
Mas contabilizar externalidades näo será o primeiro passo para privatizarem... até o ar que se respira?

O Pai Natal é que a sabia toda já há muito!
http://a4.sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-snc7/311853_259881834057906_136805249698899_700484_1955178093_n.jpg

Ide levar no déficite ide disse...

atão nã falhou

atão na china e viet mano....

Ide levar no déficite ide disse...

A dívida pública é mais problema da estatização económica que do capitalismo per si...

tempus fugit à pressa disse...

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num dá meus dos 850 feitos por sampling dá uma média de 0:38
e isto contando com os 12 parolos que deixam a página aberta durante horas...

A dívida pública que Ceausescu tentou pagar em 10 anos
e desistiu ao 8º por problemas de saúde levou ao colapso polaco
por mais notas que imprimissem e com pleno emprego no papel
o regime caiu...e as greves não nascem do vazio..
solid..nos k ou nós kê

tempus fugit à pressa disse...

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Libyan Arab Jamahiriya (LY) 1
Slovakia (SK) 1
Oman (OM) 1
Macedonia (MK) 1
Egypt (EG) 1
Dominican Republic (DO) 1

isto falha em muitos pontos

tal como a análise inconómica do curado ribeiro

este tirou o curso na univ do brigadeiro passos morgado de certezinha...