"Sou membro do Comité Central do PCP, mas recuso-me a dizer seja o que for", declarou, quando foi preso pela primeira vez, em 1949, antes de ser espancado a cassetete com a preocupação de manter uma expressão que não fosse de dor, como conta no documentário "O Segredo", de Edgar Feldman.
Na fuga de Peniche, quando viu que o grupo de pescadores com quem seguia queria entregá-lo à polícia, abriu o jogo: "Sou membro do PCP, acabei de fugir do Forte, vocês têm de me ajudar". Eles ajudaram.
Em 1960, é Dias Lourenço quem organiza a fuga de Álvaro Cunhal e de mais dez membros do PCP, num "trabalho meticuloso e sigiloso que durou muitos meses", como o próprio recordou numa entrevista dada em 2004 ao jornal Setúbal em Rede.
Entre 1962 e Abril de 1974, haveria de voltar à prisão onde "não podia inventar nada, porque nem papel tinha para escrever".
Mas Dias Lourenço "ia pensando em tudo, fazendo versos, cantando cá para mim", como recorda numa das muitas vezes que voltou a Peniche para recordar passo a passo a audaciosa fuga de 1954.
"Engendrou tudo sozinho, estudou as marés, avisou que ia partir, destruiu a vedação de uma cela solitária, atirou-se ao mar em pleno Dezembro - quando a polícia chegou ao local, constatou que é preciso gostar muito da liberdade para fugir daquela maneira".
domingo, 8 de agosto de 2010
António Dias Lourenço (1915-2010)
É de pessoas assim que o PCP se deve orgulhar. Vale a pena ler o depoimento do Nuno Ramos de Almeida e esta pequena biografia, de que destaco as seguintes partes:
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3 comentários :
"é preciso gostar muito da liberdade para fugir daquela maneira"
Gostar da liberdade, um comunista? Só da sua!
Isto é mesmo tudo o que você tem a dizer sobre um homem que esteve preso 17 anos só por motivos políticos?
E esta ideia de que todos os comunistas eram estalinistas também é um bocado irritante. O Luis Lavoura acha que todos os padres católicos são pedófilos, ou fascistas? Havia imensa gente generosa e bem intencionada nos partidos comunistas pelo mundo fora, como há católicos a quem o Novo Testamento inspira generosidade e empatia pelo próximo. Que o digam, por exemplo os jesuitas, que João Paulo II perseguiu implacavelmente durante 20 anos e que nunca abandonaram os pobres no NE do Brasil nem os princípios humanistas que os orientavam.
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